Como acabar de vez com o suor excessivo?
Além dos constrangimentos causados pela transpiração, há ainda o cheiro forte, que pode ser um incômodo. Saiba o que fazer para combater.
Beatriz Zolin é estudante de Jornalismo e estagiária no Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde e sociedade, sexualidade e psicologia.
Publicado em: 25 de maio de 2022
Revisado em: 25 de maio de 2022
Além dos constrangimentos causados pela transpiração, há ainda o cheiro forte, que pode ser um incômodo. Saiba o que fazer para combater.
O suor serve para regular a temperatura do corpo. Quando o tempo fica muito quente ou quando praticamos atividades físicas, a transpiração é uma forma de eliminar o calor, ajudando o organismo a voltar ao estado de equilíbrio.
Mas, para algumas pessoas, ele deixa de ser apenas um mecanismo natural e se torna um problema. Quando em excesso, o suor gera desconforto e pode até levar ao isolamento social por conta da vergonha.
Sinais de que o suor é excessivo
Hiperidrose é o nome da condição em que as glândulas sudoríparas, responsáveis por produzir suor, atuam de forma mais ativa do que o normal. Pessoas com hiperidrose costumam suar bastante nas axilas, nas mãos e nos pés, mas podem transpirar também no rosto, no couro cabeludo, no pescoço, na virilha e em outras partes do corpo.
No dia a dia, os constrangimentos são muitos. “As camisetas ficam constantemente molhadas embaixo do braço, não importa a textura do tecido”, exemplifica a dra. Camila Lima, dermatologista no Acre e especialista em cabelo, pele e unhas.
Nas mãos, a dificuldade está em segurar a caneta na hora de escrever, já que o líquido chega a pingar entre os dedos. Nos pés, a mesma coisa: se cruzá-los descalços, é possível perceber o suor escorrendo. Andar de sandálias sem escorregar, por exemplo, pode ser uma tarefa complicada.
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De onde vem tanto suor?
“Geralmente, a hiperidrose começa a se manifestar na puberdade, que é quando o organismo começa a produzir mais testosterona”, explica a especialista. A testosterona é um hormônio responsável por diversas alterações no corpo masculino e pelo bom funcionamento do processo reprodutivo feminino.
De forma geral, a hiperidrose é dividida em dois tipos:
- Primária: Tem origem genética e é influenciada por fatores emocionais, como situações de estresse ou medo. “Quando a pessoa fica nervosa, ela produz suor. No caso desses pacientes, a transpiração excessiva os deixa ansiosos, e por isso acabam suando ainda mais”, comenta a dra. Camila. O suor é localizado (pés, mãos), e os sintomas só desaparecem ao dormir.
- Secundária: É adquirida ao longo da vida, por conta de distúrbios hormonais, doenças neurológicas ou efeitos colaterais de medicamentos. Esse tipo de hiperidrose afeta áreas incomuns ou o corpo todo, e não para durante o sono.
No dia a dia, a alimentação também influencia. Itens apimentados, por exemplo, aumentam a sudorese. Carne vermelha e alimentos inflamatórios, como o açúcar, interferem ainda no odor do suor.
O “cecê”
As regiões atingidas pelo suor excessivo tendem a ficar vermelhas e inflamadas. Isso acontece porque as bactérias que vivem na pele fazem a decomposição do suor, o que pode provocar um odor desagradável. É a bromidrose, ou o popular “cecê”.
Pessoas que sofrem com o excesso de suor de cheiro forte costumam ficar muito preocupadas com o problema e acabam se retraindo em ambientes sociais. Por outro lado, como vimos, a ansiedade leva à produção de mais suor, gerando um círculo vicioso.
No entanto, a dermatologista tranquiliza: tanto para a hiperidrose quanto para a bromidrose, existe solução.
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Tratamentos
Para combater a produção exagerada de suor, bem como o seu odor desgradável, há os seguintes tratamentos:
Desodorantes antitranspirantes
“Primeiro, a gente tenta diminuir a produção de suor com líquidos à base de alumínio”, afirma a dra. Camila. Desodorantes que contêm hidróxido de alumínio em sua composição são responsáveis por formar uma camada na superfície da pele que impede a liberação excessiva de suor. O recomendável é passar na região mais afetada à noite para que ela faça efeito no dia seguinte.
É importante destacar, porém, que nem todo desodorante é antitranspirante. O desodorante comum busca diminuir o cheiro, mas não impede a saída do suor. Já o antitranspirante, feito à base de alumínio, atua diretamente no problema, contendo pelo menos 20% da transpiração, e também contribui para a diminuição do odor. Ambos, no entanto, são temporários e devem ser reaplicados constantemente.
Quanto ao seu uso, lembre-se de:
- Agitar bem antes de aplicar;
- Passar sempre quando o corpo estiver seco;
- Esperar o produto secar antes de se vestir;
- Reaplicar em situações de nervosismo ou estresse.
Iontoforese
Essa é uma técnica que aplica agentes ionizantes na pele afetada através da corrente elétrica. Quando absorvidos, os íons diminuem gradativamente a transpiração no local.
As sessões costumam durar de 10 a 15 minutos e são feitas de 2 a 3 vezes por semana, depois passando para uma frequência quinzenal ou mensal. Não é, porém, um tratamento definitivo.
Medicamentos
O glicopirrolato e a oxibutinina, dois medicamentos anticolinérgicos, são os mais utilizados contra a hiperidrose. Eles se tornam uma opção quando as demais alternativas não dão certo. “O problema desse tratamento é que ele só funciona enquanto for usado. Se parar de tomar o remédio, a condição volta”, alerta a dra. Camila.
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Toxina botulínica (botox)
Outra linha terapêutica é a que utiliza o botox para paralisar as glândulas sudoríparas. Depois do tratamento, a pessoa deixa de produzir suor naquela região por seis a oito meses.
Laser
O procedimento utiliza a energia luminosa para reduzir o tamanho das glândulas sudoríparas. Como consequência, há uma diminuição na sudorese.
Cirurgia
Como última alternativa, existe uma cirurgia chamada simpatectomia compensatória. Ela consiste no corte do nervo que estimula a produção de suor, eliminando de vez o problema.
“Só que, como o nome já diz, é compensatório. O corpo vai procurar outras formas de regular a temperatura corporal, e é provável que a pessoa comece a transpirar em locais onde não transpirava antes”, ressalta a dra. Camila.
Dicas práticas
Além de procurar a ajuda de um dermatologista e seguir adequadamente o tratamento indicado, aqui vão algumas dicas para ajudar a amenizar os efeitos da transpiração excessiva no dia a dia:
- Utilize palmilhas nos sapatos ou discos absorventes nas axilas;
- Evite o consumo de alimentos termogênicos, como pimenta, feijoada, churrasco, café, chá e refrigerante;
- Prefira roupas mais arejadas em vez de tecidos supersintéticos, impermeáveis ou com plásticos, como poliéster e náilon;
- Em dias quentes, dê preferência a cores mais claras, que esquentam menos;
- Seque-se bem após o banho;
- Mantenha-se hidratado, pois isso ajuda a manter a temperatura do corpo equilibrada;
- Depile ou higienize bem as axilas para evitar a retenção de umidade;
- Troque de roupas todos os dias;
- Dê preferência aos sabonetes antissépticos;
- Deixe os sapatos em um lugar bem ventilado quando não estiver usando.
Se for o caso, busque ainda a orientação de um psicólogo e/ou nutricionista.
Veja também: DrauzioCast #61 | Hiperidrose