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Zolpidem: como usar da forma correta?

mulher na cama, segurando um copo d'água e um comprimido de zolpidem
Publicado em 30/06/2023
Revisado em 04/07/2023

Quando o zolpidem é utilizado de forma adequada, ele pode ser um aliado no combate à insônia. Saiba quais são os cuidados necessários.

 

Quando uma pessoa toma um comprimido de zolpidem, é como se estivesse “apagando a luz” do cérebro. Em poucos minutos, o medicamento induz o sono e leva a um estado de relaxamento. Só que, apesar de poder ser uma solução para quem não consegue dormir, o zolpidem deve ser tomado da maneira correta para não afetar a saúde do paciente — seja ao dormir ou enquanto estiver desperto.

 

Quando o zolpidem é indicado?

O zolpidem é um medicamento não benzodiazepínico que atua no sistema nervoso central, ajudando a pessoa a entrar no processo do sono. Em geral, ele é indicado para quadros de insônia, sempre seguindo a prescrição médica, de forma organizada e durante um tempo determinado.

Na maioria das vezes, o uso do medicamento é indicado durante uma a duas semanas. No máximo, um mês. Isso porque, de acordo com Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), este é um tratamento que precisa ter começo, meio e fim para não interferir no mecanismo natural do sono.

Além disso, é importante ressaltar que o zolpidem só deve ser utilizado quando a insônia não aparece associada a outros quadros, como depressão, ansiedade ou apneia do sono.

“A depressão pode interferir nos hábitos de sono. A pessoa dorme demais, no caso da hipersonia, ou de menos, no caso da insônia. Se você dá um medicamento para que ela simplesmente durma, é como se estivesse colocando um curativo pequeno em uma ferida muito grande. A causa permanece sem ser tratada”, explica o especialista.

 

Erros mais comuns na hora de tomar o zolpidem

No entanto, na prática, não é bem isso que acontece. Muitas pessoas utilizam o zolpidem a longo prazo, de forma contínua e sem nenhum acompanhamento médico. Isso interfere na criação de hábitos saudáveis de sono e ainda pode colocar a pessoa em perigo devido à chamada amnésia anterógrada.

Esse fenômeno, conhecido como “apagão”, é o que faz o indivíduo tomar decisões sob o efeito do medicamento e não se lembrar de nada no dia seguinte. Geralmente, acontece quando a pessoa toma o remédio e não vai se deitar imediatamente. 

“Ela fica obnubilada pelo efeito do remédio antes de adormecer por completo. Aí manda uma mensagem, faz uma postagem inadequada nas redes sociais, deixa senhas de banco abertas e só vai descobrir no dia seguinte o tamanho do estrago”, exemplifica o dr. Fernando.

Outro problema é misturar o uso do medicamento com bebidas alcoólicas e outros componentes psicotrópicos, intensificando efeitos colaterais, como confusão mental, tontura e a própria amnésia anterógrada. “Interfere muito no juízo e na tomada de decisão. Por isso que é bem perigoso”, alerta o especialista.

Veja também: Zolpidem pode causar apagão? O que você precisa saber antes de tomar o medicamento

 

Efeitos colaterais do uso indiscriminado do zolpidem

Além dessa questão relacionada à consciência de curto prazo, o uso do medicamento sem acompanhamento médico traz diversos efeitos negativos para a saúde. O dr. Fernando Gomes elenca os principais:

  • Piora da qualidade do sono: o estabelecimento neuroquímico e neuropsíquico, o relaxamento e até a possibilidade de sonhar ficam comprometidos com o uso constante do zolpidem.
  • Alterações na psique: enquanto dormimos, o cérebro continua trabalhando. Os sonhos, por exemplo, são uma percepção inconsciente das experiências vividas e também uma projeção das expectativas futuras. O uso do medicamento por muito tempo pode interferir nesse processo, modificando o entendimento da realidade.
  • Dificuldade de memorização: durante a fase REM, o último estágio do ciclo sono, as experiências vividas durante a vigília são “empacotadas” em forma de memória no hipocampo. Se uma pessoa estudar o dia todo e tomar o medicamento para dormir, as informações podem não ficar tão bem retidas no cérebro.
  • Mascaragem de outros problemas: em muitos casos, quando a insônia é causada por um transtorno como depressão ou ansiedade, o uso do zolpidem pode ocultar a origem do problema e atrasar o diagnóstico.
  • Dependência química e psicológica: depois de um tempo, a pessoa passa a precisar do estímulo neuroquímico para que o cérebro entre no ciclo do sono. Ela também faz disso um hábito, se desesperando se não tiver o remédio à disposição. É uma situação semelhante à adição do cigarro.

 

Como usar o zolpidem da forma correta

Procure o zolpidem apenas se você tiver recebido a prescrição médica e sempre respeite as seguintes orientações:

  • Siga as instruções passadas pelo médico para tomar o medicamento;
  • Antes de tomar o comprimido, confira os itens de segurança da casa: se fechou a porta, se desligou o fogo, se não deixou nenhum site de banco aberto ou se nenhuma outra pessoa que depende de você (como uma criança ou um idoso) irá demandar a sua atenção;
  • Ao tomar o comprimido, deite na cama imediatamente;
  • Utilize o medicamento apenas pelo tempo receitado pelo médico. Às vezes, o tratamento precisa ser um pouco mais prolongado, mas apenas o profissional especializado poderá orientá-lo;
  • A longo prazo, adote hábitos de higiene do sono, como ir dormir sempre no mesmo horário, criar um ambiente que induza o sono, evitar sonecas durante a tarde, desligar aparelhos virtuais próximo da hora de dormir, entre outros.

Veja também: Muito além do cansaço: conheça os impactos da privação de sono

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