Micoses | Entrevista

Dra. Zilda Najjar Prado de Oliveira é médica dermatologista do Departamento de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo. Dra. Zilda Najjar Prado de Oliveira é médica dermatologista do Departamento de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo. postou em Entrevistas

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Publicado em: 13 de fevereiro de 2012

Revisado em: 11 de agosto de 2020

De preferência, as micoses desenvolvem-se na pele, no couro cabeludo e nas unhas, áreas mais úmidas e ricas em queratina, que se transformam no habitat ideal para os fungos se desenvolverem. Veja entrevista sobre micoses. 

 

Os fungos são estruturas simples que existem na natureza há milhões e milhões de anos. Encontrados em todos os ambientes, estão permanentemente em contato com nossa pele e mucosas externas, mas não provocam nenhum tipo de reação patológica, porque vivem na camada constituída pelas células mortas e nosso organismo entra em equilíbrio com eles. Sob certas circunstâncias, porém, pode abrir-se uma porta no organismo, por onde os fungos penetram e provocam uma infecção chamada micose, que é completamente diferente das infecções causadas por bactérias e vírus.

De preferência, as micoses desenvolvem-se na pele, no couro cabeludo e nas unhas, áreas mais úmidas e ricas em queratina, que se transformam no habitat ideal para os fungos se desenvolverem. Micoses exigem tratamento prolongado e persistente, sob a orientação de um médico dermatologista. A melhor forma de preveni-las é cuidar da higiene e evitar situações que possam favorecer a infecção por fungos.

 

CANDIDOSE (OU CANDIDÍASE)

 

Drauzio – Qual é a primeira micose que a pessoa pode pegar na vida?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – A primeira micose é a candidose (imagem 01), popularmente conhecida como sapinho. Causada por um fungo – a cândida – caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas bolas brancas que podem formar placas principalmente na língua, mas também nos lábios e, às vezes, fora da boca.

A cândida é um fungo oportunista, normalmente encontrado em nossa boca, intestinos e nas vaginas das mulheres. Ela pode desenvolver-se porque a criança teve uma diarreia e colocou a mão contaminada na boca, ou porque o bico do seio, as mãos da mãe ou algum objeto (bico da mamadeira, chupeta) estão infectados. Portanto, a doença tem caráter endógeno, isto é, sua origem está no próprio organismo da criança, ou caráter exógeno,  adquirida pelo contato com alguma superfície contaminada. Por isso, é importante esterilizar bicos de mamadeira e chupetas e prestar atenção nos brinquedos que a criança põe na boca.

 

Drauzio – A candidose, ou candidíase como a infecção era conhecida no passado, pode aparecer logo após o nascimento/?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Não logo após o nascimento, mas nos primeiros dias de vida. Geralmente, ocorre quando a criança tem um ou dois meses e entrou em contato com o mundo do lado de fora do útero materno.

Esse distúrbio que permite o desenvolvimento de fungos presentes no nosso organismo, ou das bactérias que adquirimos do ambiente, tende a melhorar com o crescimento. No entanto, embora não seja o habitual, uma queda de imunidade pode fazer com que a criança tenha sapinho novamente aos cinco, seis meses de idade. Às vezes, a mãe ou a babá têm cândida na vagina e contaminam as mãos, e é isso que promove a reinfecção da criança.

 

Drauzio – Um cuidado tão simples como lavar as mãos antes de lidar com a criança, na verdade, é a melhor profilaxia que existe para o sapinho.

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Outro cuidado é não ficar beijando o nenê, especialmente se a pessoa for portadora de algum problema.

 

Drauzio – Como se trata o sapinho na criança?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – O tratamento do sapinho é feito com cremes antifúngicos de uso local.

 

Drauzio – Candidose é uma doença que não afeta apenas as crianças e pode ser grave em pacientes adultos imunodeprimidos.

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Principalmente nos pacientes com aids, a cândida provoca quadros gravíssimos e as lesões se manifestam não só a língua, mas no esôfago, em todo o trato gastrintestinal e na região do ânus. Quando a imunidade está comprometida, ela age com toda a força e não responde ao antimicótico de uso local. Por isso, pessoa com forma muito agressiva da doença necessita de remédios por via oral e, às vezes, por via endovenosa.

