Agentes infecciosos ou doenças podem elevar a temperatura do organismo para além de 37,8º C, o que caracteriza a febre. Em muitos casos, a febre ajuda o corpo a combater a agressão, mas há casos em que é necessário procurar ajuda médica. Saiba quando.
A temperatura do corpo humano é controlada por uma área do cérebro chamada hipotálamo, que age como um termostato ajustado para manter os órgãos internos a 37℃. Esse objetivo é alcançado por meio do equilíbrio entre a perda de calor pelos órgãos periféricos (pele, vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas, etc.) em contato com o ambiente e a produção de calor pelo processo metabólico dos tecidos internos.
Quando o organismo é agredido por um agente externo ou por uma doença dos órgãos internos, o termostato pode elevar a temperatura dois ou três graus acima dos valores habituais, o que caracteriza a febre.
Na verdade, a febre não é uma doença; é uma reação do organismo contra alguma anomalia. Também não é necessariamente um mal. Nas infecções, por exemplo, ajuda o sistema de defesa a livrar-se do agente agressor.
Quantos graus é preciso ter para ser considerado febre?
A temperatura corpórea considerada ideal varia entre 36º C e 36,7º C. Geralmente, ela é mais baixa pela manhã e mais alta no fim da tarde ou à noite. Alterações de até um grau podem ser absolutamente aceitáveis em condições normais. Nas mulheres, por exemplo, após a ovulação, durante o ciclo menstrual e no primeiro trimestre da gravidez, ocorre uma elevação natural da temperatura. Portanto, só é considerado febre quando a temperatura se encontra acima de 37,8℃.
Como sei quando a febre é alta?
Os infectologistas estabelecem os seguintes limites para caracterizar a febre:
- Febrícula: De 37,3℃ a 37,8℃;
- Febre: Acima de 37,8℃;
- Febre alta: Considera-se, em geral, a partir de 39℃.
Como usar o termômetro
A única maneira de ter certeza de que uma pessoa está com febre é medir sua temperatura com um termômetro, de preferência eletrônico. A maneira mais usual de aferi-la é colocar o bulbo do termômetro nas dobras das axilas, aguardar com o braço imóvel (sem “esfregar”) e só retirar depois de cinco minutos para fazer a leitura.
A temperatura pode ser medida também no interior da boca ou do reto, parte do intestino grosso que termina no ânus, mas esse método geralmente só é suado em clínicas e hospitais. Nessas áreas, ela costuma ser um grau mais alto do que a medida nas axilas.
Veja também: 5 sinais de que é hora de procurar um médico quando há febre
É importante medir várias vezes e anotar os valores
A maioria dos quadros febris é provocada por doenças infecciosas comuns e de curta duração. No entanto, como a febre pode também ser um dos sintomas de várias enfermidades diferentes, é indispensável estabelecer o diagnóstico diferencial para orientar a conduta terapêutica.
Em todos os quadros febris, é muito importante medir a temperatura três ou quatro vezes por dia e anotar os valores e horários correspondentes. Saber se os picos febris são altos ou baixos e em que horário se manifestam ajuda a identificar as enfermidades que possam estar envolvidas e a ajudar a estabelecer o diagnóstico.
Causas mais comuns de febre
Entre as causas da febre, é importante destacar as infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas e as não infecciosas, como as doenças do sistema nervoso central (hemorragias, traumatismos, tumores cerebrais), as neoplásicas (câncer de fígado, rins, intestinos, linfomas, leucemia), as cardiovasculares (infarto, tromboflebite, embolia pulmonar), hipertireoidismo, alguns tipos de hepatite e de doenças reumáticas etc.
Sintomas que normalmente surgem junto com a febre
A febre se instala quando o termostato (hipotálamo) se ajusta para fazer o corpo atingir uma temperatura mais alta. Nesse momento, começam os arrepios de frio que podem transformar-se em tremedeira seguida de sensação de calor intenso e sudorese.
Outros sintomas são dores musculares, nas juntas, dor de cabeça, fraqueza, apatia, irritabilidade, indisposição, perda de apetite, boca seca, desidratação.
Especialmente nas crianças, febres que se aproximam dos 40℃ ou ultrapassam tal limite podem provocar confusão mental, delírios e convulsões.
