O cardiologista Rodrigo Noronha esclarece algumas perguntas sobre a fibrilação atrial, um distúrbio do coração que pode provocar AVC. Assista.
O cardiologista Rodrigo Noronha, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Pesquisador do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, esclarece as principais dúvidas sobre a fibrilação atrial, um distúrbio dos batimentos cardíacos que pode provocar AVC (acidente vascular cerebral) e outros problemas graves.
O que é fibrilação atrial?
O coração é dividido em ventrículos e átrios; os átrios são a parte de cima do coração. Fibrilação atrial é uma arritmia que acontece nessa região, quando existe uma perda da estimulação elétrica normal do órgão. Ou seja, existe uma irregularidade nesses estímulos e o coração para de contrair na parte atrial de forma adequada, e começa apenas a “fibrilar” (tremer). Com isso, ele perde a pulsação normal do fluxo sanguíneo.
Fibrilação atrial é o mesmo que arritmia?
É um tipo de arritmia. São vários os tipos de arritmia, que é a perda do ritmo normal do coração. Essa perda do ritmo pode ser pelo aumento da frequência de batimentos, ou por uma batida mais lenta, ou apenas pela perda desse compasso.
O que diferencia a fibrilação atrial de outros tipos de arritmias?
A fibrilação atrial causa uma alteração no fluxo de sangue da passagem dos átrios para o ventrículo. Como o átrio não contrai (apenas fica fibrilando), existe uma probabilidade maior de formação de coágulos nessa região.
Quais são os principais sintomas e fatores de risco da fibrilação atrial?
A presença do sintoma na fibrilação atrial é muito importante, mas ela também pode se apresentar de forma assintomática, assim como a hipertensão ou o diabetes. Às vezes, o paciente só descobre que tem arritmia depois de um evento sério causado por ela. Outros pacientes apresentam sintomas como cansaço, fadiga e palpitação, que, por vezes, pode ser arrítmica e não sincronizada.
Os principais fatores de risco são a idade, hipertensão, obesidade e apneia do sono, abuso de bebidas alcóolicas e cirurgias cardíacas com manipulação do coração.
Fibrilação atrial é grave? Quais são as principais consequências da doença?
É extremamente grave. Apesar de pouco conhecida, a fibrilação atrial é prevalente na população. Ela causa uma parada do sangue dentro dos átrios e, dessa forma, o sangue pode formar coágulos. Esses coágulos, quando passam pelos ventrículos, são ejetados para toda a circulação e podem causar AVC, embolias arteriais e isquemias.
Como é realizado o diagnóstico?
Um eletrocardiograma simples, no consultório do médico, pode fazer o diagnóstico de uma arritmia tão importante. Porém, vários pacientes apresentam esse quadro de forma “vaivém”, então, outras ferramentas, como o holter, por exemplo, ou até mesmo o looper, que são eletrocardiogramas que permanecem durante um tempo com o paciente, são utilizadas para que esse diagnóstico seja feito de maneira adequada.
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Tem cura? Qual o tratamento mais indicado?
Parte dos pacientes permanecerão com a fibrilação até o resto de suas vidas. Ela pode ser revertida com agentes antiarrítmicos em alguns casos.
Atualmente, existem novos anticoagulantes. Eles são mais modernos, pois não precisam ser monitorizados mensal ou semanalmente, o que dá uma praticidade enorme para o paciente, e apresentam risco até 70% menor de sangramento em comparação com anticoagulantes utilizados no passado. Há, pelo menos, 5 desses novos anticoagulantes, e um deles possui inclusive um agente reversor. Ou seja, se o paciente precisar de um procedimento cirúrgico, ou tenha um sangramento importante e precise reverte o efeito anticoagulante, existe uma gente que pode ser usado de forma “liga-desliga”.
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Sabendo que a fibrilação atrial é uma arritmia importante e pode ser a principal causa de um AVC, é importante o check-up anual, pois é aí que ele pode ter o diagnóstico e iniciar o tratamento, que atualmente é muito seguro.
Se eu tiver fibrilação atrial, preciso mudar algo na minha rotina?
O portador da doença pode praticar atividade física de forma normal, desde que com recomendação médica. Existem várias formas de fibrilação atrial e o mais importante é que a frequência cardíaca desse paciente esteja controlada e que ele tenha recebido o agente anticoagulante (desde que bem indicado).
A recomendação mais importante é que o paciente não pratique esportes radicais, pois uma vez que ele está anticoagulado, ele tem um risco maior de sangramento.
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