 

CANDIDOSE ANGULAR

 

Drauzio – A cândida também é responsável pelo aparecimento da boqueira nas crianças?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – A boqueira, ou candidose angular, acomete não só as crianças, mas também os adultos, principalmente os idosos, porque os cantos da boca vão caindo com o tempo. O excesso de saliva acumulado no ângulo formado pelos lábios superior e inferior e, muitas vezes, provocado pelo uso de aparelhos ortodônticos ou próteses dentárias mal ajustadas favorece o aparecimento dessa infecção também causada pela cândida presente na boca e que tem preferência por ambientes úmidos.

 

Drauzio – O tratamento para a candidose angular é o mesmo do sapinho?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – É feito do mesmo jeito, mas é importante evitar a umidade que se acumula nos cantos da boca. A cândida é um fungo oportunista que se desenvolve em áreas úmidas da pele. Às vezes, manter o local afetado mais seco é suficiente para resolver o problema. Se não for, antimicótico de uso tópico é o medicamento indicado.

 

PARONÍQUIA

 

Drauzio – Que outros tipos de micose a cândida pode causar?

Zilda Najjar Prado de Oliveira — Tanto as crianças quanto os adultos podem desenvolver paroníquia, ou seja, um tipo de candidose que se manifesta na cutícula em volta da unha. A imagem 02 mostra essa infecção no segundo e no quarto dedo, que estão bastante inchados. Diferente da micose de unha, na paroníquia, a cândida afeta primeiro a cutícula e só mais tarde provoca alterações na unha.

Crianças que vivem com o dedo na boca e adultos que lidam muito com água são os pacientes de risco. Por isso, estão predispostas a ter unheiro as donas de casa que trabalham sem luvas e ficam com as mãos úmidas por longos períodos.

 

Drauzio – Não seria exagero dizer que a umidade é amiga das micoses em geral.

Zilda Najjar Prado de Oliveira — Umidade é fator importante para o desenvolvimento de micoses, porque deixa a pele mais fina e mais frágil, o que facilita a penetração do fungo.

 

Veja também: Vitiligo

 

TINHAS

 

  • No couro cabeludo

 

Drauzio – Depois da candidíase que acomete crianças e adultos, quais são as micoses mais frequentes?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – São as tinhas, micoses que se manifestam tanto nas crianças quanto nos adultos. Elas acometem frequentemente o couro cabeludo das crianças, provocando queda de cabelos na área afetada. Nas imagens 3 A e 3 B, aparece uma lesão típica da tinha com bordos regulares e descamação de pele.

Os pais sempre perguntam como a criança pegou esse tipo de micose. Pegou de outra criança ou de animais de estimação que vivem dentro da casa. Por isso, é importante verificar se o cachorro da família apresenta falhas de pêlo.

Embora adultos raramente tenham a doença, pessoas com aids ou com o sistema imune debilitado por qualquer outro motivo podem apresentar esse tipo de infecção fúngica.

 

Drauzio – Qual a diferença entre a lesão provocada pela tinha e a lesão característica da alopecia areata, quadro em que ocorre também a queda de cabelo em algumas regiões do couro cabeludo?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – A principal diferença é a descamação que ocorre na micose e não ocorre na alopecia areata (ou “pelada” como é comumente chamada). Quanto à queda de cabelo, é bastante parecida nos dois casos.

Em outras palavras: na alopecia areata, a pele do couro cabeludo é brilhante e não há descamação; na região das tinhas, porém, formam-se casquinhas parecidas com a caspa.

 

Drauzio – As tinhas também causam a perda da barba em algumas áreas do rosto?

Ziilda Najjar Prado de Oliveira – Na maioria das vezes, a causa é a alopecia areata, que provoca queda dos pelos, não coça e pode estar relacionada com problemas emocionais. Em alguns casos, porém, a perda de peos na barba ou em outras regiões do corpo é causada pela tinha, um tipo de micose por fungos, que deixa a pele avermelhada, com descamação e prurido.

 

Drauzio – Micose é uma infecção de pele muito frequente?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Nós somos muito afeitos a micoses, tanto que merecem exame micológico todas as lesões de pele que descamam. Por isso, ao estabelecer o diagnóstico numa lesão de pele, devemos sempre pensar na possibilidade de ser uma micose, uma doença frequente nas crianças e nos adultos. Atualmente, o interesse maior pela prática esportiva e pelo contato com a natureza tem aumentado o risco de exposição a ambientes contaminados por fungos.

 

Drauzio – Em que outras áreas do corpo as tinhas podem instalar-se?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – As tinhas podem acometer qualquer área do corpo. Nos adultos, é comum aparecerem na virilha, que fica vermelha e costumam ser confundidas com assaduras ou alergias provocadas pelo contato com a calcinha ou a cueca.

