A doença é assintomática na maioria dos casos, mas é importante reconhecer os sintomas do diabetes, que pode levar a problemas de saúde graves se não for tratada da forma adequada.
O diabetes é uma doença crônica caracterizada pela resistência ou deficiência de insulina, hormônio responsável por controlar o nível de glicose no sangue, que atinge cerca de 17 milhões de brasileiros. Embora seja uma condição bastante comum, muitas pessoas ainda desconhecem os sintomas e os principais fatores de risco associados a ela. Essas informações são fundamentais para prevenção ou diagnóstico precoce do diabetes, especialmente no caso de quem têm maior risco de desenvolvê-lo.
Os principais sintomas do diabetes incluem aumento da sede e da fome, aumento da frequência urinária e perda de peso (que acontece porque a glicose é eliminada pela urina, assim o corpo busca outra forma de gerar energia, causando perda de massa muscular e emagrecimento). Podem também haver outros sintomas, menos frequentes, como cansaço, fraqueza e alterações visuais.
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O diabetes pode levar ainda a alterações de pele como a acantose nigricans (manchas escuras, grossas e aveludadas que surgem nas regiões de dobras do corpo).
Além disso, outros problemas como má cicatrização e disfunção erétil podem ser causados pelo diabetes, mas geralmente eles aparecem quando a pessoa já convive com a doença há muito tempo.
Apesar da extensa lista de sintomas, a maioria dos casos de diabetes tipo 2 – o mais comum, que acomete cerca de 90% dos pacientes – é assintomática. “Mais de 50% das pessoas que são diagnosticadas com diabetes tipo 2 realmente são assintomáticas, então a pessoa não apresenta nenhum sintoma e tem uma glicemia elevada. Isso é perigoso, pois a gente sabe que os níveis altos de açúcar no sangue provocam uma série de ações prejudiciais ao organismo”, explica Paulo Rosenbaum, endocrinologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP).
Já no diabetes tipo 1, que normalmente surge na infância e na adolescência, os sintomas estão presentes e é preciso atenção a eles, já que a deficiência de insulina no organismo pode levar à cetoacidose diabética, um quadro que causa alteração do nível de consciência, desidratação, náuseas, fadiga, entre outros. “É uma emergência médica, então se a criança ou adolescente que apresenta esse quadro não for tratado em um hospital, muitas vezes em uma UTI, pode ser um quadro grave”, alerta o médico.
Quem está mais suscetível ao diabetes?
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune cuja causa é desconhecida. No diabetes tipo 2, geralmente os casos estão relacionados a hábitos pouco saudáveis e histórico familiar. Existe uma série de fatores que aumentam o risco de desenvolver diabetes tipo 2, como:
- Pessoas acima dos 45 anos com sobrepeso ou obesidade;
- Histórico familiar de diabetes tipo 2;
- Sedentarismo;
- Tabagismo;
- Histórico de pré-diabetes;
- Histórico de diabetes gestacional;
- Síndrome metabólica (condição que inclui fatores como hipertensão, colesterol e triglicérides alterados e nível de glicemia acima do normal);
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Pessoas em tratamento de HIV (porque os medicamentos podem causar alterações na glicemia).
Complicações do diabetes
“As principais consequências do diabetes descontrolado por muito tempo, no caso do tipo 2, são as complicações macrovasculares, que seriam infarto e derrame [AVC], e também as complicações que a gente pode falar no diabetes tipo 1 e no tipo 2 a longo prazo, que são as microvasculares, então complicações de retina, cegueira, insuficiência renal – muitas vezes precisando de diálise ou até transplante renal”, afirma o dr. Paulo.
Pessoas com diabetes também podem desenvolver, a longo prazo, a neuropatia diabética, dano ao nervo que atinge principalmente os membros inferiores. O diabetes reduz a sensibilidade nas extremidades, por isso os pacientes precisam ter muito cuidado com os pés, já que o risco de infecção é maior quando ocorrem machucados ou ferimentos. Em casos mais graves, esse tipo de problema pode levar à amputação.
Por todos esses motivos, é fundamental que o tratamento do diabetes seja iniciado o mais rápido possível. “Mesmo quando os níveis de glicose não estão tão elevados – o que a gente chama de pré-diabetes –, já existe um aumento do risco daquela pessoa apresentar um evento cardiovascular, que seria um infarto ou um derrame no futuro, ou mesmo uma complicação renal. Quanto mais cedo a gente intervir para evitar que esses níveis de açúcar subam, melhor”, destaca o endocrinologista.
O tratamento do diabetes inclui mudanças no estilo de vida, com alimentação saudável e prática regular de atividade física, medicação e, em alguns casos, uso de insulina. Se você identificou que tem fatores que podem aumentar o seu risco de desenvolver diabetes, procure uma avaliação médica para realizar exames e saber como estão suas taxas.
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