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Psiquiatria

10 doenças que podem ser confundidas com ansiedade

Sintomas como taquicardia, sudorese, falta de ar e náuseas podem atrapalhar o diagnóstico de algumas doenças
Publicado em 20/11/2024
Revisado em 19/11/2024

Sintomas como taquicardia, sudorese, falta de ar e náuseas podem atrapalhar o diagnóstico de algumas doenças

A ansiedade é uma resposta natural do organismo em relação a situações que causam medo, insegurança ou ameaça. Mas, quando ocorre de forma excessiva, atrapalha a rotina e provoca sintomas físicos, como taquicardia, sudorese, falta de ar, tremores, boca seca, náuseas, tontura, entre outros. Por conta disso, é comum que, em alguns casos, esses sinais da ansiedade atrapalhem o diagnóstico de algumas doenças. 

“Frequentemente o médico se depara, durante uma consulta, com a dúvida se o quadro trata-se de ansiedade ou outro problema de saúde, senão ambos. Esse desafio se deve principalmente aos sinais e sintomas físicos compartilhados por diversas condições de saúde”, destaca Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). 

Para o especialista, além de uma avaliação clínica detalhada, alguns sinais podem orientar o raciocínio clínico para a ansiedade, como: preocupação excessiva e apreensão sem causa aparente, sintomas que surgem apenas em situações específicas e estressantes, insônia e a melhora das manifestações com técnicas de relaxamento.

A seguir, veja as principais condições de saúde que podem ser interpretadas erroneamente como ansiedade, dificultando o diagnóstico e o tratamento adequado. 

1. Doenças cardíacas

Em alguns casos, a ansiedade e as doenças cardíacas são confundidas porque compartilham sintomas físicos semelhantes, como dor no peito, palpitações, falta de ar e tontura. Além disso, ambas as condições causam sensação de aperto no peito, aumento da frequência cardíaca e dificuldade para respirar. 

Entre as principais doenças cardíacas, destacam-se: 

  • Doença arterial coronariana, que ocorre quando as artérias do coração ficam bloqueadas, podendo levar a um infarto. 
  • Insuficiência cardíaca, que acontece quando o coração não consegue bombear sangue adequadamente. 
  • Arritmias, que são as alterações no ritmo cardíaco, que variam de leves a graves e, em casos extremos, levar à parada cardíaca.

Vale ressaltar que é fundamental que sejam realizados exames para diagnosticar as causas dos sintomas e começar o quanto antes o tratamento adequado para evitar complicações e até a morte. 

2. Problemas na tireoide

Alguns distúrbios na tireoide também causam sintomas que se assemelham aos da ansiedade, tornando o diagnóstico mais complexo. No caso do hipertireoidismo, quando a tireoide produz hormônios em excesso, podem surgir sintomas como nervosismo, tremores, insônia, palpitações e agitação, comuns em crises de ansiedade, devido ao impacto sobre o sistema nervoso e o ritmo cardíaco.

Já o hipotireoidismo, que ocorre quando a tireoide produz hormônios em quantidade insuficiente, causa sintomas como cansaço excessivo, dificuldade de concentração, depressão e ganho de peso, que também são confundidos com os efeitos da ansiedade. 

Nesses casos, a realização de exames de função tireoidiana, como o TSH e o T4 livre, é fundamental para diferenciar essas condições. 

3. Hipoglicemia

A hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue) gera sintomas semelhantes aos da ansiedade devido à resposta do corpo à falta de energia. Quando os níveis de glicose caem, o organismo ativa o sistema de “luta ou fuga”, provocando tremores, sudorese, palpitações e sensação de agitação, que são também comuns em episódios de ansiedade.

Além disso, a hipoglicemia, em alguns casos, causa confusão mental, tontura e fraqueza devido à diminuição de glicose no cérebro, o que pode ser interpretado como sinais de uma crise de pânico. 

Veja também: Quantas vezes se deve medir a glicemia na ponta do dedo

4. Síndrome do Intestino Irritável

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) e a ansiedade estão frequentemente interligadas devido à comunicação entre o sistema nervoso central e o sistema gastrointestinal, conhecida como o eixo intestino-cérebro. 

O estresse e a ansiedade também agravam os sintomas da SII, como dor abdominal, inchaço, diarreia e constipação. Já os sintomas gastrointestinais costumam aumentar os níveis de ansiedade, criando um ciclo vicioso.