As tinhas também se manifestam com frequência no vão entre os dedos dos pés. Nesse caso, são popularmente chamadas de pé de atleta.

 

  • Nas virilhas (tinha crural)

 

Drauzio – A tinha que se manifesta nas virilhas também é chamada de micose dos nadadores. Por quê?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Como a infecção fúngica pode passar pela água contaminada, a pessoa que nada e fica com o calção ou maiô molhado por muitas horas está mais sujeita a desenvolver essa micose na virilha. Na verdade, até mesmo quem não faz natação pode ser infectado. Diferentemente da cândida, um fungo que habita nosso corpo normalmente, as tinhas são transmitidas por fungos que estão no ambiente externo e infectam nossa pele.

 

Drauzio – Como é feito o tratamento das tinhas?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Quando as tinhas acometem o corpo inteiro, o tratamento exige a indicação de remédios por via oral. Quando estão localizadas só nos pés ou só na virilha, bastam antimicóticos de uso local.

O tratamento é simples e deve ser mantido por duas ou três semanas para evitar que a micose se instale novamente. O problema é que, muitas vezes, é abandonado antes do tempo, porque a lesão costuma melhorar em dez dias e as pessoas acham que estão curadas.

 

Drauzio – Quais as consequências do uso indiscriminado das pomadas com cortisona no tratamento das tinhas?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – As pomadas com cortisona não deveriam ser usadas nas micoses, porque agem como alimento para os fungos que acabam desenvolvendo formas mais resistentes. No entanto, como nas primeiras aplicações a cortisona melhora a irritação cutânea, as pessoas acham que é um remédio eficaz no tratamento da micose.

 

Drauzio – Essa é uma lógica um pouco perversa. Ao passar pomada com corticoide, a pessoa sente alívio imediato da coceira, embora esteja apenas camuflando a lesão provocada pela micose.

Zilda Najjar Prado de Oliveira – O problema é que a micose melhora, mas volta, ao passo que as alergias que se manifestam na virilha pelo contato com a calcinha, a cueca ou por produtos usados na lavagem das roupas, regridem mesmo com o uso de corticoides. Portanto, se a lesão melhorou, mas reapareceu, o ideal é procurar um dermatologista para diagnóstico e tratamento adequados.

 

Drauzio – Nos casos de tinha crural, isto é, da micose na virilha, que cuidados devem ser tomados com as roupas?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – O ideal é a pessoa não ficar com maiô ou calção molhado depois da praia ou da piscina, porque provavelmente a água estará contaminada por fungos e a umidade não só é um fator desencadeante da infecção, como piora as micoses já existentes.

 

Drauzio – Há necessidade de ferver a roupa?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Não há necessidade. Basta lavar a roupa como de costume, deixá-la secar ao sol e passá-la com ferro quente. Quem mora em apartamento deve pendurar as peças no varal por bastante tempo. Usar a secadora não resolve, porque o calor é úmido e o fungo se dá bem nesse ambiente. Ele não gosta é de calor seco.

 

  • Pé de atleta ou frieira

 

Drauzio – Quais as características principais da micose que se instala nos dedos dos pés?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Comumente chamada de frieira ou pé de atleta, a micose que aparece entre os dedos dos pés é de resolução demorada, porque geralmente o pé está úmido e umidade é um elemento favorecedor da instalação de micoses.

Às vezes, porém, o excesso de umidade nos pés faz com que a pele entre os dedos se solte e as pessoas passam anos tratando a lesão como se fosse uma micose. Só é micose, quando a pele descama, racha e aparecem bolhinhas cheias de líquido.

 

Drauzio – Qual é o tratamento para o pé de atleta?

Zilda Najjar Prado de Oliveira — O tratamento para a tinha dos dedos dos pés é prolongado e exige persistência durante um mês, um mês e meio na aplicação local de antimicóticos, sob a forma de solução não oleosa ou spray. Não há necessidade de tomar remédios por via oral.

Outro cuidado importante para evitar esse tipo de micose é manter os pés secos. Pessoas que suam muito nos pés devem usar meias de algodão, passar talco para absorver um pouco a umidade e tirar os sapatos assim que chegam em casa.

 

Drauzio – Crianças e adolescentes usam tênis praticamente o dia inteiro. Isso pode favorecer o aparecimento de micoses nos pés? 

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Os tênis funcionam como uma estufa que produz o calor úmido ideal para os fungos se desenvolverem. Por isso, quem quer ou precisa usar tênis durante muito tempo deve preferir as meias de algodão, que absorvem um pouco o suor, e deve passar talco nos pés.

