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Neurologia

Bexiga neurogênica: conheça as principais causas e complicações

Publicado em 27/06/2025
Revisado em 27/06/2025

Bexiga neurogênica pode ser causada por condições neurológicas congênitas ou adquiridas. Especialista explica como funciona o diagnóstico e o tratamento.

 

A bexiga neurogênica – também chamada de disfunção neurogênica do trato inferior – é o nome dado ao problema de funcionamento da bexiga e/ou do esfíncter urinário causado por doenças ou alterações neurológicas.

“Dependendo da localização e da gravidade de uma lesão neurológica, os sintomas de bexiga neurogênica podem incluir dificuldade ou impossibilidade para esvaziamento completo da bexiga (retenção urinária), jato urinário fraco e interrompido, urgência miccional, incontinência urinária (perda involuntária de urina) e aumento da frequência miccional”, explica o dr. Márcio Averbeck, urologista e coordenador de neurourologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS).

Estes sintomas, de acordo com o médico, são decorrentes da perda do controle do funcionamento da bexiga após um dano ao sistema nervoso central ou periférico.

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Principais causas da bexiga neurogênica

As condições associadas à bexiga neurogênica podem ser congênitas ou adquiridas, e também podem ser classificadas em traumáticas ou degenerativas. 

“Nas crianças, a principal causa de bexiga neurogênica é uma alteração chamada disrafismo espinhal ou meningomielocele, que é uma falha no desenvolvimento embriológico que cursa com o não fechamento da coluna vertebral, gerando uma lesão dos nervos periféricos”, informa o urologista. 

Em homens jovens, uma das principais causas é o trauma raquimedular, geralmente em decorrência de acidentes de carro, quedas de altura e ferimentos por arma de fogo. Outra possível causa, segundo ele, é a esclerose múltipla, doença que cursa com desmielinização dos nervos e que acomete mais frequentemente mulheres jovens.

“Dentre as doenças neurodegenerativas mais frequentes que acometem a população com idade superior a 50 anos, podemos citar a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson e o acidente vascular cerebral (AVC)”, completa. 

 

Complicações associadas à bexiga neurogênica

Conviver com a bexiga neurogênica pode tornar o paciente vulnerável a algumas complicações. Primeiramente, o esvaziamento incompleto da bexiga pode ser um fator de risco para a ocorrência de infecção urinária recorrente. Outro problema que pode estar presente, de acordo com o dr. Márcio, é a dificuldade para esvaziamento intestinal, chamada de “constipação crônica de origem neurogênica”. Essa constipação, quando não é adequadamente tratada, também pode aumentar o risco de infecções urinárias. 

Além disso, a proliferação de bactérias na bexiga também aumenta o risco de formação de grumos, sedimentos e pedras (cálculos) no trato urinário. 

“O uso de cateteres (sondas) que permitem o esvaziamento intermitente da bexiga representa a melhor conduta para evitar essas complicações. Na comparação com sondas de longa permanência, há um risco menor de complicações em geral com o uso de cateteres intermitentes, incluindo não somente infecções e pedras, mas também lesões complexas de uretra, dermatites, etc. Novas tecnologias, como os cateteres hidrofílicos, podem facilitar a aderência dos pacientes ao cateterismo intermitente (autossondagem) e reduzir a recorrência de infecções”, explica o especialista. 

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Diagnóstico e tratamentos da bexiga neurogênica

O diagnóstico de bexiga neurogênica é clínico. O histórico médico do paciente busca identificar alguma doença neurológica que possa causar falha no funcionamento da bexiga. Além disso, exames complementares podem ajudar na exclusão de infecção urinária e outras condições que também podem causar sintomas urinários. 

Em relação ao tratamento, existem algumas opções, que variam de acordo com os sintomas e a gravidade do quadro. O especialista detalha as principais:

  • Medicamentos: indicados quando ocorrem contrações involuntárias do músculo da bexiga (hiperatividade detrusora neurogênica), que podem estar associadas à urgência miccional e perda involuntária de urina;
  • Toxina botulínica: aplicada diretamente na bexiga, é recomendada em casos em que o uso de medicamentos não foi suficiente para melhorar o sintomas, sendo efetiva por um período médio de nove meses, quando pode ser feita a reaplicação; 
  • Cirurgia de ampliação vesical: procedimento que aumenta o tamanho da bexiga, pode ser a opção indicada em casos mais graves, quando há falha dos tratamentos conservadores e risco inerente de perda da função renal;

Existem ainda procedimentos adicionais – recomendados quando ocorre falha do mecanismo esfincteriano, causando incontinência urinária de esforço –, como o implante de slings (que aumentam a resistência da uretra, reduzindo a perda urinária) ou de esfíncter urinário artificial (dispositivo que auxilia no controle do esvaziamento da bexiga). 

 

Impactos na qualidade de vida

A perda do controle miccional pode afetar a qualidade de vida dos pacientes de forma significativa. “O receio de perder urina pode prejudicar o convívio social e causar isolamento da pessoa que sofre com bexiga neurogênica. A falha em iniciar os tratamentos precocemente pode ocasionar danos irreversíveis à função dos rins, com necessidade de hemodiálise e transplante renal em contextos de maior risco”, alerta o médico.

Por isso, o tratamento adequado é indispensável. O acompanhamento é multidisciplinar e pode incluir urologistas, neurologistas, médicos especialistas em reabilitação, enfermeiros e fisioterapeutas. “O tratamento específico para os distintos padrões de disfunção da bexiga é feito por médicos urologistas, que têm formação especializada para avaliar a melhor conduta para cada contexto”, finaliza o dr. Márcio. 

Em paralelo ao tratamento, os pacientes podem utilizar produtos específicos para a incontinência urinária, como absorventes com controle de odor, que podem ajudar a lidar com os sintomas no dia a dia de forma mais discreta e segura.

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Conteúdo produzido em parceria com a Tena Brasil, marca líder em produtos para incontinência urinária.

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