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Saúde mental

Nem todo esgotamento é físico: conheça os 7 tipos de cansaço e saiba como lidar com cada um

Publicado em 08/07/2025
Revisado em 08/07/2025

Aprender a reconhecer a origem do cansaço é o primeiro passo para evitar que ele se torne um problema crônico.

 


Por que você está cansado? A pergunta parece simples, mas a resposta pode ser mais complexa do que imagina. Nem todo cansaço vem da correria do dia a dia ou de uma noite mal dormida. Existem diferentes tipos de esgotamento — como físico, mental, emocional, social, espiritual, sensorial e criativo —, e cada um deles exige cuidados específicos. Reconhecer o tipo de cansaço que você sente é o primeiro passo para lidar com ele de forma eficaz.

“Ao tratar todo tipo de cansaço apenas como físico, corremos o risco de ignorar causas mais profundas, como a sobrecarga emocional ou a exaustão mental”, alerta Hegli Norimar de Menezes, psicóloga pós-graduada em saúde mental pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Segundo a especialista, isso pode desencadear um efeito dominó: queda na imunidade, surgimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, desgaste nas relações e até perda do prazer nas atividades diárias.

A seguir, conheça cada um dos sete tipos de cansaço, como se manifestam, suas causas e o que fazer para aliviar os sintomas.

 

Cansaço físico

É o tipo mais conhecido e causa dores no corpo, fadiga muscular, sonolência e a clássica falta de energia. Costuma surgir após longas jornadas de trabalho, noites mal dormidas ou esforços físicos intensos.

A psicóloga explica que, para tratar esse tipo de cansaço, é necessário descanso de qualidade, sono reparador, alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos moderados. Cuidar do corpo de forma preventiva também é uma das formas mais eficazes de evitar que o cansaço se torne crônico.



Cansaço mental

Você sente que o cérebro está sobrecarregado, com dificuldade para pensar ou se concentrar? Esse é o cansaço mental, muito comum em profissionais que lidam com multitarefas, excesso de informações ou pressão constante por resultados.

“Ele se manifesta com dificuldade de concentração, lapsos de memória, raciocínio lento, irritabilidade e até apatia”, explica Hegli. Entre as estratégias recomendadas estão fazer pausas ao longo do dia, evitar as multitarefas e investir em atividades relaxantes, como leitura leve ou hobbies criativos.

 

Cansaço emocional

Diferente do cansaço mental, o cansaço emocional está ligado ao excesso de demandas afetivas, como perdas, pressões emocionais e frustrações. “Esse tipo de cansaço decorre de sobrecargas afetivas, como conflitos interpessoais, perdas, preocupações excessivas e experiências emocionalmente desgastantes. Manifesta-se por meio de sentimentos persistentes de tristeza e desânimo, irritabilidade, dificuldade em regular as emoções, sensação de vazio e inutilidade”, afirma a especialista.

Embora se confundam, os dois tipos têm origens distintas e, muitas vezes, se sobrepõem. “Uma pessoa que enfrenta problemas emocionais pode, ao mesmo tempo, precisar tomar decisões difíceis, o que intensifica o esgotamento e confunde os sinais”, acrescenta Hegli.

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Cansaço sensorial

Luzes fortes, ruídos contínuos e excesso de telas são exemplos de fatores que desencadeiam o cansaço sensorial. Ele ocorre quando os sentidos ficam sobrecarregados. Pode causar irritabilidade, dor de cabeça, sensibilidade extrema a sons ou cheiros e vontade de “fugir” do ambiente.

A orientação é buscar momentos de pausa longe de estímulos intensos, reduzir o tempo de exposição às telas e priorizar ambientes calmos, que favoreçam o descanso sensorial.

 

Cansaço social

O cansaço social tem se tornado cada vez mais comum. Trata-se da exaustão provocada por interações constantes, especialmente quando há pouca qualidade nos vínculos e excesso de exposição.

“A hiperconectividade, a exigência de performance social constante e a dificuldade de estabelecer limites são fatores que contribuem para esse tipo de esgotamento”, explica a psicóloga. As consequências podem incluir ansiedade social, distúrbios do sono, irritabilidade e desejo crescente de isolamento.

Ela recomenda reservar momentos de solitude, reduzir a exposição às redes sociais e respeitar os próprios limites de interação. “Estar sempre disponível não significa estar bem. Aprender a dizer ‘não’ é um ato de autocuidado”, completa.

 

Cansaço criativo

Esse tipo de cansaço afeta principalmente profissionais que dependem da criatividade, como artistas, redatores, designers e comunicadores. Manifesta-se na dificuldade de gerar ideias novas, perda de inspiração e frustração com o próprio trabalho.

Entre as soluções estão mudanças de foco, contato com novas experiências e estímulos positivos, além da permissão para fazer pausas criativas. Em muitos casos, descansar é o caminho mais rápido para desbloquear a mente.

 

Cansaço espiritual

Desalinhamento com os próprios valores, sensação de vazio e perda de propósito são sinais do cansaço espiritual. Ele pode afetar qualquer pessoa, mesmo aquelas com crenças religiosas bem definidas.

Para lidar com esse tipo de esgotamento, existem práticas que favorecem a introspecção e o autoconhecimento, como a meditação, a oração ou o contato com a natureza, que ajudam a restaurar a conexão com o que faz sentido para cada um.

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Cada cansaço tem sua origem e seu caminho de cuidado

De acordo com a especialista, um erro comum é buscar soluções genéricas para cansaços que têm causas específicas. “É fundamental identificar corretamente qual tipo está presente, para que as escolhas sejam eficazes e direcionadas”, afirma.

Confira as práticas recomendadas para cada tipo de cansaço:

  • Físico: sono de qualidade, alimentação equilibrada e atividade física regular;
  • Mental: pausas cognitivas, evitar multitarefas e estimular hobbies relaxantes;
  • Emocional: apoio psicológico, escrita terapêutica e práticas como meditação;
  • Sensorial: ambientes calmos, pausas visuais e auditivas e momentos de silêncio;
  • Social: limites claros, momentos de solitude e redução do uso das redes sociais;
  • Criativo: mudança de foco, novas inspirações e pausas criativas;
  • Espiritual: reconexão com crenças e valores, reflexão e tempo de silêncio.


Estar atento aos sinais é o primeiro passo

Para prevenir o esgotamento, é essencial desenvolver consciência emocional e corporal. “Observar mudanças no humor, na energia e na disposição ajuda a reconhecer os próprios limites antes que a sobrecarga se agrave”, alerta Hegli.

A psicóloga também destaca a importância da ajuda social e profissional. “Buscar apoio também é uma atitude importante, seja por meio de conversas com pessoas de confiança ou com a orientação de psicólogos“, orienta.

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