Psoríase em 7 perguntas | Ricardo Romiti

Juliana Conte é jornalista, repórter do Portal Drauzio Varella desde 2012. Interessa-se por questões relacionadas a manejo de dores, atividade física e alimentação saudável.

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Especialista esclarece as principais perguntas sobre psoríase, doença de pele que pode causar também problemas emocionais.

 

Dia 29 de outubro é o Dia Mundial da Psoríase, doença que, além de provocar sintomas físicos bastante incômodos, pode causar problemas emocionais aos portadores por conta da discriminação. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) tem um conteúdo especial. Acesse aqui: http://bit.ly/SBD-psoriase

A psoríase é uma doença crônica de pele, caracterizada pelo surgimento de lesões avermelhadas e descamativas, em geral com placas esbranquiçadas. É importante reforçar que psoríase não é contagiosa e tem tratamento.

Para falar sobre a doença, convidamos o dr. Ricardo Romiti, médico dermatologista da SBD e responsável pelo Ambulatório de Psoríase do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

 

A psoríase pode aparecer em qualquer região do corpo?

A psoríase é uma doença inflamatória da pele que pode acometer qualquer região da superfície corpórea. Naturalmente, a psoríase tem algumas áreas de predileção, como cotovelo, joelhos e couro cabeludo, que costumam ser mais frequentemente acometidas.

Indivíduos com a doença também podem manifestar lesões em áreas de trauma, como machucados e arranhões. Em mais ou menos 1/3 dos casos aparece, associada às lesões cutâneas, a chamada artrite psoriásica, uma inflamação das articulações que pode causar dor e, às vezes, até levar a quadros deformantes.

 

Como eu sei se uma lesão é causada por psoríase ou por outra doença?

A lesão clássica de psoríase é uma placa elevada, avermelhada, em cima da qual se observam escamas que tendem a ser brancas ou prateadas e que se desprendem facilmente da pele.

Em geral, elas surgem nas regiões em que a doença costuma se manifestar, como cotovelos, joelhos e couro cabeludo, mas é importante lembrar que há outras dermatoses que às vezes podem se assemelhar à psoríase, como micoses e mesmo quadros alérgicos.

É importante salientar que o diagnóstico preciso da psoríase deve ser sempre realizado pelo médico dermatologista, que, examinando o paciente, vai saber fazer o diagnóstico acertado e instituir o tratamento correto.

 

Psoríase é uma doença contagiosa?

A psoríase não é uma doença contagiosa. Apesar de as pessoas terem receio de contrair a doença por meio das escamas que se soltam da pele do paciente, não há nenhum agente infeccioso dentro dessas escamas. Ou seja, a psoríase não apresenta risco de contágio, e os indivíduos podem ter contato com colegas e amigos e frequentar piscinas e praias, sem oferecer nenhum risco para as pessoas que convivam com eles. Ao contrário, quem tem psoríase precisa ser acolhido pela sociedade, para minimizar o isolamento que sofre e se integrar ao mundo social.

 

Qualquer um pode ter psoríase?

Qualquer indivíduo pode ser acometido pela psoríase. Há pessoas com uma predisposição maior, como as que já têm parentes, como um tio ou avô, com a doença. É sempre bom lembrar que a psoríase não passa de pai para filho, como muitas outras. Ela geralmente se manifesta em gerações mais distantes, mas a doença tem um componente familiar.

Portanto, o fator genético é um dos fatores predisponentes da psoríase, assim como algumas infecções, como de garganta ou de ouvido, que podem levar ao surgimento da psoríase ou à piora do quadro de quem já tem a doença.

Certas medicações, como antidepressivos e anti-inflamatórios, podem agravar o quadro de quem tem a doença. Na verdade não há uma causa específica para a psoríase, por isso ela é denominada uma doença multifatorial.

 

Como aliviar os sintomas?

O tratamento da psoríase varia de acordo com a forma com que ela se manifesta: se o indivíduo tem a forma clássica em placas, se tem uma forma mais pustulosa (com pequenas bolhas que parecem conter pus) ou a forma invertida (lesões mais úmidas, localizadas em áreas como virilha, axilas, embaixo das mamas etc.) e de acordo com a extensão da região corpórea acometida.

Indivíduos que tenham formas leves e localizadas podem ser tratados com pomadas e cremes anti-inflamatórios, com banhos de sol e emolientes. Já formas mais extensas e mais graves necessitam ou de um tratamento à base de fototerapia — que é realizado em cabines e utiliza raios ultravioleta aos quais o indivíduo se expõe por alguns minutos — ou de tratamento sistêmico, que pode ser realizado com comprimidos ou, mais recentemente, com medicamentos injetáveis chamados imunobiológicos, uma excelente opção de tratamento para as formas mais graves de psoríase e resistentes aos tratamentos sistêmicos tradicionais.

 

Psoríase tem cura?

Infelizmente, como até agora não conhecemos uma causa única para a doença, ela não é passível de cura. No entanto, temos disponíveis terapêuticas extremamente eficazes, capazes de reduzir completamente o quadro dermatológico e articular dos paciente, mas eles sempre vão precisar de acompanhamento com um médico especialista.

 

Estresse pode causar psoríase?

A associação entre psoríase e estresse é muito discutida por pacientes e profissionais de saúde. Na verdade, não existe um desencadeador específico da psoríase, mas sabemos que situações que despertam mais ansiedade, um estresse psicológico maior, tendem a exacerbar o quadro de psoríase, inclusive em pacientes que estão com a doença bem controlada.

 

Assista abaixo ao vídeo completo

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