Doença de Lyme

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A doença de Lyme, causada por uma bactéria transmitida pela picada do carrapato, pode ser grave.

 

Doença de Lyme (também conhecida por borreliose de Lyme, doença de Lyme-símile brasileira e síndrome de Baggio-Yoshinari) é uma moléstia infecciosa transmitida pela picada de carrapatos hematófagos (que se alimentam de sangue) da espécie Ixodes, infectados pela bactéria Borrelia burgdorferi.   

No momento da picada, a bactéria penetra na pele, cai na corrente sanguínea e se espalha por todo o corpo do hospedeiro. Sem tratamento, a infecção pode causar, além de dores nas articulações e músculos, lesões na pele, no sistema nervoso, no cérebro e no coração. 

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Doença de Lyme é uma zoonose transmitida por carrapatos, ou seja, uma doença que pode afetar tanto os seres humanos quanto os animais domésticos e silvestres. Na natureza, os carrapatos podem ser encontrados no solo e na vegetação (grama, arbustos, jardins, canteiros). Nos hospedeiros humanos, buscam as áreas do corpo mais escuras, úmidas e cobertas por pelos, como as dobras de pele, as axilas, a virilha e o couro cabeludo, por exemplo.

O sinal mais comum da infecção é o eritema migratório (EM), uma reação inflamatória constituída por mancha avermelhada e saliente (do tipo pápula ou mácula) que surge no local da mordida, por volta de uma semana depois, e que é usada pelo carrapato como porta de entrada para sugar o sangue diretamente do hospedeiro. Essa lesão em forma de “alvo”,  que não coça nem dói, se expande lentamente, muitas vezes rodeada por vários anéis concêntricos de cor avermelhada, com espaços esbranquiçados entre eles.

A presença do eritema migratório (EM) é um sinal importante para esclarecer o diagnóstico diferencial e orientar o controle epidemiológico da doença.

 

Histórico da doença de Lyme

 

A doença de Lyme foi descrita, pela primeira vez, em 1975. Recebeu esse nome em virtude do grande número de casos de artrite reumatoide juvenil, uma doença autoimune que ocorreu na cidade de Lyme (Connecticut /USA) e em duas cidades vizinhas.

Atualmente, a doença de Lyme é a mais comum das doenças transmitidas por carrapatos nos Estados Unidos, e se manifesta também em países da Europa, da Ásia, no Japão e na China e em diferentes regiões da antiga União Soviética.

O primeiro sinal costuma ser uma lesão na pele, acompanhada de sintomas parecidos com os de outras viroses, dor de cabeça e febre.

Em geral, os surtos ocorrem nos meses de verão e início do outono. Crianças e adultos jovens representam a população de maior risco para contrair a enfermidade.

Importante repetir que para transmitir a infecção, o carrapato vetor da bactéria precisa permanecer grudado no corpo do hospedeiro por, no mínimo, 24 horas.

 

Variante brasileira

 

No Brasil, desde 1992, tem sido observado o mesmo tipo de manifestações clínicas  depois que uma pessoa é picada por carrapatos. Diferentes dos vetores americanos e europeus, a doença de Lyme podem afetar todos os sistemas do organismo .

Na variante brasileira, os  sintomas podem ser recorrentes com tendência a tornarem-se crônicos mesmo depois de submetidos a tratamentos prolongados.

A doença de Lyme pode ter bom prognóstico, desde que o tratamento seja eficiente e introduzido precocemente.

Essa variante brasileira é denominada de doença de Lyme símile brasileira ou síndrome de Baggio-Yoshinari.

 

Transmissão da doença de Lyme

 

A bactéria Borrelia burgdorferi, que causa a doença de Lyme, pode estar presente no sangue de diversos animais.

Sua transmissão para os seres humanos ou outros animais se dá pela picada das ninfas do carrapato jovem, que aderem à pele do hospedeiro por longos períodos para sugar-lhe o sangue. Quanto menor o carrapato, maior o risco de transmissão da doença, que pode acontecer durante toda a  vida do vetor infectado.

Não há referência de que haja transmissão inter-humanos, nem da mãe para o filho durante a amamentação. Em raríssimos casos, porém, a mulher infectada pode transmitir a bactéria para o feto durante a gestação.

O período de incubação pode ser longo, indo desde a exposição ao carrapato transmissor da bactéria até o aparecimento do eritema crônico migratório, que pode manifestar-se em mais de um local do corpo ao mesmo tempo.

