Epididimite

torço de homem com epididimite e mão nos testículos

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Epididimite é a inflamação do epidídimo, estrutura localizada no interior dos testículos.

 

Entende-se por epididimite a inflamação do epidídimo, estrutura formada por longos tubos enovelados que se localizam na região posterior de cada um dos testículos.

Epidídimos fazem parte do sistema reprodutor humano. Distendidos, chegam a medir 6 metros de comprimento. Cabe a eles acolher, nutrir e armazenar os espermatozoides jovens produzidos pelos testículos nos tubos seminíferos, até o momento de transportá-los pelo interior dos canais deferentes no instante da ejaculação.

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Nos casos em que acomete simultaneamente os testículos e o epidídimo, a condição recebe o nome especial de epidídimo-orquite ou orquiepididimite, e está registrada sob o código (CID10:N45), na Classificação Internacional de Doenças elaborada pela OMS.

 

Doença aguda ou crônica

 

A epididimite pode ser aguda ou crônica. A forma crônica, às vezes assintomática, em geral se instala por falta de diagnóstico e tratamento adequados, perdura por mais de seis semanas, alternando períodos de melhora e agravamento da enfermidade.

Os sintomas vão surgindo aos poucos e, por vezes, a causa nunca chega a ser identificada.

De início abrupto, são próprias da forma aguda da doença, além da inflamação do epidídimo, dor, inchaço da bolsa escrotal, que quase sempre afeta um lado do corpo e se estende por um período inferior a seis semanas. Não convenientemente tratada, a epididimite aguda pode evoluir para uma forma crônica da doença, sujeita a complicações mais graves.

 

Causas da epididimite

 

Em algumas situações, a epididimite é uma doença idiopática, isto é, de causa não inteiramente definida.

No entanto, entre as várias causas que lhe podem ser atribuídas, vale destacar:

  1. Infecções bacterianas, incluindo aquelas sexualmente transmissíveis (ISTs), como a gonorreia (Neisseria gonorrhoeae) e a clamídia (Chlamydia trachomatis) que acometem especialmente homens jovens sexualmente ativos;
  2. Bactérias não transmitidas sexualmente, a Escherichia coli, por exemplo, presentes no trato urinário ou na próstata, mas que podem espalhar a infecção desse local para o epidídimo. Nessa fase, especialmente as crianças e os idosos são os mais vulneráveis para o contágio;
  3. Epididimite química determinada pelo refluxo da urina que se recolhe no epidídimo, quando o organismo é exposto a esforços extenuantes ou sobrecarga de pesos;
  4. Estreitamento da uretra (estenose) e hiperplasia benigna da próstata, condições que podem bloquear a saída da urina e facilitar o refluxo;
  5. Uso de fármacos, como a amiodarona, para controle da arritmia cardíaca, que pode promover efeitos adversos raros que explicam a inflamação do epidídimo;
  6. Traumas locais e na região da virilha, em sua maioria ocasionados pela prática extenuante de exercícios físicos;
  7. Procedimentos cirúrgicos no trato urinário, – a vasectomia é apenas um exemplo – e o uso de cateteres e de sondas urinárias;
  8. Infecções virais como as transmitidas pelos vírus da caxumba e do herpes-zóster, que se tornaram mais raras depois do advento das vacinas contra essas doenças.

 

Fatores de risco da epididimite

 

O principal fator de risco para o surgimento da epididimite aguda própria das infecções sexualmente transmissíveis é a prática de relações sexuais desprotegidas, isto é, sem o uso de preservativos.

Importante considerar também, entre os fatores de risco, a epididimite não sexualmente transmitida, que inclui: não ter sido vacinado contra a caxumba e o herpes, não ser circuncidado, ser portador de alterações anatômicas nas vias genitais e urinárias, permanecer longos períodos sentado, pedalando bicicleta ou, então, possuir antecedentes familiares ou pessoais de enfermidades sexualmente transmissíveis, ou de distúrbios oncológicos no sistema reprodutor.

 

Sintomas da epididimite

 

O mais comum é a epididimite usualmente começar por uma infecção na uretra (uretrite), na bexiga ou na próstata (prostatite).

Dor, inchaço da bolsa escrotal de um lado, febre, calafrios, sensação de peso nos testículos costumam ser os sintomas iniciais da epididimite aguda, que se intensificam à medida que a inflamação progride.

Crescimento do testículo afetado pelo inchaço, dor durante a ejaculação, urgência para urinar, sinais de sangue no sêmen, aumento da sensibilidade na região pélvica e na virilha, pequeno nódulo palpável no interior da bolsa escrotal, secreção com sinais de pus eliminada pela uretra são outros sinais que justificam uma consulta ao urologista ou ao clínico geral para melhor avaliação do quadro.

