Diabetes emocional realmente existe? Entenda


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Diabetes

mulher furando o dedo para checar a glicemia. veja se existe diabetes emocional

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Publicado em: 3 de julho de 2023

Revisado em: 4 de julho de 2023

As causas do diabetes podem ser diversas, mas ainda não é possível dizer que as emoções contribuem para o diagnóstico. Veja se existe diabetes emocional.

 

Diabetes é um grupo de doenças que leva a um nível elevado de glicose (açúcar) no sangue. Os tipos mais frequentes são diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional. Também é comum ouvir falar sobre o diabetes emocional. Mas será que ele existe mesmo? 

Rodrigo Nunes Lamounier, endocrinologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que essa é uma pergunta difícil de responder. “Na classificação etiológica do diabetes, o diabetes emocional não existe. Não existe um CID, uma classificação de doença”, começa. 

Lembrando que CID é a classificação internacional de doenças. É um sistema de códigos criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que é utilizado em todo o mundo como forma de padronizar a linguagem entre os médicos.

“Porém, se você perguntar para pacientes com diabetes se a glicose altera quando eles estão em estado de alteração emocional, por estresse, por emoção muito forte, eu chutaria que, no mínimo, nove em cada dez vão dizer que sim”, pondera o médico.  

O endocrinologista cita que dados de pacientes com monitoramento contínuo de glicose mostram que o nível de glicose deles foi maior durante um assalto, por exemplo, em relação ao registrado ao longo da semana. 

“Portanto, há um senso comum, uma lógica científica, uma plausibilidade para entender que as emoções podem contribuir, sim, para o diabetes”, diz.

No entanto, é importante ressaltar que ‘contribuir’ não quer dizer ‘causar’. Isso porque as causas do diabetes podem ser diversas. Por exemplo, no caso do diabetes tipo 1, existe uma propensão genética. Já o tipo 2 tende a estar relacionado à obesidade, ao sedentarismo e ao envelhecimento.

“‘Eu descobri o diabetes tipo 1 quando minha avó faleceu, foi um período muito difícil, eu estava angustiado e, por isso, me deu diabetes.’ Quem sou eu para dizer que a perda de uma pessoa querida e amada, que causou tanto sofrimento, não teve nada a ver com o fato de o pâncreas dele deixar de produzir insulina? Seria, primeiro, um desrespeito discutir isso e, segundo, seria uma forma de arrogância de um conhecimento que nós sabemos que ele tem, então, no final, a causa, a origem de todos os processos de saúde-doença, muitas delas nós ainda estamos aprendendo”, ressalta o especialista.

        Veja também: Diabetes e qualidade de vida: como é conviver com a doença

 

Tratamento

O dr. Lamounier destaca que, mais importante do que saber a causa, é focar no tratamento da doença. “Do ponto de vista do tratamento, isso não é tão relevante, a não ser que ele [a causa] tenha implicância na condução do tratamento”, diz.

Ele cita como parte do tratamento do diabetes a prática regular de atividade física, o controle do peso e do nível de glicose, o uso dos remédios indicados e, se for o caso, a injeção de insulina.

“Parecem coisas muito simples, ainda mais pra quem tem isso já pacificado na sua rotina, mas para muitas pessoas é um grande desafio, uma dificuldade muito grande conseguir mudar”, compreende.

Por isso, o endocrinologista cita como ponto essencial no tratamento do diabetes, independentemente do tipo e das causas, a motivação para mudar o estilo de vida, para conviver bem com essa doença crônica. “Acho que essa é a grande questão, do ponto de vista do tratamento: encontrar a motivação para o autocuidado. Isso sim é um grande desafio”, conclui.  

 

Sobre a autora: Fabiana Maranhão é jornalista desde 2006 e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por temas ligados à infância e à adolescência, alimentação saudável e saúde mental.

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