O pH (potencial hidrogeniônico) é uma escala que mede o grau de acidez ou alcalinidade de um meio, como o corpo humano. Quando o pH está em desequilíbrio, podem ocorrer diversas reações. Entenda.
O pH, ou potencial hidrogeniônico, é uma escala que mede a acidez ou alcalinidade de um meio a partir da concentração de íons hidrogênio (H+). Quanto maior a concentração de H+, menor o pH de uma substância — consequentemente, mais ácida ela é. Mas o que isso tem a ver com o nosso corpo? Tudo.
O pH regula as atividades de quase todos os sistemas de enzimas e funções celulares. Por isso, é importante conhecer o funcionamento dessa escala nas diferentes áreas do organismo e saber como mantê-la em equilíbrio.
Como funciona o pH?
O pH varia de 0 a 14 e pode ser classificado em três tipos: neutro, ácido e alcalino.
“No meio neutro, o pH é igual a 7, ou seja, há um equilíbrio entre o grau de acidez e alcalinidade. No meio ácido, a concentração de íons de hidrogênio é maior, então o pH é inferior a 7. E no meio alcalino, a concentração de íons de hidrogênio é menor, com pH superior a 7”, explica a dra. Vânia Maia, clínica geral do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
No nosso organismo, no entanto, esse níveis podem variar de acordo com a área do corpo:
- Sangue: o pH normal do sangue arterial é de 7,4, enquanto o do sangue venoso é cerca de 7,35. Isso porque o sangue venoso (que vai do coração para os pulmões) é rico em gás carbônico;
- Urina: o pH normal varia entre 4,5 e 8;
- Estômago: o pH normal fica em torno de 0,8. Esse nível tão baixo se dá por conta dos ácidos liberados na digestão dos alimentos, tornando a concentração de íons de hidrogênio cerca de 4 milhões de vezes maior do que no sangue, por exemplo.
- Pele: o pH normal varia de 4,6 a 5,8. Ter um pH levemente mais ácido contribui para a proteção bactericida e fungicida, mas, com o tempo, é comum que a pele vá se tornando mais neutra.
Como medir o pH?
Para saber se os níveis de pH estão em equilíbrio, existem alguns exames que são solicitados em situações específicas.
“O mais comum deles é a gasometria arterial. É feito mais em pacientes que a gente suspeita que tenham alguma alteração, acidose ou alcalose, que gere risco à vida, geralmente já com alguma comorbidade prévia ou um quadro mais grave”, detalha a dra. Vânia.
Outros exames como o de urina tipo 1 e a pHmetria esofágica também servem para avaliar os níveis de pH. Mas, de forma geral, eles só são pedidos quando existem indícios de que há algum desequilíbrio, o que pode ser causado por:
- Diabetes mellitus descompensado;
- Enfisema pulmonar;
- Diarreia;
- Uso indiscriminado de determinadas substâncias, como bicarbonato de sódio;
- Poluição;
- Outros fatores.
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Como identificar quando o pH está desequilibrado?
A depender da região do organismo atingida, os sintomas são diferentes.
No sangue, o quadro mais comum é a acidose. Os sintomas envolvem fadiga, náuseas e vômitos. Em quadros mais graves, o paciente pode ficar com a respiração rápida e profunda e até evoluir para óbito.
No estômago, a acidose também é frequente. Por já ser um ambiente naturalmente ácido, se houver ainda mais acidez no órgão, podem surgir sintomas, como azia, queimação e dor abdominal. A evolução pode resultar em gastrite, úlcera gástrica e doença do refluxo gastroesofágico.
Na pele, o desequilíbrio do pH é geralmente causado pelo uso incorreto ou em excesso de cosméticos e/ou produtos de limpeza. Os sintomas variam entre vermelhidão na pele, coceira, ardor e descamação. Para evitar, é importante verificar o uso correto dos produtos e lembrar que o sabonete de rosto deve ser diferente daquele usado no resto do corpo.
“Ter um pH equilibrado é a combinação de um conjunto de fatores que vão desde manter uma alimentação balanceada e hábitos de vida saudáveis até tratar doenças prévias para impedir o desenvolvimento ou o agravamento de uma acidose ou alcalose no organismo”, recomenda a dra. Vânia.
Quais são os alimentos mais ácidos para o estômago?
Outro ponto importante é que, toda vez que se fala em pH e alimentação, imagina-se que os alimentos cítricos são os principais causadores da acidificação estomacal. Mas isso é um mito.
“Na realidade, os alimentos mais ácidos são os ultraprocessados, porque existem vários ácidos em sua composição para mantê-los em conserva. Refrigerantes, bebidas alcoólicas, cafés expresso, vinagres, conservantes… Tudo isso gera uma piora do pH estomacal”, alerta a especialista.
Além disso, existem frutas que não são cítricas, mas contém acidez, como a maçã. Ou ainda frutas cítricas que têm ácidos fundamentais para o nosso organismo, como a laranja. Portanto, a atenção deve ser em relação aos alimentos ultraprocessados, já que são eles que reduzem o pH de forma prejudicial ao organismo.
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