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Não diga isso para quem tem risco de suicídio | Entrementes

Dr. Jairo Bouer dá dicas do que não dizer para pessoas com risco de cometer suicídio.
Publicado em 24/09/2020
Revisado em 24/09/2020

Se você conhece alguém que apresenta tendências suicidas, procure dar apoio e evite julgar ou minimizar os sentimentos dela. Dr. Jairo Bouer dá outras dicas do que não falar.

 

Olá, pessoal! Eu sou o Jairo Bouer, estou colaborando nesse mês para o Entrementes, do portal do dr. Drauzio Varella, nesse mês de setembro, que é Setembro Amarelo, mês em que a gente discute a prevenção ao suicídio e os cuidados com a saúde mental. E hoje a gente fala de um tema muito importante, que é o que não dizer para uma pessoa que tá pensando em suicídio. 

Acho que antes da gente falar o que não dizer pra uma pessoa que está pensando em suicídio, eu acho que a gente tem que ressaltar, a gente tem que enfatizar que a coisa mais importante é a gente mostrar que a gente tá ali do lado e que a gente está pra ouvir. Muito mais do que pra falar, a gente está pra ouvir, pra escutar, pra dar apoio. Esse é o primeiro ponto.

O segundo ponto, eu acho que a gente tem que evitar julgar, minimizar, reduzir o sofrimento que aquela pessoa tá enfrentando. Então frases do tipo “isso não é nada, vai passar”, “confie em Deus, isso é falta de religião” ou “tenta ver a vida pelo lado mais positivo”, “Deus me livre pensar em suicídio”, “você não sabe o que você tá desperdiçando”. 

Esse tipo de situação, esse tipo de frase só faz com que a pessoa se sinta ainda mais impotente, se sinta com mais dificuldade de lidar com aquele momento delicado, difícil que ela tá enfrentando.

Veja também: Pensamentos suicidas

Então, eu acho que escutar, ouvir muito mais do que falar. E quando você for falar, evitar minimizar, reduzir, não considerar o sofrimento que aquela pessoa tá tendo, porque aquele é um sofrimento real, aquele é um sofrimento concreto. Se ela está verbalizando aquilo, se ela está falando sobre aquilo é porque de fato ela está sofrendo e ela está tendo uma dificuldade tremenda em administrar a sua vida emocional, a sua saúde mental. Então, estar do lado é o mais importante.

E o que a gente pode falar nesse momento pra uma pessoa que está com pensamento suicida é que você está do lado, você entende essa dor e esse sofrimento e que você está ali pra dar apoio, ajuda, suporte. E que com essa ajuda, e com a ajuda de outras pessoas, é possível sim superar essa crise, é possível sim superar essa fase. É uma fase difícil, é uma fase complicada, são emoções muito fortes, mas que podem com apoio, com amizade, com carinho, com empatia, isso pode ser superado sim. Então, acho que o discurso deve ser focado nessa direção. 

Outra coisa que eu acho muito importante é nunca considerar que aquela questão que a pessoa tá trazendo é uma espécie de uma chantagem emocional, não levar a sério aquilo que a pessoa tá contando. É muito importante a gente valorizar a queixa, a gente valorizar o sofrimento, a gente valorizar que a pessoa tá conseguindo naquele momento de crise externalizar essa dor, externalizar esse sofrimento. Isso é central, isso é importante.

Outra coisa que eu acho muito importante é você mostrar o seguinte: se esse apoio teu não tá sendo suficiente, se a pessoa está com uma ideação suicida que não consegue, que não pode ser demovida de forma alguma, é fundamental de novo ser o elo, mostrar pra essa pessoa que ela precisa buscar uma ajuda especializada. Pode ser grupo voluntário, como o CVV, o Centro de Valorização da Vida, pode ser uma ajuda profissional, de um psiquiatra, de um psicólogo, de um profissional de saúde mental. Mas com suporte, com a ajuda e com a tua amizade, isso tudo pode sim ser superado.

Acho que essa é uma questão muito importante de você mostrar: que você tá do lado, você não tá julgando, você não tá avaliando, você tá entendendo aquela dor e você vai tentar ajudar a pessoa a passar por essa fase complicada e difícil. É isso aí.

Estar ao lado e mostrar  que você tá do lado, sinalizar que você tá dando apoio, é muito, muito, muito importante.

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