Tipos de dor: conheça a diferença entre elas

homem com mão na nuca em sinal de dor. veja os tipos de dor

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Publicado em: 4 de julho de 2023

Revisado em: 4 de julho de 2023

A dor é uma experiência individual, mas pode ser classificada de acordo com a forma com que se manifesta. Conheça os tipos de dor. 

 

Um bebê com cólicas, um adulto que se cortou enquanto cozinhava, um idoso que sofreu uma queda… Em todos esses casos, a dor é perceptível, mas impossível de ser quantificada quando não é você que está sentindo.

De acordo com a descrição mais atualizada da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor é “uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. Ela é sempre uma vivência pessoal que pode ser influenciada por diversos fatores, como a cultura, o modo de vida, o estado psicológico, entre outros. Na prática, quer dizer que o mesmo estímulo doloroso pode provocar diferentes respostas.

Então, como classificar a dor? Ainda que individual, ela existe e é um indicativo de que algo não vai bem. Por isso, há quatro categorias principais de dor que se diferenciam de acordo com suas causas e características. Mônica Duarte, reumatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos e pós-graduanda em Medicina da Dor pelo HC-FMUSP, explica cada um dos tipos de dor:

 

Dor nociceptiva

“É a dor inflamatória, causada por um trauma, pelo calor excessivo ou por uma inflamação propriamente dita. É localizada, precisa e você consegue identificar onde está o estímulo doloroso”, explica a dra. Mônica.

Esse tipo de dor está diretamente ligada a lesões. É a reação natural do organismo a uma ameaça, como fraturas, queimaduras ou ferimentos na pele. No caso da dor nociceptiva provocada por doenças inflamatórias, como artrite, artrose e neuropatia diabética, é a liberação de substâncias que provoca o incômodo: o gatilho da dor é liberado e a inflamação aparece.

Em geral, ela é autolimitada e passa depois de um tempo. No entanto, quando se prolonga por mais de três meses, já é considerada uma dor crônica.

O tratamento normalmente consiste no uso de antiinflamatórios.

 

Dor neuropática

“A dor neuropática é aquela que vem em forma de queimação. Dá a sensação de choque e formigamento”, descreve a reumatologista.

Ela é causada por uma lesão no sistema nervoso central ou no sistema periférico. Isso significa que os neurônios que conduzem os impulsos nervosos estão danificados, como se fossem um fio desencapado. Alguns exemplos de doenças que provocam essa categoria de dor são: AVC, neuropatia periférica e síndrome do túnel do carpo

O tratamento envolve medicações que diminuem os estímulos dolorosos, como antidepressivos duais e tricíclicos.

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Dor nociplástica

“A dor nociplástica é aquela que você não consegue enquadrar nem na nociceptiva nem na neuropática. É mais difusa e difícil de ser localizada”, conta a dra. Mônica.

Ou seja, não existe uma inflamação periférica nem um problema de condução da dor. Um exemplo bastante característico da nociplástica é a fibromialgia, doença que provoca dor na musculatura do corpo, mas não possui uma causa conhecida.  

É nessa categoria também que entra a chamada dor psicogênica ou psicossomática, que está mais relacionada à percepção do estímulo doloroso. “O emocional modula a dor. Se você está ansioso, a dor vai ficar mais intensa. Se estiver calmo, a sua percepção será menos intensa. O mesmo estímulo em pessoas variadas pode ter uma conotação diferente. Você não tem como mensurar. É por isso que é um erro absurdo menosprezar a dor do outro”, destaca a reumatologista.

Nesses casos, o tratamento tem o objetivo de dessensibilizar o sistema nervoso central através de uma abordagem multifatorial: investindo em qualidade do sono, estilo de vida, alimentação saudável, prática de exercícios físicos, uso de medicação e adoção de terapias alternativas. No entanto, a resposta do organismo costuma ser baixa: o intuito é apenas modular a dor para menos, dando alívio ao paciente.

 

Dor mista

“É quando você tem a fusão de uma dessas três”, resume a dra. Mônica.

Ela pode ter começado de uma forma e terminado de outra ou se manifestado de diferentes maneiras. Isso acontece por causa da sensibilização do sistema nervoso central. Os mecanismos que regulam a dor se tornam ausentes, fazendo com que, independentemente do estímulo, a pessoa sinta uma dor muito mais intensa do que se esperaria. Um exemplo é o paciente com câncer.

É a manifestação mais comum da dor, impossível de isolar entre os diferentes tipos. O tratamento, portanto, tenta tratar aquele que é mais predominante. Em geral, a melhora de um, melhora o outro também.

A reumatologista lembra ainda que dor é um sintoma real e, que se está persistindo e atrapalhando a qualidade de vida, deve ser avaliada. “A dor não é invalidez. A pessoa não deve começar a se diminuir por causa dela. Deve investigar, procurar ir para frente, tentar mudar”, aconselha a especialista.

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