Por que nossa pele fica flácida com o passar dos anos?


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Dermatologia

mulher mais velha olha o rosto no espelho. flacidez da pele aumenta com a idade

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Publicado em: 28 de março de 2023

Revisado em: 19 de maio de 2023

A flacidez da pele é um processo natural do envelhecimento, que pode ser potencializada por fatores externos.

 

Cientistas e startups de tecnologia investiram bilhões de dólares nos últimos anos em pesquisas que tentam descobrir uma maneira de reverter o envelhecimento. Apesar de ser possível retardar o processo, não há como escapar dele. O corpo foi “programado” para nascer, envelhecer e dar adeus à existência. E talvez a principal vitrine dessa realidade transitória da vida seja a pele.

Com o passar dos anos, o maior órgão do corpo vai se modificando, assim como a fachada de um prédio abandonado. A lisura e a maciez típicas da pele de um bebê vão dando lugar, ao longo do tempo, a uma estrutura flácida, fina e frágil. Por volta dos 30 anos, segundo a literatura médica, as primeiras rugas já começam a aparecer.

Essa mudança, de acordo com a dermatologista Elisete Crocco, coordenadora do departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ocorre tanto por causa do envelhecimento natural do organismo como por causa de agentes externos, como a exposição ao sol e ao cigarro. 

Ambas as situações têm a capacidade de danificar algumas estruturas do organismo, como mitocôndrias (organelas relacionadas ao processo de respiração celular) e DNA (material genético), responsáveis por gerar algumas moléculas de sustentação da pele – as fibras colágenas e as fibras elásticas (proteínas).

“Biologicamente falando, acontece o seguinte. O corpo humano tem enzimas (proteínas que catalisam reações) chamadas metaloproteinases, que são degradadoras de alguns tipos específicos de biomoléculas, como as colágenas. Conforme a pele vai envelhecendo, o número dessas enzimas aumenta, e elas aos poucos vão destruindo o colágeno”, explica a especialista.

De acordo com a literatura médica, entre 70% a 80% do peso seco da pele é composto por colágeno. A partir dos 30 anos, a capacidade de reabastecer a substância naturalmente diminui cerca de 1% a cada 365 dias.  

Uma analogia para entender o que ocorre, segundo a dra. Elisete, é um muro de tijolos com cimento entremeado entre eles. Se a argamassa (estruturas de sustentação) não for firme, os tijolos (células) não conseguem ficar bem presos e organizados para formar a parede (pele).

A pele também pode ficar flácida em situações de mudança de peso e após a gravidez. 

 

Como retardar o processo de flacidez da pele?

A radiação ultravioleta e algumas das substâncias presentes no cigarro danificam as estruturas da pele, reduzindo a elasticidade e a firmeza do órgão. O ideal, portanto, é se proteger da exposição excessiva ao sol e evitar fumar, segundo a especialista. Já no caso do envelhecimento natural, a suplementação com peptídeos de colágeno pode retardar o processo, mas não de forma gritante.

Esses peptídeos são basicamente pedaços de aminoácidos (blocos de construção das proteínas) que servem como matéria-prima para a produção de colágeno.

“As pessoas às vezes acham que vão tomar peptídeo de colágeno e não vão envelhecer. Não, isso não é verdade. O indivíduo talvez passe a ter uma capacidade um pouco maior de produção de colágeno do que aquela pessoa que não toma. Estimativas de trabalhos ligados à indústria citam melhorias de 20% a 30% na produção”, afirma a dra. Elisete.

 

Mais colágeno

Em um estudo duplo-cego (ensaio clínico no qual nem os voluntários nem os pesquisadores sabem o que estão tomando) 69 mulheres com idades entre 35 e 55 anos receberam 2,5 g ou 5 g de colágeno hidrolisado (composto por peptídeos de colágeno) ou placebo, uma vez ao dia, por oito semanas. Elasticidade, umidade, perda de água e rugosidade foram medidas antes e depois. 

Os cientistas observaram um aumento de 30% na elasticidade da pele de algumas das mulheres que utilizaram a substância, em comparação às do grupo placebo, após um tratamento de dois meses. O efeito, segundo a pesquisa, foi ainda mais nítido em mulheres acima dos 50 anos.

Além da suplementação, também existem alguns procedimentos que ajudam a reduzir a flacidez da pele. Exemplos são o laser fracionado ablativo, o ultrassom microfocado de alta intensidade, a radiofrequência e o peeling de média intensidade. Há ainda procedimentos injetáveis com bioestimuladores. 

“Todas as indicações precisam de orientação porque essas intervenções fazem a gente mudar a estrutura celular. Por isso, o ideal é que o paciente passe por um dermatologista, para o profissional dar o devido direcionamento”, disse a dra. Elisete.

Os exercícios físicos também são importantes, especialmente para aqueles que tiveram flacidez devido a mudanças de peso ou gravidez. Eles não vão mudar a estrutura da pele, mas melhoram as fibras musculares e estruturam o corpo muscular – ou seja, o recheio da pele. A prática de esporte também é benéfica porque ajuda na vascularização, oxigenação e drenagem dos tecidos. 

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Sobre o autor: Lucas Gabriel Marins é jornalista e futuro biólogo. Tem interesse em assuntos relacionados à ciência, saúde e economia.

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