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Como tratar a infecção urinária de repetição?

Publicado em 28/08/2024
Revisado em 29/08/2024

O problema é frequente na população feminina e pode exigir o uso prolongado de antibióticos. Saiba mais.

 

A infecção urinária acontece quando um microrganismo adere a algum órgão do sistema urinário. Normalmente é causada por bactérias, mas também pode ser desencadeada por fungos ou vírus. A bactéria Escherichia coli é o tipo mais encontrado nos casos de infecção urinária. 

O problema pode acometer qualquer pessoa, mas é mais frequente nas mulheres, principalmente por conta da anatomia da uretra feminina, que é bem menor que a dos homens e está mais próxima ao ânus, o que facilita a passagem de agentes infecciosos. 

A infecção urinária de repetição é diagnosticada na mulher quando ocorrem mais de três episódios de infecção em um ano ou mais de dois episódios em seis meses. “É fundamental distinguir infecção urinária de repetição de infecção urinária persistente. Esta última caracteriza-se pela persistência da infecção mesmo após o tratamento”, explica Arie Carneiro, urologista e coordenador da pós-graduação em cirurgia robótica do Hospital Israelista Albert Einstein, em São Paulo (SP).

Segundo o médico, quando não é bem conduzida, a infecção de repetição pode causar alguns transtornos. Muitas pessoas passam a usar antibióticos de diferentes classes de forma indiscriminada, podendo gerar uma resistência aos medicamentos e tornando o quadro cada vez mais difícil. Além disso, casos refratários podem ser complexos e evoluir para infecções mais graves como pielonefrite (infecção nos rins) ou sepse (infecção generalizada). 

 

Como identificar a infecção urinária

Existem quadros chamados de “bacteriúria assintomática” que não provocam sintomas, mas no exame identifica-se a bactéria. Em geral, não há necessidade de tratamento nesses casos. 

Nos quadros mais comuns, os principais sintomas incluem dor e ardência ao urinar, aumento da frequência urinária e urgência miccional. 

“Em geral, se a infecção fica restrita à bexiga, mais conhecida como cistite, o paciente não apresenta sintomas sistêmicos, como febre, queda do estado geral, etc. Quando esses sintomas aparecem, consideramos uma infecção urinária complicada, ou seja, deve estar atingindo o rim (pielonefrite) ou a próstata (prostatite)”, esclarece o dr. Arie. 

O diagnóstico é clínico e laboratorial. Pacientes que apresentam os sintomas descritos devem fazer um exame de urina com urocultura e antibiograma, para identificar o microrganismo causador da infecção e garantir o tratamento adequado. “Em caso de suspeita de infecção complicada, uma ultrassonografia ou tomografia pode ser utilizada para avaliar pielonefrite e uma dosagem de PSA na suspeita de prostatite”, completa. 

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Como funciona o tratamento 

De acordo com o especialista, em primeiro lugar, é preciso orientar as pacientes sobre medidas comportamentais, como fazer a higiene local adequada, ter relações sexuais com a bexiga vazia e sempre urinar após a relação e utilizar roupas íntimas de algodão, além de tratar patologias uro-ginecológicas que podem estar associadas às infecções.

“Em casos refratários, podemos utilizar antibióticos de baixa dose por três meses como profilaxia. Em casos de infecções pelo germe Escherichia coli, podemos utilizar um tratamento que aumenta a imunidade do organismo contra essa bactéria. Mas é importante lembrar que o principal é identificar os fatores de riscos e atuar neles”, explica o urologista.

Em todas as situações, os exames de urina e urocultura são fundamentais para saber se o antibiótico escolhido está adequado ou não para aquele caso. Além disso, após o fim do tratamento, é importante refazer os exames para confirmar que ele foi bem sucedido.

A diferença do tratamento da infecção urinária isolada para a infecção de repetição é que, no caso da uma infecção isolada, trata-se apenas do episódio e depois é refeito o exame para confirmar que a infecção foi controlada. Já na infecção de repetição, é necessário uma investigação mais a fundo para identificar as causas do problema. 

“Em caso de infecção de repetição, devemos investigar o paciente, identificar corretamente a bactéria e realizar tratamentos direcionais e muitas vezes mais duradouros”, afirma o médico. 

Alguns fatores de risco que podem estar associados ao problema são má higiene local, relações sexuais, constipação, obstrução urinária, diabetes, alterações anatômicas como o prolapso genital, entre outros. “Quando o paciente apresenta infecções recorrentes ou persistentes, é mandatório uma investigação na tentativa de identificar a causa. Com isso, além de tratar a causa, devemos atuar em possíveis fatores de risco: tratar ressecamento vaginal, corrigir prolapso, tratar constipação, etc.” 

 

Medidas de prevenção

Para prevenir quadros de infecção urinária, algumas medidas práticas no dia a dia podem ser úteis, como: 

Outra recomendação é ir ao ginecologista com regularidade, para receber uma orientação adequada sobre saúde íntima e detectar precocemente possíveis problemas. 

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