 

Drauzio – A micose pode não ficar restrita aos dedos dos pés, virilhas e couro cabeludo, e espalhar-se pelo corpo todo (imagem 04). Por que isso acontece?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Dificilmente um fungo é suficientemente agressivo para provocar infecção no corpo inteiro. Em geral, a infecção se espalha por autoinoculação, ou seja, a pessoa coça o local onde está instalada a micose e leva o fungo para outras áreas do corpo. Indivíduos imunodeprimidos, como os portadores de HIV, podem apresentar esse quadro, porque seu sistema de defesa está debilitado. Nesses casos, não adianta só o tratamento local. É preciso prescrever remédios por via oral durante três semanas ou um mês. Interromper o uso da medicação ao primeiro sinal de melhora é contraproducente, porque micose mal tratada volta e cria resistência.

 

PITIRÍASE VERSICOLOR

 

Drauzio – As imagens 5 A e 5 B mostram dois casos com características diferentes da pitiríase versicolor. Num deles, a doença é exuberante e, no outro, acomete as pernas, embora o mais comum seja esse tipo de micose manifestar-se no tronco.

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Esse tipo de micose se chama versicolor, porque as lesões com descamação bem fininha podem ser de duas cores: nas peles claras, as manchas são mais escuras e, nas peles morenas, são esbranquiçadas.

 

Drauzio – Quais regiões do corpo são mais acometidas pela pitiríase? 

Zilda Najjar Prado de Oliveira – A pitiríase tem preferência pelas    regiões onde a pele é mais oleosa, principalmentepelo meio do tórax e as costas, porque o fungo alimenta-se da gordura da pele. Com o tempo, porém, a infecção pode disseminar-se e tomar o corpo inteiro, sem que a pessoa tenha qualquer sintoma.

 

Drauzio – Às vezes, quando nota as manchas brancas, a pessoa acha que, se tomar sol, elas desaparecerão. Isso realmente acontece?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Ao contrário, as manchas ficam mais visíveis, porque não bronzeiam como a área de pele não atacada

com o fungo. Muita gente diz: ”Nossa, peguei isso na praia”, o que não é verdade. A micose já existia e foi reativada com a exposição solar.

 

Drauzio – Qual é o tratamento indicado para a pitiríase versicolor?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Quando a lesão não é muito extensa, indica-se tratamento local com antimicóticos associados ao uso de xampus especiais, porque o fungo se aloja também no couro cabeludo. Se for muito extensa, é necessário introduzir medicação antimicótica por via oral, por um período curto, de 5 a 10 dias.

 

ÁREAS DE RISCO

 

Drauzio – Praia é um lugar onde se pega muita micose?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – As praias podem ser ambientes muito contaminados, mas os índices de contaminação medidos periodicamente indicam apenas a presença de bactérias, em geral de coliformes fecais. Não se analisa a contaminação por fungos. Por isso, embora muitas vezes não sejam consideradas inadequadas para uso, porque estão livres de um número maior de bactérias, as praias têm fungos deixados na areia pelos próprios frequentadores e é na areia que as pessoas mais se infectam. A água do mar não é um meio favorável para a proliferação de fungos, como é a água das piscinas. Geralmente, a preocupação é com os cachorros que transitam pelas praias.

Eles podem ter fungos no pelo que contaminam a areia e infectam as pessoas. Além disso suas fezes e urina transmitem o bicho geográfico, um verme que nada tem a ver com as micoses e provoca lesões que formam caminhos na pele e coçam muito.

 

Drauzio – Que risco correm as crianças que brincam na areia dos parques infantis?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – Essa areia pode estar contaminada por fungos, vírus e bactérias, que infectam as crianças. No caso particular dos fungos, eles podem ter sido deixados ali por outra criança ou por animais.

 

Drauzio – Impedir as crianças de entrar em contato com a areia é praticamente impossível. Como evitar que elas sejam infectadas por algum micro-organismo?

Zilda Najjar Prado de Oliveira – O ideal é que a areia não esteja contaminada. Como nem sempre se pode ter certeza disso, recomenda-se evitar o contato direto da pele da criança com a areia, quando ela se senta para brincar.  Há mães que tiram as fraldas dos filhos nesse momento, o que é um absurdo. Sentar numa toalha ou numa esteira pode ajudar a prevenir infecções de vários tipos.

Outra recomendação é não deixar a criança descalça por muito tempo, especialmente nas áreas mais secas da areia, onde os fungos proliferam mais facilmente.

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