Acúmulo de gordura na barriga pode representar riscos à saúde?


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Endocrinologia

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Publicado em: 9 de janeiro de 2024

Revisado em: 8 de janeiro de 2024

Sedentarismo é um dos fatores que desencadeiam a condição abdominal.


A gordura abdominal, a famosa “barriguinha”, é uma preocupação comum para muitas pessoas. Além de ser esteticamente indesejável, esse tipo de gordura localizada também está associada a riscos para a saúde.

Ela pode ser desencadeada por diversos fatores que incluem: dietas inadequadas, questões hormonais, estilo de vida sedentário e predisposição genética. Os principais riscos associados à gordura abdominal incluem obesidade, resistência à insulina e níveis elevados de cortisol (hormônio do estresse).

Além disso, o consumo exagerado de gorduras trans e saturadas, além da ingestão de carboidratos refinados (como açúcares e farinha) e também os distúrbios do sono, contribuem para o surgimento da “barriguinha”. 

“É importante lembrar que nem sempre o acúmulo de gordura abdominal está relacionado a um IMC (Índice de Massa Corpórea) elevado, ou seja, não é necessário estar acima do peso para ter um aumento de gordura abdominal”, explica a dra. Juliana Gabriel, médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e mestre e doutora em Ciências pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Em muitos indivíduos, a gordura abdominal está diretamente relacionada a outras comorbidades. A presença excessiva de gordura visceral, por exemplo, pode levar a uma inflamação crônica, desregulando processos metabólicos e aumentando o risco de doenças crônicas, pois, diferente da gordura subcutânea (que fica logo abaixo da pele), a gordura abdominal pode inflamar e levar a um estado chamado “síndrome da resposta inflamatória sistêmica”.

A dra. Juliana ainda explica que esse estado acontece quando vários fatores se somam: as células do tecido adiposo (gorduroso) se inflamam, liberando toxinas na circulação, os níveis de gorduras provenientes da alimentação se elevam (ácidos graxos livres) e também a presença de toxinas produzidas por certos tipos de bactérias intestinais (no caso de alimentação rica em gordura saturada e carboidratos refinados).

“Essa soma de fatores leva a um aumento de marcadores (citocinas) inflamatórias no sangue, o que predispõe a formação de placas de gordura nas artérias, disfunção do nosso sistema imunológico, resistência à insulina e, consequentemente, doenças do coração ou AVC, câncer e diabetes”, complementa a dra. Juliana.

        Veja também: Sedentarismo é um dos principais fatores de risco de doenças não transmissíveis

Sem contar que há diferenças nos fatores de risco entre homens e mulheres, sendo que os homens têm maior propensão a acumular gordura abdominal durante toda a vida adulta. As mulheres, especialmente durante a menopausa, podem enfrentar mudanças hormonais que contribuem para o acúmulo de gordura nessa região.

“O fator hormonal explica grande parte dessa diferença, mas também há fatores genéticos. Por isso, mesmo pessoas que não possuem hormônios sexuais (como mulheres na menopausa e homens hipogonádicos) têm diferentes riscos.”

Estratégias eficazes para prevenir a gordura abdominal incluem manter uma dieta equilibrada, realizar exercícios regularmente, cessar o tabagismo, controlar o estresse e manter o sono adequado. 

A atividade física, além de auxiliar na perda de peso (ao reduzir a quantidade de gordura corporal global), ajuda a diminuir também a gordura abdominal, por isso desempenha papel crucial na redução e prevenção do acúmulo de gordura na região, acelerando o metabolismo e controlando o peso. A combinação de exercícios aeróbicos e treinamento de força é recomendada.

Hábitos alimentares saudáveis, como consumir uma dieta rica em fibras, limitar a ingestão de açúcares e gorduras saturadas e controlar o tamanho das porções, são essenciais para evitar o acúmulo de gordura abdominal e promover a saúde a longo prazo.

Evitar o excesso de gordura abdominal é mais do que uma busca estética, é essencial para melhorar a saúde física e mental. Adotar um estilo de vida ativo, escolhas alimentares conscientes e estratégias para gerenciar o estresse são passos significativos na direção de uma vida mais equilibrada, sem o acúmulo de gordura abdominal.

É importante destacar que não existe uma solução única para todos, e abordagens personalizadas são frequentemente mais eficazes. Consultar um profissional de saúde ou um nutricionista pode ser recomendado para desenvolver um plano adaptado às necessidades e objetivos individuais.

 

Sobre a autora: Gabriella Zavarizzi é jornalista especializada em conteúdos digitais. Tem interesse em assuntos relacionados a neurociências, saúde mental, autismo, TDAH e primeira infância.

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