Os pensamentos suicidas são mais prevalentes do que a gente imagina. Assista ao vídeo com a explicação do psiquiatra Jairo Bouer.
Olá, pessoal. Eu sou o Jairo Bouer e estou colaborando com o Entrementes, do portal do Dr. Drauzio Varella, neste mês de setembro, pra gente falar sobre prevenção ao suicídio, prevenção na área da saúde mental.
É muito legal a gente tá aqui comentando alguns assuntos que são muito importantes. E o tema de hoje, do vídeo de hoje, é como a gente lida com pensamentos suicidas.
Veja também: Como ajudar uma pessoa que está pensando em suicídio?
Eu acho que a primeira questão que a gente tem que lembrar, pessoal, é que você não está sozinho. No momento que você tem um pensamento suicida, que você está inseguro, que você está em crise, é muito importante saber que você pode e deve buscar ajuda de alguém. Então, acho que não estar sozinho, perceber que você não está sozinho é o primeiro passo.
Depois, pessoal, acho que é importante a gente entender que essas crises quase sempre passam. Os pensamentos suicidas eles são muito mais prevalentes do que a gente imagina. Alguns estudos mostram pra gente que quase uma em cada cinco pessoas já teve alguma forma, algum tipo de pensamento suicida em algum momento da sua vida. Ou seja, eles são muito mais comuns do que a gente pensa.
Se a gente entende esses pensamentos suicidas como um sinalizador importante pra uma crise, pra alguma coisa que não tá legal na vida da gente, isso pode fazer toda a diferença.
Então, entender que ele é uma crise passageira, entender que possivelmente, se a gente procurar o suporte de alguém, a gente supera esse pensamento, e ele deixa de incomodar, ele deixa de estar presente nas nossas vidas. Acho que esse é um outro ponto central e muito importante.
Acho que um outro ponto muito importante da gente lembrar é que a pessoa não tem que ter vergonha de tá sentindo aquilo que ela tá sentindo. Não dá pra negar, né? Se o pensamento chegou e ele está com você, é porque alguma questão muito séria está te incomodando, alguma questão muito séria está presente na tua vida. E aí, é não ter vergonha de buscar ajuda, é não ter vergonha de dividir isso com alguém.
Pessoal, muitas vezes na vida, só da gente falar sobre o problema, só da gente conseguir colocar pra fora esse problema, a gente consegue mudar o ângulo que a gente tá enxergando esse problema. Essa questão e isso pode fazer toda a diferença.
Contar com o apoio de alguém é muito importante e pode ser um ponto de virada. Então, quem é essa pessoa com quem eu posso desabafar? Em quem eu posso confiar? Vai depender. Pode ser um familiar; pode ser teu parceiro, tua parceira; pode ser um colega; pode ser alguém que você gosta muito; pode ser alguém que tá distante.
Mas enfim, é fundamental a gente buscar o suporte de alguém, a gente colocar pra fora isso que tá incomodando a gente.
Se essa pessoa não der conta do recado, se ela tiver dificuldade de lidar com esse pensamento suicida, se ela não tiver conseguindo te ajudar, seria importante que você pedisse pra ela fazer uma ponte entre você e algum tipo de ajuda. Uma ajuda voluntária, redes de apoio ou um serviço de um profissional da saúde mental — um psicólogo, um psiquiatra. Isso tudo é muito importante.
E se você está sozinho nesse momento e sente que não tem a quem recorrer, não se esqueça do CVV, o Centro de Valorização da Vida. É uma entidade que existe há mais de 50 anos e pode te atender pela internet, por chat e por telefone. O número é 188. É fundamental você não ficar sozinho.
Outra questão que é recomendada é que você evite abusar de substâncias como álcool, drogas ou medicamentos. Numa situação como essa, se você usar algum tipo de substância, você pode perder um freio importante, e aí você pode num momento de mais impulsividade fazer uma tentativa de suicídio.
A gente falou num dos vídeos do canal que são 12 mil mortes por suicídio no Brasil todos os anos. O número de tentativas de suicídio é de 10 a 20 vezes esse valor. Ou seja, é fundamental que você busque ajuda para tentar colocar um anteparo entre o pensamento e a tentativa. Se você consegue respirar, pensar, controlar essa impulsividade, as chances de uma tentativa são bem menores, tá?
Então, de novo: não fique sozinho, não tenha vergonha. Fale, coloque pra fora, busque apoio. Isso tudo faz toda a diferença. Na esmagadora maioria das vezes essa é uma crise passageira.