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Como identificar e tratar a enxaqueca com aura

mulher de olhos fechados, com enxaqueca com aura, faz massagem nas têmporas
Publicado em 04/07/2023
Revisado em 24/08/2023

A aura é uma manifestação clínica da enxaqueca que geralmente surge antes da dor de cabeça. Saiba mais sobre enxaqueca com aura.

 

A enxaqueca com aura é um tipo de enxaqueca caracterizada por alterações na percepção visual, como pontos brancos, luminosos ou cintilantes, flashes de luz e outras alterações que normalmente surgem como um prenúncio da dor que vai aparecer em seguida. 

“Podemos dizer que entre as pessoas que têm enxaqueca, a frequência [da aura] é de aproximadamente 25%. Uma em cada quatro pessoas que têm o diagnóstico de enxaqueca comum pode ter a aura como manifestação clínica inicial do quadro”, afirma o dr. Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). 

 

Fatores de risco e características da dor da enxaqueca com aura

Existem diversos fatores que podem servir como gatilho para as crises de dor, como estresse, privação de sono, atividade física exaustiva, jejum prolongado, consumo de bebidas alcoólicas e exposição a perfumes e cheiros diferentes. Hábitos não saudáveis, como alimentação desregrada e sedentarismo, também podem estar associados à dor. 

“É super importante a pessoa ter o hábito de desenvolver o que nós chamamos de diário da dor de cabeça para conseguir reconhecer em si mesmo quais são os fatores que deflagram essa dor crônica, e que muitas vezes é incapacitante”, explica o dr. Fernando. 

A dor de cabeça na enxaqueca é uma dor que normalmente acomete apenas um lado da cabeça, é pulsátil e tem duração de três até 72 horas. Também podem ocorrer sintomas como sensibilidade à luz e ao som – tanto na enxaqueca com aura quanto na enxaqueca comum, sem aura. 

“É natural que a pessoa busque ficar num ambiente calmo e tranquilo, porque tanto o som quanto o estímulo luminoso acabam piorando a manifestação clínica. Geralmente, esses pacientes descrevem que, quando a dor chega, eles têm vontade de ficar no quarto, deitados, com janelas fechadas e quietos, sem falar com ninguém, até que se passe essa dor”, conta. 

        Ouça: Por Que Dói? #01 | Enxaqueca

 

Diagnóstico diferencial 

A manifestação clínica da aura, segundo o neurologista, pode ser preocupante por se tratar de uma alteração da percepção visual – um tipo de alteração que também pode estar presente em problemas mais graves, como o acidente vascular cerebral (AVC) e o acidente isquêmico transitório (AIT), devido ao entupimento de um vaso sanguíneo cerebral. Por isso, é importante fazer o diagnóstico diferencial. 

“Geralmente, a grande diferenciação que os pacientes referem é que a aura funciona como um prenúncio do problema [dor] que vem pela frente e depois essa alteração visual tende a ir se resolvendo conforme a dor de cabeça se resolve. No caso de um AVC, por exemplo, ou um outro problema neurológico – como, por exemplo, uma dor de cabeça por conta de um tumor ou hematoma que apareceu na região posterior da cabeça, com alteração visual –, o sintoma vem e permanece”, explica.

 

Tratamento da enxaqueca com aura

O primeiro passo para o tratamento adequado da enxaqueca com aura é descartar outras doenças. “É importante fazer o diagnóstico preciso através de uma história clínica adequada e exames de imagem e de sangue que possam descartar outros problemas que causem uma situação semelhante”, esclarece. 

A partir do diagnóstico, as intervenções são basicamente as mesmas orientadas nos casos de enxaqueca comum.

O paciente deve observar e entender os gatilhos que lhe causam dor, como funciona essa dor e quão incapacitante ela é. “Depois disso, é necessário realizar um ajuste do estilo de vida, priorizando sempre os pilares da boa saúde: alimentação saudável, sono reparador e atividade física regular, controlando o estresse físico e emocional e tirando da frente fatores que possam deflagrar esse tipo de dor de cabeça.” 

Existem medicamentos específicos que podem ser utilizados para abortar a dor logo que ela aparece e também para ajudar a reduzir a frequência e a intensidade das dores. É importante que as medicações sejam usadas com orientação de um médico neurologista. O uso frequente de analgésicos por conta própria não é recomendado, pois pode causar um efeito rebote e agravar as crises. 

“Cada paciente é único e todos os remédios e possíveis terapias podem ter efeitos colaterais. O mais importante é o paciente ter um médico que também o conheça e ajude ele, na verdade, a manejar esse problema de saúde, que é um problema crônico, que não tem cura, mas que tem tratamento e é possível ter um estilo de vida saudável, conhecendo o próprio corpo e utilizando medicamentos específicos para modular essa resposta neuro inflamatória crônica que agudiza e compromete a qualidade de vida”, finaliza o médico. 

        Veja também: Como funciona o tratamento preventivo da enxaqueca

 

Uso de anticoncepcionais hormonais

O uso de anticoncepcionais hormonais combinados é contraindicado para pacientes que têm enxaqueca com aura, pois está associado a um maior risco de AVC, segundo informações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). 

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