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Náuseas, vômitos e outros: o que esperar dos sintomas gastrointestinais do Ozempic?

Publicado em 18/02/2025
Revisado em 17/02/2025

Além de reduzir os níveis de açúcar no sangue e aumentar a saciedade, o Ozempic pode causar efeitos adversos, como sintomas gastrointestinais.

 

Para 2025, a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, atingindo um índice de massa corporal (IMC) acima de 30. O Brasil não foge a essa regra: uma pesquisa apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade de 2024 estima que, com base nas tendências do momento, quase metade dos adultos brasileiros (48%) terá obesidade até 2044 e mais 27% terão sobrepeso. 

Isso traz um panorama inédito: nos próximos 20 anos, três quartos dos adultos brasileiros terão obesidade ou sobrepeso. Mas vale dizer que o cenário atual já não é dos mais positivos. Afinal, hoje, 56% dos adultos brasileiros têm obesidade ou sobrepeso (34% com obesidade e 22% sobrepeso).

 

Benefícios do Ozempic

A semaglutida, substância originalmente usada para o tratamento do diabetes tipo 2, é uma forma sintética do hormônio GLP-1, que promove a saciedade – dentre outros efeitos. Ela é comercializada sob diferentes nomes, como Wegovy, Rybelsus, e o mais famoso, o Ozempic.

“Os medicamentos à base de GLP-1 foram uma revolução no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, em função da eficácia e segurança. Pela primeira vez, o tratamento de pessoas com sobrepeso ou obesidade sem diabetes, mas com alto risco cardiovascular, demonstrou uma redução de 20% de morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou AVC, segundo um estudo chamado Select que avaliou mais de 17 mil pessoas durante quatro anos”, explica o endorcrinologista Marcio Mancini, chefe da Unidade de Obesidade da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Há ainda outros benefícios trazidos pelo uso da substância e apontados nesse e em demais estudos, como redução na taxa de infecções (leves ou brandas), crescimento da expectativa de vida graças ao aumento do número de anos livres de evento cardiovascular, maior proteção renal em pacientes com doença renal crônica, redução do número de apneias em pacientes com apneia do sono e outros.

        Veja também: O Wegovy é uma opção segura para tratar a obesidade?

 

Efeitos adversos do Ozempic

Como toda medicação, no entanto, a semaglutida pode causar efeitos adversos e bastante comuns entre seus usuários. Dentre os principais, destacam-se os gastrointestinais, como náusea, vômitos e, mais raramente, a diarreia e constipação, que costumam ocorrer, como explica o dr. Marcio, no começo do tratamento, durante a fase de escalonamento (aumento progressivo) da dose.  

Segundo a própria bula da medicação, “esses efeitos colaterais podem causar desidratação (perda de líquidos), portanto, é importante que você beba muito líquido para evitá-la. Isso é especialmente importante se você tem problema nos rins”. Refluxo, gastrite, gastroparesia (lentidão no esvaziamento do estômago), aumento da eructação (arrotos), azia e dores abdominais já surgiram como queixas também. 

Mas por que isso acontece? “O estômago tem uma motilidade própria e essa classe de medicamento acaba bloqueando exatamente esse tipo de ação. É isso que traz a sensação prolongada de estômago saciado e faz com que a pessoa coma menos e emagreça. Mas é isso que pode trazer vários desses desconfortos também”, explica Jaime Zaladek Gil, gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Isso, de maneira geral, se aplica a todas as pessoas, mas há algumas mais predispostas a ter sensibilidade à droga do que outras, inclusive, o peso e o gênero do paciente também interferem – mulheres mais magras podem sentir mais os efeitos do que os homens com mais sobrepeso, por exemplo. 

 

O que fazer?

Em geral, esses sintomas são tratados de forma separada, adotando medicamentos secundários para aliviá-los, como os procinéticos ou protetores, e inibidores de secreção ácida do estômago, que ajudam aqueles que sentem refluxo, pontua o dr. Jaime. Remédio para enjoo ou laxantes mais leves também podem ser recomendados.

Outras saídas possíveis, em caso de efeitos adversos ao remédio:

  • Reduzir a dose do medicamento;
  • Propor a troca de medicação;
  • Evitar a ingestão de gordura, pimenta, álcool e bebidas gaseificadas;
  • Não chegar ao limite do empanturramento enquanto come;
  • Aumentar a ingestão de líquidos; 
  • Em casos mais graves, suspender a medicação.

“É preciso sempre conversar com o seu médico, sobretudo se você já possui histórico de inflamações gastrointestinais anteriores, e ir testando a dose aos poucos, percebendo os seus sinais – que serão sempre muito pessoais”, conclui o gastroenterologista. 

        Veja também: Como o Ozempic age no corpo

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