Como estimular o cérebro no dia a dia?


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Neurologia

mulher sorridente escreve sobre a mesa. estimulação cerebral mantém o cérebro saudável

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Publicado em: 29 de dezembro de 2023

Revisado em: 3 de janeiro de 2024

A estimulação cerebral contribui com a memória, o raciocínio e a prevenção de demências. Veja como estimular o cérebro.

 

Muitas vezes negligenciado, o cérebro é um órgão fundamental para o funcionamento do organismo. No entanto, ele passa por diversas mudanças ao longo dos anos, também envelhece e precisa de estímulos constantes para continuar ativo e exercendo suas funções. 

“A estimulação cerebral promove o desenvolvimento de novas conexões neurais, aumentando a flexibilidade mental. O cérebro tem uma capacidade adaptativa e consegue se reorganizar diante de um novo aprendizado. Manter a mente ativa diminui o risco de doenças neurodegenerativas, como demências”, pontua Raphael Spera, neurologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. 

Os exercícios que estimulam a cognição são conhecidos como “ginástica cerebral” e visam aumentar as habilidades que ficam comprometidas com o tempo. Por isso, geralmente, hábitos saudáveis e atividades específicas contribuem com a memória, a concentração, o foco e o raciocínio, além de melhorarem a linguagem e a orientação espacial. 

        Veja também: Como o cérebro envelhece?

 

O que fazer para estimular o cérebro?

Quando estimulado adequadamente durante toda a vida, o cérebro tem a capacidade de expandir suas conexões e continuar funcionando. 

Parece algo complexo, porém, algumas atividades simples realizadas no dia a dia já são fundamentais para contribuir com o estímulo cerebral. 

A seguir, veja detalhes de como manter o cérebro ativo por mais tempo. 

 

Alimentação saudável

Escolher bem o que irá compor seu prato durante as refeições favorece a saúde cerebral. Ter uma dieta equilibrada com alimentos nutritivos contribui com o funcionamento do cérebro e melhora as conexões neurais, além de dar mais energia. 

De forma geral, é importante ingerir regularmente nutrientes como ômega 3 (presente em peixes de água fria, chia, linhaça, nozes); proteínas (carnes, aves, peixes, ovos); antioxidantes (frutas, legumes, verduras); vitaminas do complexo B (carne, ovos, grãos integrais); probióticos (iogurtes naturais); água e outros líquidos hidratantes.   

 

Exercícios físicos

Não é novidade que o hábito de se exercitar regularmente faz bem para o corpo. Mas, manter-se ativo fisicamente também é benéfico para o cérebro. 

Após a atividade física, ocorre uma elevação dos níveis de oxigenação e do fluxo sanguíneo cerebral, ajudando na memória e na concentração. Exercícios também melhoram a comunicação entre os neurônios e evitam o comprometimento cognitivo. 

 

Sono consistente

Durante o sono, o cérebro continua trabalhando e realizando funções essenciais para a manutenção do organismo. Logo, quem dorme pouco ou mal pode comprometer a eficiência do órgão.

É comum que a insônia e os distúrbios do sono comprometam a consolidação da memória e afetem a função cognitiva e o humor.

Além disso, ao dormir a pessoa reduz o consumo de energia realizado pelo cérebro. Dessa forma, os neurônios se renovam para fazer as atividades do dia a dia. 

É importante manter uma rotina de sono consistente e dormir pelo menos 7 horas todas as noites. 

 

Jogos e atividades manuais

Diversos jogos desafiam e estimulam diferentes áreas cognitivas. Entre os mais comuns, estão: sudoku, quebra-cabeça, caça-palavras, xadrez, dama, jogo da memória, entre outros. 

Já as atividades manuais são recomendadas para estimular o cérebro, promover a coordenação motora e a concentração. Você pode investir em tricô ou crochê, pinturas e desenhos, origami, esculturas de argila, bordados e costuras em geral. 

 

Leitura

A leitura é uma forma de estimulação cerebral, pois impacta nas áreas cognitivas. O indivíduo com o hábito de leitura desenvolve a habilidade de concentração e foco. Ler também estimula a criatividade, fornece uma pausa mental e aumenta a capacidade de compreensão e interpretação das informações. 

 

Interação social 

A interação social provoca um estímulo cognitivo e garante o bem-estar de forma geral. 

É fundamental que o indivíduo mantenha contato com amigos e familiares e evite o isolamento, sempre que possível. Isso porque a ausência de contato humano pode causar declínios cognitivos, principalmente em idosos. 

 

Aprendizado contínuo

Aprender algo novo é desafiante para o cérebro e estimula as atividades cerebrais. Isso contribui para a manutenção e melhoria das habilidades cognitivas.

O aprendizado contínuo promove a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de formar novas conexões neurais. Isso contribui para a manutenção e melhoria das habilidades cognitivas. E também organiza os pensamentos, a criatividade e a memória. 

Você pode aprender um novo idioma, nadar ou andar de bicicleta, desenhar, pintar, tocar um instrumento ou qualquer tipo de atividade manual, como artesanato. 

        Ouça: DrauzioCast #152 | Memória e excesso de estímulos

 

Quando começar a exercitar o cérebro?

Nunca é tarde para aprender e começar algo novo. A busca pelo aprendizado e aperfeiçoamento cognitivo deve ser realizada em todas as fases da vida e colaboram para a estimulação cerebral.

“O cérebro é um órgão dependente de estímulo externo. Por isso, em todas as idades ele precisa ser estimulado para que a criança se desenvolva e o idoso não sofra com a perda cognitiva”, explica Lívia Almeida Dutra, neurologista e coordenadora do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. 

A especialista reforça que, de forma geral, o que acontece no corpo influencia o grau de conexão dos neurônios. Portanto, é fundamental manter hábitos saudáveis por toda a vida.  

Algumas atividades estimulam o cérebro desde a infância e contribuem para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como raciocínio, memória e atenção. Já no caso dos idosos, o aprendizado contínuo é uma ferramenta eficaz na prevenção de doenças neurodegenerativas. 

Aprender constantemente ajuda os idosos a se adaptarem a mudanças tecnológicas e que afetam a sociedade, promovendo a independência e a autonomia. Nesses casos, pode ser algo simples, como preparar uma nova receita, mudar o caminho de volta para casa, começar a cuidar de plantas, pintar e visitar exposições de arte. 

 

Sobre a autora: Samantha Cerquetani é jornalista com foco em saúde e ciência e colabora com o Portal Drauzio Varella. Escreve sobre medicina, nutrição e bem-estar. 

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