5. Asma

A asma pode provocar sintomas parecidos com os da ansiedade, principalmente no que diz respeito à dificuldade respiratória e à sensação de aperto no peito. Durante uma crise asmática, o estreitamento das vias aéreas dificulta a respiração, causando falta de ar, chiado no peito e tosse, sintomas que tendem a ocorrer também em uma crise de ansiedade. 

Em ambos os casos, a pessoa costuma apresentar uma sensação de sufocamento e necessidade intensa de respirar, o que eleva a frequência cardíaca.

Além disso, a ansiedade frequentemente agrava os sintomas da asma. O estresse e a ansiedade ativam o sistema nervoso, o que piora a contração das vias respiratórias, tornando a respiração ainda mais difícil. 

6. Deficiência de vitamina B12

A deficiência de vitamina B12 gera alguns sintomas semelhantes aos da ansiedade, pois a vitamina é fundamental para o bom funcionamento do sistema nervoso. Baixos níveis de B12 causam irritabilidade, agitação, dificuldade de concentração e falta de energia, sintomas associados a distúrbios de ansiedade.

Além disso, a falta de vitamina B12 afeta a função cognitiva e causa sintomas neurológicos, como formigamento nas extremidades, dificuldade de memória e depressão, que também podem ser confundidos com os sinais de ansiedade. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais que avaliam os níveis de vitamina B12 no sangue.

Veja também: Quais os principais tipos de anemia?

7. TOC 

Tanto o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) quanto a ansiedade envolvem altos níveis de preocupação e desconforto emocional. No TOC, as obsessões (pensamentos intrusivos e repetitivos) geram grande angústia, levando a compulsões (ações ou rituais repetitivos) na tentativa de aliviar essa ansiedade. 

Esses padrões de comportamento costumam ser tão angustiantes quanto os sintomas de um transtorno de ansiedade. Além disso, ambos os transtornos causam dificuldade para dormir, de concentração e tensão muscular. 

8. Epilepsia

Durante uma crise de epilepsia, a pessoa apresenta sensações de pânico, confusão, tontura, aumento da frequência cardíaca e dificuldade para respirar — sintomas comuns em episódios de ansiedade. 

Além disso, essas crises podem causar medo ou angústia, desorientação e fadiga extrema, que geralmente são interpretadas como sinais de ansiedade ou estresse. Também é comum que indivíduos com epilepsia desenvolvam transtornos de ansiedade devido à imprevisibilidade das crises. 

9. Fibromialgia

Tanto a fibromialgia quanto a ansiedade provocam sinais de desconforto físico e emocional. A fibromialgia provoca dor crônica generalizada, fadiga, distúrbios do sono e dificuldade de concentração. Estes sintomas também são frequentes em transtornos de ansiedade. Além disso, a dor crônica e o cansaço constante aumentam os níveis de estresse e irritabilidade. 

De forma geral, a dor na fibromialgia é contínua e está relacionada ao sistema nervoso, já os sintomas da ansiedade estão mais ligados a emoções e crises pontuais. 

10. Esclerose múltipla

A esclerose múltipla provoca sintomas como fadiga, dificuldade de concentração, tremores e dores musculares, que também são comuns em transtornos de ansiedade. A falta de controle físico e a imprevisibilidade dos surtos frequentemente geram medo e ansiedade nas pessoas com a doença.

Para diferenciar a esclerose múltipla de um transtorno de ansiedade, é importante observar os sintomas neurológicos progressivos (como problemas motores) e realizar exames, como a ressonância magnética, que ajuda a identificar lesões no cérebro e na medula espinhal.

Quais são os riscos de um diagnóstico tardio?

O diagnóstico tardio de qualquer condição de saúde representa um risco significativo para o bem-estar geral do indivíduo. Quando uma doença não é identificada e tratada de forma adequada e precoce, seus sintomas tendem a se agravar, tornando o tratamento menos eficaz e aumentando a probabilidade de complicações graves.

“O risco de tratar um transtorno ansioso como uma doença clínica, e vice-versa, é não abordar a causa subjacente, além do uso de medicamentos que causam efeitos colaterais e, em alguns casos, podem desencadear ou agravar os sintomas. Além disso, quando a doença não é tratada de forma adequada, há o risco de progressão, complicações e agravamento do quadro”, finaliza Kanomata.

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