 

Epididimite em adultos e crianças

 

A epididimite pode afetar homens sexualmente ativos, de todas as idades. O mais comum, porém, é aparecer entre 15 e 35 anos. Na infância, os casos de epididimite são menos frequentes, em geral causados 1) por traumatismos na região pélvica (essa é, entre todas, a principal causa da doença pediátrica), 2) pelo refluxo da urina da uretra para o epidídimo, 3) por torção do testículo ou por alterações anatômicas no sistema genital e trato urinário do menino.

Nas diferentes idades, os sintomas guardam semelhanças entre si. Como os adultos, as crianças normalmente apresentam os sintomas típicos da epididimite aguda (dor intensa e ardência para urinar, edema, secreção na uretra, desconforto no baixo abdômen e febre), assim como opções terapêuticas semelhantes. De modo geral, o tratamento da epididimite pediátrica segue as mesmas condutas da doença nas outras faixas de idade e deve ser orientado por um médico urologista ou clínico geral.

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Diagnóstico da epididimite

 

O diagnóstico da epididimite e, por extensão, o da epididimite-orquite, baseia-se na avaliação clínica dos sinais e sintomas apresentados e no levantamento do histórico de infecções no trato urinário ou na próstata. Nem sempre é possível, porém, chegar ao diagnóstico definitivo ou estabelecer o diagnóstico diferencial com outras patologias que apresentam sintomas semelhantes por conta apenas desses achados. Nesses episódios, 1) exames laboratoriais (hemograma completo, exames de urina, urocultura), 2) de imagem (ultrassom com doppler, ecografia escrotal, tomografia computadorizada, ressonância magnética) e 3) por via retal para avaliar o tamanho e crescimento da próstata, são importantes para estabelecer o diagnóstico diferencial com outras enfermidades que apresentam curso semelhante.

 

Complicações da epididimite

 

A epididimite é uma doença relativamente comum que afeta o sistema reprodutor humano.

Entre as principais complicações da epididimite aguda que não foi convenientemente tratada, está o risco aumentado de desenvolver abscessos que exigem intervenção cirúrgica e, num número menor de eventos, pode levar à infertilidade masculina.

Encolhimento do testículo, formação de cistos, necrose de tecidos são outras complicações possíveis da condição.

 

Tratamento da epididimite

 

O tratamento da epididimite, assim como o da orquiepididimite, tem como objetivo o alívio dos sintomas e o controle do processo inflamatório subjacente. Para tanto, nos quadros de infecção bacteriana, a indicação de antibióticos de largo espectro por via oral se faz absolutamente necessária. Nesse sentido, mesmo que os sintomas desapareçam rapidamente, a prescrição médica deve ser seguida até o final, sem nenhuma alteração no tipo ou dosagem da medicação.

A inclusão de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais no esquema terapêutico já se mostrou eficaz para o controle dos sinais e sintomas da epididimite de maneira geral e, especificamente, para alívio da dor que pode atingir graus elevados de intensidade.

 

Medidas de suporte

 

Existem, ainda, algumas medidas de suporte não medicamentosas que já se mostraram úteis no tratamento da epididimite.

São elas: 1) permanecer em repouso no leito, 2) aplicar compressas frias sobre a área afetada, 3) ingerir líquidos para assegurar o nível ideal de hidratação, 4) não reter urina por tempo demasiado na bexiga, 5) manter a bolsa escrotal em posição elevada e imóvel, 6) não carregar objetos com excesso de peso.

Esses cuidados permitem que a prescrição de antibióticos fique restrita aos episódios de infecção bacteriana, já que o uso indiscriminado dessa medicação favorece o aparecimento de bactérias multirresistentes difíceis de curar.

Epididimite é uma doença que pode ter cura – algumas vezes, ela ocorre até  espontaneamente, sem medicação. O importante é que a conduta recomendada pelo urologista seja seguida  sem alterações também pelos parceiros sexuais a fim de evitar a proliferação do agente causador da infecção.

 

Perguntas frequentes sobre epididimite

 

Epididimite tem tratamento?

O tratamento depende da causa e pode incluir antibióticos por via oral, repouso no leito, analgésicos, anti-inflamatórios e aplicação de bolsas de gelo sobre o escroto.

 

Quais os sintomas da epididimite?

Os sintomas iniciais, que podem se intensificar à medida que a inflamação se agrava, incluem dor, inchaço da bolsa escrotal de um lado, febre, calafrios, sensação de peso nos testículos.

Casos mais graves podem incluir crescimento do testículo afetado pelo inchaço, dor durante a ejaculação, urgência para urinar, sinais de sangue no sêmen, etc.

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