 

Evolução e sintomas da doença de Lyme

 

A doença de Lyme pode ser classificada em três diferentes estágios , de acordo com os sintomas, que variam segundo o grau de disseminação da bactéria no corpo do hospedeiro;

  1. Etapa precoce localizada – fase aguda predominante cutânea , que afeta o espaço compreendido entre o local da mordida do carrapato e o eritema migratório (EM), que lembra o desenho de um “alvo” com anéis concêntricos avermelhados em volta do sinal da picada;
  2. Etapa de disseminação prematura – fase marcada pela propagação das bactérias pelo corpo e pela presença dos principais sintomas da doença, tais como: cansaço, febre e calafrios, rigidez do pescoço, dores nas costas, nos músculos, nas articulações e de garganta, manchas vermelhas em outras partes do corpo, linfonodos aumentados, náuseas e vômitos. Esses sintomas podem surgir e desaparecer espontaneamente ou serem confundidos com manifestações de outras doenças. Por isso, a atenção deve ser redobrada no momento do diagnóstico;
  3. Etapa crônica tardia – fase longa, que pode durar meses ou anos. Sem o tratamento adequado, os sintomas podem tornar-se recorrentes e evoluir para complicações reumatológicas e neurológicas graves. Nesse estágio da doença, o portador do distúrbio pode desenvolver sintomas associados ao mau funcionamento cognitivo, a problemas cardíacos e paralisia dos nervos da face (paralisia de Bell).

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Diagnóstico da doença de Lyme

 

O diagnóstico da doença de Lyme baseia-se:

a) na identificação dos sinais e sintomas típicos da enfermidade, que são muito parecidos com os da gripe e de outras viroses;

b) na investigação de possíveis contatos com o patógeno causador da doença, a bactéria Borrelia burgdorferi;

c) em exames de sangue como o teste sorológico Elisa e o WesternBlot para identificar a presença de anticorpos na circulação;

d) exames de sangue, do líquido articular, do líquido cefalorraquidiano e biopsia cutânea.

É preciso cuidado com os exames que medem os níveis de anticorpos no sangue. A informação pode não ser confiável (presença de falsos-negativos) se o teste for aplicado em pessoas infectadas antes de transcorrido o tempo necessário para desenvolver reação, se a pessoa ainda estiver sob efeito da medicação ou se a infecção for assintomática.

Observação: entre as etapas inicial e a tardia, em geral, ocorre um período assintomático.

 

Prevenção da doença de Lyme

 

Não há outra forma de prevenir a doença de Lyme, se não evitando a exposição ao patógeno causador da infecção. Embora a essa doença transmitida por carrapatos seja pouco comum no Brasil, em locais de vegetação abundante, é fundamental:

a) usar roupas claras, de preferência brancas e com mangas longas, e calças compridas que permitam acomodar as barras dentro de botas;

b) inspecionar o corpo cuidadosamente para verificar se são existe algum carrapato grudado na pele;

c) utilizar repelentes com DEET (composto químico usado como repelente de insetos) antes de entrar na mata.

 

Tratamento da doença de Lyme

 

Não existem medicamentos específicos para o tratamento da doença de Lyme. Basicamente, ele se restringe à indicação de antibióticos por via oral e/ou endovenosa, por períodos prolongados, com o objetivo de combater a infecção bacteriana transmitida pelos carrapatos infectados pela bactéria Borrelia burgdorferi.

Outra vantagem de recorrer aos  antibióticos no tratamento da doença de Lyme é que eles ajudam a controlar vários sintomas da doença. A artrite encabeça a lista.

Nos casos em que a dor e a inflamação persistem, os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) podem promover alívio dos sintomas.

Geralmente, as pessoas respondem bem a esse esquema terapêutico, desde que seja introduzido nas fases iniciais da doença, quando a possibilidade de provocar complicações é pequena.

Doença de Lyme é uma doença grave, especialmente quando acomete o sistema nervoso central, mas tem cura. No entanto, pode deixar sequelas incontornáveis, se o tratamento adequado não for introduzido nas fases iniciais da doença. Infelizmente, no Brasil, ainda são poucos os médicos com experiência clínica suficiente para avaliar esses quadros e estabelecer o diagnóstico diferencial com outras patologias.

 

Perguntas frequentes sobre doença de Lyme

Quais os sintomas da doença de Lyme?

A doença de Lyme tem três fases. Na primeira, mais aguda, os sintomas são predominantemente cutâneos: no local da picada do carrapato, surge um desenho de um alvo com anéis concêntricos avermelhados em volta. Na segunda fase, caracterizada pela propagação das bactérias pelo organismo, surgem ncansaço, febre e calafrios, rigidez do pescoço, dores nas costas, nos músculos, nas articulações e de garganta, manchas vermelhas em outras partes do corpo, linfonodos aumentados, náuseas e vômitos.

Na terceira fase, que pode durar meses ou anos, os sintomas podem se tornar recorrentes e surgirem complicações reumatológicas e neurológicas graves.

 

A doença de Lyme tem cura?

Doença de Lyme é uma doença grave, especialmente quando acomete o sistema nervoso central, mas tem cura. Como não existem medicamentos específicos para o tratamento da doença, ele se restringe a antibióticos por via oral e/ou endovenosa, por períodos prolongados, com o objetivo de combater a infecção bacteriana transmitida pelos carrapatos infectados pela bactéria Borrelia burgdorferi.

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