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Atividade física

Quem tem arritmia cardíaca pode fazer exercícios físicos?

Publicado em 04/09/2024
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Revisado em 04/09/2024

Avaliação médica e exames do coração são fundamentais para avaliar o risco de o paciente com arritmia cardíaca praticar exercícios físicos. Entenda.

 

As arritmias cardíacas caracterizam-se pelo batimento cardíaco irregular, ou seja, o coração pode bater mais rápido do que o normal (taquicardia) ou mais lento do que o normal (bradicardia). Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), cerca de 20 milhões de brasileiros têm arritmias cardíacas, e elas são responsáveis por mais de 300 mil mortes súbitas por ano no país. 

Em alguns casos, as arritmias podem ser assintomáticas, assim a pessoa não sabe que tem a condição e descobre apenas quando faz algum exame específico. Em outros, podem haver sintomas importantes, como palpitações e falta de ar, que podem até confundir-se com um quadro de infarto

Uma dúvida comum é sobre a prática de exercícios físicos por pacientes que têm arritmia. Afinal, é perigoso? É preciso evitar determinados exercícios? Na verdade, essas questões vão depender do tipo de arritmia que a pessoa tem.

“Ser sedentário aumenta o risco de arritmia, esse é o primeiro ponto. As arritmias podem acontecer nos átrios, parte superior do coração, ou nos ventrículos, parte inferior do coração. Além disso, podem ser benignas, aquelas que não oferecem risco de morte, ou malignas, que oferecem risco de morte. Outro ponto importante é a questão dos sintomas: então, se a pessoa tem algum sintoma cardiovascular, falta de ar, palpitação, ela vai ter que fazer uma avaliação, mas raramente o exercício vai ser um problema, um risco para a maioria das pessoas”, explica Cristina Milagre, cardiologista e médica do esporte do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo. 

Quando se detecta uma arritmia em uma pessoa assintomática – ou seja, ela vai fazer um check-up e aparece uma arritmia –, é preciso avaliar o contexto, se o paciente tem um coração normal ou alguma patologia associada, conforme explica a médica. “Por exemplo, ele pode ter uma cardiopatia congênita, pode ter nascido com algum problema no coração que até então não tinha sido detectado, é um cenário [possível]. Quando você tem arritmias no coração estruturalmente normal, você tem outro cenário.” 

        Ouça: Batimentos cardíacos irregulares podem ser sinal de arritmia cardíaca – DrauzioCast #222

 

Avaliação médica é fundamental 

A especialista diz que algumas pessoas têm arritmias em repouso, ou seja, que não são induzidas pelo exercício físico, e até reduzem quando elas começam a se exercitar. “São arritmias mais benignas, que a gente coloca o paciente na esteira, por exemplo, no teste ergométrico, e ele está tendo arritmia no repouso. Quando aumenta a frequência, as arritmias desaparecem.”

Porém, existem os casos em que o paciente tem arritmia com altas cargas de exercício. “Pode ser um fenômeno relacionado à artéria entupida, pode ser relacionado ao coração grosso, que é uma alteração genética, ou até alterações elétricas, mas que muitas vezes você tem uma dificuldade de fazer esse diagnóstico”, afirma. 

Por isso, é extremamente importante buscar uma avaliação médica antes de iniciar a prática de exercícios físicos. Se a pessoa está sedentária, por exemplo, e vai começar a fazer um exercício físico de alta intensidade, isso pode ser um gatilho para as arritmias. 

“Quando acontece esse tipo de coisa é uma uma preocupação, mas a gente tem sempre que focar que ser sedentário é um risco para as pessoas e para [o desenvolvimento de] várias doenças. A gente sempre fala que você deve fazer uma avaliação médica para detectar, se você tem algum sintoma ou mesmo que você não sinta nada, porque aí você vai seguir de acordo com o que o médico avaliar”, recomenda a cardiologista. 

Os exames que normalmente são realizados para a análise de arritmias incluem:

  • Eletrocardiograma: avalia a atividade elétrica do coração, se os batimentos cardíacos estão normais ou não e ajuda no diagnóstico de problemas cardíacos;
  • Teste ergométrico: analisa o funcionamento do coração antes, durante e após o esforço físico, auxiliando na identificação de diversas alterações cardíacas, como as arritmias; 
  • Ecocardiograma: funciona como um ultrassom e avalia se o coração é estruturalmente normal, se está batendo normalmente e se há algum problema nas válvulas, por exemplo;
  • Holter: o paciente usa um aparelho de um dia para o outro que grava os batimentos cardíacos e detecta se há alguma arritmia durante à noite ou durante o dia. 

 

Exercícios físicos recomendados

De maneira geral, não há um tipo de exercício físico específico recomendado para pessoas com arritmia cardíaca. As atividades que o paciente deve ou não evitar variariam de pessoa para pessoa, dependendo das particularidades de cada caso. 

Após o diagnóstico de arritmia, o primeiro passo é avaliar a causa do problema e tratar e orientar o paciente a partir daí. “Em alguns casos, vai precisar de medicamentos. Algumas arritmias vão afastar o atleta do esporte, mas para a população geral, dificilmente vai ter um exercício específico”, afirma a dra. Cristina. 

Mas os exames podem ajudar a identificar em qual frequência cardíaca aquela pessoa pode treinar, assim ela deve buscar exercícios físicos que não ultrapassem esse número. 

“Muitas vezes, a gente vai medicar e orientar a pessoa a fazer exercício em uma frequência cardíaca determinada, que pode ser encontrada a partir do exame de esteira e um teste cardiopulmonar para avaliar qual a faixa de frequência que aquele paciente pode treinar, porque a partir dali a arritmia pode acontecer, então você treina em cargas abaixo daquilo”, esclarece. 

 

Tratamento e prevenção das arritmias cardíacas

Com base no diagnóstico, o médico orienta o tratamento mais adequado para o paciente com arritmia. “É possível utilizar medicamentos específicos, implante de marcapassos e a ablação por radiofrequência (que podem tratar de forma definitiva a arritmia cardíaca). A ablação por radiofrequência é o tratamento mais avançado da fibrilação atrial [tipo de arritmia que pode causar AVC] e o único que pode curar a arritmia sem medicamentos. É realizada através de cateteres que são levados ao coração por uma veia, sem a necessidade de cortes ou da abertura do tórax, em dois dias de internação”, explica José Carlos Pachón, cardiologista do Hcor. 

Alguns hábitos de saúde podem ajudar na prevenção ou no controle das arritmias cardíacas, como reduzir o estresse, manter uma alimentação saudável, evitar o consumo exagerado de álcool e energéticos, controlar a pressão arterial, não fumar e praticar exercícios físicos regularmente. 

        Veja também: Quando é hora de procurar um cardiologista?

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