Zolpidem pode causar apagão? O que você precisa saber antes de tomar o medicamento

O remédio, que é utilizado em casos de insônia, é seguro, mas só deve ser consumido com prescrição.

Compartilhar

Publicado em: 19 de setembro de 2022

Revisado em: 19 de setembro de 2022

O remédio, que é utilizado em casos de insônia, é seguro, mas só deve ser consumido com prescrição médica.

 

Nas últimas semanas, viralizaram na internet inúmeros relatos de pessoas que, enquanto faziam uso do medicamento zolpidem, tiveram episódios compulsivos de compras, alucinações, sonambulismo, ataques de comilança na madrugada, entre outros efeitos colaterais indesejáveis, sem que se lembrassem de nada depois. Mas, afinal, por que isso ocorreu? 

 

Tratamento de insônia

O zolpidem é um medicamento não benzodiazepínico, de curta duração, que atua no sistema nervoso central e é utilizado para tratamento de insônia.

Segundo a médica psiquiatra dra. Danielle H. Admoni, ele é um medicamento totalmente seguro e tolerado, quando prescrito corretamente. 

“O que estamos observando é que muitas prescrições não estão vindo de psiquiatras, mas sim de médicos de outras especialidades, que muitas vezes não fazem as devidas observações sobre o uso adequado da medicação”, explica ela.

O zolpidem, muitas vezes, é utilizado como adjuvante para o tratamento de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. “A insônia costuma ser um efeito desses transtornos, e o paciente fica com muita dificuldade de dormir. Então, entramos com essa medicação, ao mesmo tempo em que tratamos o transtorno. Os resultados são positivos. Mas há um tempo já predefinido para o uso, não é pra tomar a vida toda”, complementa a dra. Maria Francisca Mauro, psiquiatra clínica. 

Além disso, o medicamento nem sempre é a primeira opção terapêutica dos psiquiatras. “Hoje dispomos de um arsenal terapêutico variado”, salienta a dra. Admoni.

Veja também: Meu sono piorou na pandemia: e agora?

 

Como tomar zolpidem de forma segura?

Dois dos efeitos do zolpidem descritos em bula são o sonambulismo e a chamada amnésia anterógrada, que pode ser definida como um “apagão”. O indivíduo pode conversar, fazer compras, falar ao telefone, e não se lembrar de absolutamente nada depois. Mas é importante salientar que isso não significa que o efeito vai acontecer com todos os pacientes. Todo medicamento tem efeitos colaterais variáveis, inclusive remédios muito utilizados, como a dipirona e o ibuprofeno. 

Pacientes com histórico de sonambulismo devem ficar atentos e comunicar ao médico essas situações antes de iniciar o tratamento. 

“É um medicamento seguro, mas as pessoas esquecem as recomendações. É tomar e ir dormir, não ficar olhando no celular, mexer no computador, pegar o carro e sair pra ir à padaria. Se tiver algum evento, só tomar depois que voltar, e nunca misturar com álcool”, reforça a dra. Admoni. 

 

Sonambulismo

Antes de iniciar o tratamento, também é importante comunicar o parceiro ou parceira sobre o uso da medicação, porque a droga tem um efeito rápido no organismo e começa a agir em cerca de 30 minutos. 

“Se houver um caso de sonambulismo, o ideal é tentar conduzir o indivíduo de volta pra cama novamente ou ficar observando-o. Não é recomendado acordá-lo de forma abrupta, porque pode assustar. É importante também relatar todo efeito adverso ao médico, pois às vezes é necessário trocar a medicação”, explica a dra. Mauro. 

Em casos de comportamentos de risco, ou compulsivos, o ideal é também tentar levar a pessoa para a cama e desestimulá-la a fazer a atividade em questão. “No momento em que está acontecendo a ação, a pessoa pensa que está consciente, mas não está. Aí no outro dia ela não lembra de nada. Então, não entre em discussões, nem nada do tipo. Somente a tranquilize e a leve para deitar e dormir”, complementa a psiquiatra. 

Veja também: Todo mundo sonha? Entenda o que acontece no cérebro durante o sono

Veja mais