A percepção dos sintomas do climatério podem ser diferentes em mulheres que usam anticoncepcional. Entenda mais sobre o assunto.
Ondas de calor, seguidas de transpiração noturna. Insônia, tonturas, palpitações e maior propensão à depressão ou irritabilidade. Secura vaginal, coceira, diminuição da libido e distúrbios menstruais. O sexo pode se tornar doloroso, a pele pode perder firmeza e elasticidade – especialmente no rosto e no pescoço – e até as mamas podem diminuir de tamanho.
Também é comum haver aumento da gordura no sangue e maior porosidade óssea, tornando os ossos mais frágeis com o tempo.
Esta longa lista representa alguns dos sintomas mais comuns durante o climatério, período de transição que marca o fim da fase reprodutiva. A menopausa, por sua vez, é confirmada quando a mulher fica 12 meses consecutivos sem menstruar.
“Há ainda sintomas que não são tão clássicos, como dores articulares não relacionadas a problemas reumatológicos prévios, uma sensação de coração acelerado, vertigens e tonturas, um brain frog (como uma névoa cerebral), alterações no paladar, mãos e pés formigando e até a Síndrome Genitourinária, que aumenta muito a vontade de fazer xixi ou a sensação de queimação que não está relacionada à infecção urinária”, explica dra. Aline Marques, ginecologista do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Mas será que todas as mulheres sentem esses sintomas com a mesma intensidade? Especialmente aquelas que usam pílulas anticoncepcionais?
Uso de pílulas anticoncepcionais na chegada do climatério
Segundo levantamento feito pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 2019, 40,6% das mulheres brasileiras de 15 a 49 anos que menstruavam e tinham atividade sexual nos últimos 12 meses usavam a pílula anticoncepcional.
Como o climatério geralmente começa a partir dos 40 anos, ele pode passar despercebido por muitas mulheres. Isso porque, sim, a pílula pode mascarar diversos sintomas, como a irregularidade menstrual. Por conter hormônios, ela interfere nos níveis hormonais naturais do corpo, afetando a forma como os sintomas são percebidos. No entanto, essa resposta varia de pessoa para pessoa.
É importante destacar que, embora as pílulas inibam a menstruação, elas não são capazes de retardar a menopausa, pois os óvulos continuam envelhecendo.
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Como saber se o climatério chegou?
Como falamos no início da reportagem, o climatério tem uma pluralidade de sintomas que vão além do físico. A dra. Natacha Machado, ginecologista-obstetra e membro da Sociedade Brasileira de Climatério (Sobrac), lista alguns indícios que merecem atenção:
- Você tem dormido bem?
- Seu humor está oscilando?
- Tem se sentido deprimida e ansiosa?
- Está com dificuldades de memória e concentração?
- Sente cansaço e fadiga constante?
Se você respondeu “sim” e já passou dos 40 anos, é importante procurar um ginecologista para avaliação e acompanhamento.
É seguro continuar usando a pílula durante o climatério?
É possível engravidar até a chegada da menopausa. Por isso, o uso de métodos contraceptivos continua indicado. “Não é só porque a paciente tem mais de 45 anos que ela não engravida mais, eu quero deixar isso bem claro. Existem muitas gestações naturais após essa faixa etária, embora elas ocorram em menor quantidade, elas são possíveis”, comenta a dra. Aline.
No entanto, nem sempre a pílula com etinilestradiol será a melhor opção. “Muitas vezes, evitamos o etinilestradiol e damos preferência ao estradiol, que tem um perfil mais seguro para essa faixa etária”, pontua dra. Tatiane Boute, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde.
A escolha do método deve ser personalizada, considerando histórico médico, presença de doenças (como hipertensão, diabetes, enxaqueca ou trombofilia), intensidade dos sintomas e preferência da paciente.
Geralmente, associa-se a terapia de reposição hormonal (quando indicada) com métodos contraceptivos que não utilizem hormônios sintéticos.
“Quando a mulher parar de tomar o anticoncepcional, os sintomas irão surgir da forma habitual. Elas devem sempre conversar com sua ginecologista para avaliar a melhor estratégia para o seu caso”, finaliza a dra. Tatiane.
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