O cigarro acelera o processo de envelhecimento cutâneo, além de ser um fator de risco para o câncer de pele. Entenda como o cigarro afeta a pele e os principais riscos.
Não é novidade que o hábito de fumar faz mal à saúde de maneira geral. De acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tabagismo ativo e a exposição passiva à fumaça do cigarro estão associados ao desenvolvimento de aproximadamente 50 doenças, incluindo vários tipos de câncer, doenças respiratórias e doenças cardiovasculares.
Mas além disso, o cigarro afeta a pele e também pode causar diversos danos a ela. Segundo Elisete Crocco, dermatologista e coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), os principais impactos do tabagismo na pele estão associados ao envelhecimento cutâneo.
Como o cigarro afeta a pele?
“O tabagismo, depois do sol, tem uma função muito grande de destruição celular e de perda tecidual. E esses pacientes [que fumam] tendem a ficar com mais rugas – algumas rugas específicas do tabagismo, inclusive –, uma pele com pouco viço, com uma tendência para aumento de porosidade, um tom acinzentado da pele, a derme mais fina. Então, são impactos que são histológicos (nos tecidos) mas que clinicamente são perceptíveis, ao ponto de um bom dermatologista olhar para o paciente que é tabagista e de olhar, dizer: ‘você fuma, né?’ É um impacto bem perceptível”, explica a médica.
O cigarro também pode piorar problemas de pele pré-existentes, como a acne da mulher adulta, a rosácea e a hidradenite supurativa (doença crônica rara que provoca lesões cutâneas na pele e prejudica muito qualidade de vida dos pacientes). “Então, são principalmente doenças inflamatórias, como o cigarro tem tantos agentes com radicais livres e com indução de destruição celular, ele acaba acelerando, digamos assim, o processo dessas doenças inflamatórias”, completa.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o cigarro reduz a produção de colágeno, proteína que contribui para a hidratação e elasticidade da pele. Além disso, a nicotina é um dos fatores que causa vasoconstrição (estreitamento dos vasos sanguíneos), o que somado a outras substâncias presentes no cigarro, dificulta a passagem de sangue. Isso leva a um aspecto opaco e ressecado na pele e maior dificuldade de cicatrização.
E não para por aí: o tabagismo é, junto do sol, um dos principais fatores de risco para o câncer de pele, especialmente o tipo carcinoma espinocelular de boca, segundo a especialista.
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Parei de fumar. E agora?
Parar de fumar não é tarefa fácil. Mas com orientações e ajuda especializada, é possível. Largar o cigarro sempre será a melhor solução para minimizar os riscos à saúde causados pelo fumo, mesmo que alguns danos sejam irreversíveis.
“Se a pessoa parar de fumar, ela começa a parar de ‘se estragar’, é mais ou menos isso que acontece. O dano que ela já fez continua lá, mas ele vai sendo substituído porque nós somos um equilíbrio entre a produção celular e a destruição celular. E o tabagismo tem uma responsabilidade enorme no processo de destruição celular e dano na célula. Então, às vezes a célula continua, mas ruim, com o DNA alterado. Se ela parar de fumar, a gente começa a reverter um pouco esse processo e voltar com o equilíbrio”, esclarece a dra. Elisete.