O que são poppers e quais seus efeitos colaterais?

Chamada de “droga do amor”, substância causa relaxamento na musculatura e pode levar a efeitos colaterais como convulsões e efeitos neurotóxicos.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Drogas Lícitas e Ilícitas

mãos abrindo vidro de poppers, conhecidos como droga do amor

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Publicado em: 18 de agosto de 2023

Revisado em: 21 de agosto de 2023

Chamados de “droga do amor”, os poppers causam relaxamento na musculatura e podem levar a efeitos colaterais como convulsões e efeitos neurotóxicos.

 

Poppers são conteúdos inalados, geralmente em pequenos vidros que contêm substâncias químicas da classe dos nitratos de alquila, sendo os mais comuns nitrito de isoamila, isopentila, isobutila ou isopropila. São conhecidas como “drogas do amor”, por conta de seu efeito de relaxamento muscular, intensificando o prazer sexual. 

“Eles eram utilizados no século passado como medicação. Foram descobertos como a maioria das substâncias, inicialmente para uso medicinal. No caso, eram usados para melhorar episódios de angina, dor no peito, porque eles conseguiam um efeito de relaxamento. Eles eram utilizados em pequenos comprimidos que precisavam ser quebrados e inalados. Nesse processo, faziam um barulho de ‘pop’. Daí a derivação do nome poppers”, contextualiza a dra. Maria Claudine Cheim, psiquiatra do Hospital São Camilo, em São Paulo.

Seu uso extrarrecreativo se popularizou nos anos 1970, em festas caseiras e em festas com músicas eletrônicas (raves) ou clubes noturnos. Atualmente, são vendidos no país principalmente online, com nomes como “super corrida” ou “suco da selva”, entre outros. Também podem ser vendidos como desodorizantes de ambiente, incensos, polidores de couro e produtos de limpeza. Sua comercialização como droga recreativa é ilegal. 

 

Efeitos dos popppers

Assim que inalada, as substâncias chegam ao pulmão e seguem pela corrente sanguínea, alcançando os receptores do cérebro e da musculatura lisa, que é encontrada nas paredes de órgãos ocos, como intestinos, útero e estômago, além de estar presente nas paredes de vasos sanguíneos, incluindo artérias e veias do sistema cardiovascular. Nesse momento, elas causam imediata sensação de bem-estar e euforia. Esse relaxamento da muscultarura se estende à região pélvica e anal. 

Os efeitos colaterais desse desencadeamento são, segundo a dra. Carla Bicca, coordenadora da Comissão da Psiquiatria das Adicções da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP): “Rápida alteração no sensório, excitação inicial, desinibição, tontura, agitação, aumento das sensações, descontrole e alterações do humor”. Ela explica que “no momento de uso pode dar calor, rubor (vermelhidão), crises de hipotensão arterial (pressão baixa), desmaios, cefaleias (dores de cabeça) ou enxaquecas, tonturas e taquicardia”. 

A longo prazo, as consequências da “droga do amor” são ainda mais graves, como por exemplo: convulsões e efeitos neurotóxicos, como choque, aspiração e sufocamento. Além do mais, podem causar lesão dos glóbulos vermelhos, interferindo no suprimento de oxigênio aos tecidos vitais. Interações com outros medicamentos podem levar a derrames (AVC) ou morte.

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Chemsex

Além disso, alterações de comportamentos relacionados ao uso da “droga do amor” podem levar a outros tipos de riscos. “O usuário pode se expor de alguma forma a uma atividade sexual de risco, por estar mais propenso a relações com múltiplos parceiros e sem preservativo, o que aumenta as chances de contrair uma IST”, diz a dra. Cheim. “O uso abusivo está associado ao sexo inseguro, aumento do risco de contrair e disseminar doenças infecciosas como hepatites e HIV/aids. O uso de longo prazo pode levar a lesões anais, vaginais, doenças transmissíveis por sangue e sexo anal”, completa a dra. Bicca. 

Nesse contexto, também pode ocorrer dependência comportamental. “A dependência química não é tão comum. Mas existe uma questão de uma dependência comportamental, psicológica, em que a pessoa só consegue obter gratificação sexual quando ela consome a substância, só consegue praticar um ato sexual quando consome essa substância”, explica a dra. Cheim. 

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Sobre a autora: Tarima Nistal é jornalista e especialista em comunicação digital e marketing. Interessa-se por questões relacionadas à saúde das mulheres, alimentação saudável e meio ambiente.

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