Urinar muito e ter vontade de beber muita água estão entre os sintomas do diabetes tipo 1.
Um desequilíbrio entre insulina e açúcar resume a rotina de quem tem diabetes mellitus tipo 1. Esse tipo de diabetes é considerado uma doença autoimune, pois o organismo estimula o sistema imunológico a destruir suas próprias células do pâncreas, e dessa forma o órgão não consegue produzir insulina, hormônio responsável por metabolizar açúcares. Sem insulina, a glicose, fonte de energia para as atividades do organismo, não entra nas células e se acumula na corrente sanguínea, causando hiperglicemia. O excesso provoca consequências em diversos órgãos, aumentando o risco de uma série de eventos graves, como infarto, AVC, doenças renais e neuropatia (distúrbio que afeta os nervos periféricos – nervos localizados fora do sistema nervoso central).
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O tipo 1 acomete a menor parte das pessoas com diabetes, cerca de 10%. Essa forma da doença é mais comumente diagnosticada em crianças e adolescentes, mas pode ocorrer em qualquer idade. “A criança, normalmente, apresenta diabetes tipo 1, uma forma grave da doença com ausência total ou quase total de insulina. Por causa disso, de uma hora para outra, ela passa a urinar muito, a beber muita água, sente-se mal, tem turvação visual e emagrece rapidamente. Percebendo tais sintomas, os pais devem encaminhá-la a um médico sem demora”, explica o dr. Marcello Bronstein, médico endocrinologista, professor na Universidade de São Paulo, em entrevista ao Portal Drauzio Varella. Pesquisadores ainda desconhecem sua causa, porém há indícios de que a influência de fatores ambientais, como infecções virais e predisposição genética, favoreçam o desenvolvimento do DM1.
Quem tem esse tipo de diabetes precisa tomar doses de insulina por toda a vida para conseguir absorver a glicose ingerida, mas só apenas esse medida não é suficiente para manter uma boa qualidade de vida. Algumas medidas no dia a dia precisam se tornar hábito. Antes de praticar exercícios físicos, por exemplo, procure se alimentar e avaliar o nível de açúcar no sangue para evitar situações tanto de hiperglicemia como de hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue). Durante as atividades físicas, o organismo utiliza mais energia para os músculos trabalharem mais, ou seja, consome mais glicose; portanto, é necessário atenção para manter o equilíbrio.
Quando se fala em dieta para diabéticos, pensa-se imediatamente numa dieta drástica, de fome. Não é verdade.
Quando a doença não é tratada de maneira correta, com a dose de insulina necessária e dieta em horários regulares, vários problemas podem ocorrer. Em pelo menos 25% dos casos, pacientes apresentam cetoacidose diabética, uma das complicações mais graves da doença. Ela acontece quando o organismo, sem conseguir usar a glicose, busca outras fontes de energia, o que resulta no acúmulo de substâncias chamadas corpos cetônicos, que tornam o sangue ácido. Alguns dos sinais típicos são dor abdominal, fadiga intensa, hálito com odor acentuado de acetona, hiperglicemia, boca seca e sede intensa, confusão mental e aumento da frequência da urina. Se a cetoacidose diabética não for tratada, a progressão é grave e pode evoluir para edema cerebral, coma e morte.
Efeitos psicológicos e orientações às crianças com diabetes tipo 1
O diabetes também pode trazer um sentimento de medo ou problemas emocionais, ainda mais por acometer crianças e jovens, às vezes desde o nascimento. No caso das crianças, tenha paciência para explicar sobre a doença, mas não a impeça de ter uma vida normal. É importante orientá-la desde cedo para que ela seja capaz de ser ativa nos cuidados necessários com a alimentação.
“Quando se fala em dieta para diabéticos, pensa-se imediatamente numa dieta drástica, de fome. Não é verdade. O diabético tipo 1, que estiver magro demais, precisa ingerir calorias suplementares. Por outro lado, as dietas extremamente restritivas em açúcar que se prescreviam antigamente não têm mais lugar hoje. Por exemplo, carboidratos complexos como o amido da batata, do arroz e do feijão são bem-vindos. A única restrição que permanece é para a oferta de glicose e de sacarose, açúcares rapidamente absorvidos pelo organismo”, explica o dr. Bronstein.
Além disso, fique atento a sinais que podem indicar desequilíbrio no metabolismo. Geralmente, em caso de hipoglicemia, a criança diz estar triste, com sono ou cansada. Os pais devem ficar atentos a outros sinais, como mal-estar, turvação da visão e emagrecimento rápido. Já os sinais mais notáveis da hiperglicemia são o aumento da sede e a vontade de urinar frequente.
Ensine as crianças com diabetes tipo 1 a não ficarem mais de três horas em jejum. Para a indicação de alimentos saudáveis, procure a orientação de um nutricionista. E nunca se esqueça: faça a medição da glicemia antes de cada refeição.