Tratamento da febre
Como a febre é apenas um sintoma, a escolha do tratamento está diretamente associada à doença de base. Infecções por bactérias, por exemplo, podem exigir a prescrição de antibióticos, um tipo de medicamento absolutamente ineficaz quando o agente da infecção é um vírus.
Em grande parte dos casos, a febre é provocada por germes causadores de infecções de curta duração (gripes, resfriados, algumas infecções intestinais, amidalites, pneumonias, etc.), que o próprio sistema de defesa do organismo consegue eliminar. Portanto, em grande parte dos casos não há necessidade de medicamentos especiais para tratamento da febre. Hidratação, repouso e remédios simples como analgésicos para aliviar os sintomas são medidas suficientes para o conforto do paciente.
Medicamentos antitérmicos ou antipiréticos devem ser utilizados com cuidado e quando absolutamente necessários. Sempre é bom ressaltar que doses muito altas de paracetamol podem agredir os rins e o fígado e que o ácido acetilsalicílico é contraindicado nos casos de dengue e de certas infecções virais das crianças.
No vídeo abaixo, o Dr. Drauzio esclarece quando se deve fazer uso de antitérmicos para baixar a febre. Assista:
Quando procurar ajuda médica em caso de febre
A febre pode ser o sinal de alerta de uma doença que precisa ser tratada com rapidez. Por isso, procure assistência médica nos seguintes casos:
Bebês com menos de três meses
Temperatura acima de 37,5℃ e abaixo de 35,5℃.
Bebês com mais de três meses
Temperatura superior a 39℃ em s ou se a febre alta ou baixa vier acompanhada de choro persistente e irritabilidade extrema.
Bebês entre três meses e dois anos
Febre que dura mais de um dia, acompanhada de dor de cabeça, irritabilidade, sonolência, dificuldade para falar, apatia (sintomas sugestivos de meningite).
Pessoas de qualquer idade
Febre acompanhada dos seguintes sintomas:
- Dor de cabeça forte e persistente;
- Sensibilidade excessiva à luz;
- Dor de garganta que impede a deglutição;
- Vermelhidão na pele;
- Nuca endurecida e dolorosa ao curvar a cabeça;
- Confusão mental;
- Vômitos repetitivos;
- Dificuldade para respirar ou dor no peito;
- Irritabilidade, apatia ou sonolência;
- Dores abdominais;
- Dor ao urinar ou micção frequente em pequena quantidade.
Veja também: 5 formas de baixar a febre sem usar medicamentos
Perguntas frequentes sobre febre
Como aliviar febre em crianças?
Banho morno é uma das melhores formas de aliviar o mal estar. Vista o bebê com roupas leves e em repouso, longe de ambientes agitados, e mantenha a criança sempre bem hidratada. Fique perto para identificar possível evolução do quadro, medindo sempre a temperatura e observando mudanças de comportamento.
Como medir a temperatura de bebês?
Da mesma forma que nos adultos: coloque o termômetro sob a axila e segure o braço pressionando o bulbo de três a cinco minutos.
O que fazer se a febre não baixa mesmo com medicamentos?
Antitérmicos e antipiréticos (classes de medicamentos para baixar a temperatura) só devem ser usados quando a febre causa mal estar extremo e quando não há sintomas que indiquem a necessidade de procurar ajuda profissional (como exposto acima). Se a temperatura não baixar mesmo após tomar medicamentos desse tipo pelo tempo prescrito por um médico ou pela bula, procure assistência o quanto antes.
Compressas com álcool ajudam a baixar a febre?
Não. O efeito é o mesmo de compressas com água fria, com a desvantagem de oferecer riscos, principalmente para crianças pequenas, já que o álcool pode ser absorvido ou inalado e provocar intoxicações graves. Também não coloque álcool na água do banho do bebê, pois nesses casos também há risco de intoxicação.
Banho gelado ajuda a baixar a febre?
Banhos para aliviar o mal estar da febre devem ser frios ou mornos, e não gelados.
Para esclarecer, o dr. Drauzio fala sobre os cuidados com os banhos durante a febre:
Veja também: Mitos e verdades sobre a febre