Papilomatose respiratória: o que é e quais são os riscos para bebês e crianças?


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Pediatria

foto de rosto de bebê com papilomatose respiratória

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Publicado em: 23 de junho de 2023

Revisado em: 28 de junho de 2023

Causada pelo vírus do HPV, a papilomatose respiratória é uma condição grave e pode obstruir as vias áreas, necessitando acompanhamento médico frequente.

 

A papilomatose respiratória é uma condição rara que afeta o sistema respiratório, especialmente a laringe. Ela é desencadeada pelo HPV (o papilomavírus Humano). Existem centenas de tipos diferentes de HPV, mas os comumente responsáveis por essa infecção são os tipos 6 e 11. 

A transmissão em bebês ocorre principalmente durante o parto vaginal, quando a criança entra em contato com as áreas infectadas nas genitálias da mãe. Renato Kfouri, pediatra infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que dificilmente a infecção acontece durante um parto cesariano.

“O HPV 6 e 11 podem se alojar nas cordas vocais do bebê, pois ele aspira o vírus ao nascer e ele acaba se fixando ali, e se desenvolve da mesma forma que as verrugas genitais, só que na laringe e nas cordas vocais”, explica o médico.

Ainda assim, isso não significa que a gestante com HPV precisa ser submetida a um parto cesariano, pois existem casos em que o feto pode ser exposto ao vírus ainda no útero.

Por isso, para evitar a transmissão do HPV é necessário estar com a vacinação em dia e se prevenir corretamente durante as relações sexuais. No caso das gestantes, realizar o pré-natal adequado é essencial para detectar algum tipo de patologia precocemente e garantir um desenvolvimento saudável e com menos riscos para o bebê.

        Veja também: Eficácia e segurança da vacina contra o HPV são comprovadas

 

Principais sintomas e tratamento da papilomatose respiratória

Os principais sintomas podem aparecer durante os primeiros anos de vida do bebê. São eles:

Nos casos de papilomatose respiratória recorrente, à medida que os vírus se desenvolvem, podem ocorrer problemas respiratórios mais graves, como obstrução das vias aéreas, agravando o quadro médico de crianças muito pequenas.

Segundo o Guia Prático sobre o HPV do Ministério da Saúde (2014),os tratamentos existentes têm o objetivo de reduzir, remover ou destruir as lesões proporcionadas pelo HPV. São eles: químicos, cirúrgicos e estimuladores da imunidade”.

Em alguns casos, bebês e crianças com papilomatose respiratória podem ser submetidos a diversas cirurgias para retirada das verrugas causadas pelo vírus, pois elas podem retornar com frequência, o que exige acompanhamento contínuo.

“Geralmente é muito difícil tratar porque ela recidiva com frequência. Então às vezes você opera, você retira essas vesículas, essas verrugas, e elas crescem novamente nas crianças com 6, 8, 10 anos, e elas crescem de um jeito muitas vezes que obstruem as vias respiratórias”, explica o dr. Renato.  

 

Vacinação é essencial para prevenção do HPV

A vacina quadrivalente contra o HPV é oferecida gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para meninas e meninos de 9 a 14 anos. A vacina atua na prevenção do câncer do colo do útero e outros cânceres relacionados ao HPV dos tipos 16 e 18 e de verrugas genitais causadas pelos tipos 6 e 11, ou seja, também ajuda a prevenir a papilomatose respiratória recorrente.

E desde 2022 a vacinação foi ampliada para homens e mulheres imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, como pessoas que vivem com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos.

“Tem alguns estudos, ainda em andamento, mostrando que é possível nessas crianças que já têm o vírus, que têm dificuldade de tratamento, que têm várias cirurgias, você fazer uso terapêutico dessa vacina. Parece que ela diminui a recorrência desses episódios, então é bem promissor.” No entanto, essa indicação ainda não foi aprovada em bula.

        Veja também: Por que vacinar seus filhos contra o HPV

 

Serviço:


Quem pode se vacinar?

  • Meninas e meninos de 9 a 14 anos (duas doses, com intervalo de 6 meses);
  • Homens e mulheres imunossuprimidos de 9 a 45 anos (três doses – 0, 2 e 6 meses).

 

Onde se vacinar?

Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência. 

A vacina é gratuita e um direito, portanto, grande aliada na prevenção do vírus. Caso se enquadre nos critérios, não deixe de se vacinar. Pais e cuidadores, não deixem de conferir a caderneta de vacinação do seu filho, para verificar se todas as vacinas, inclusive contra o HPV, estão em dia. 

Nas clínicas privadas, a vacina sai em torno de R$ 600 a dose e está disponível para mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos. Acima dos 15 anos, é necessário tomar três doses da vacina.

 

Sobre a autora: Gabriella Zavarizzi é jornalista especializada em conteúdos digitais. Tem interesse em assuntos relacionados a neurociências, saúde mental, autismo, TDAH e primeira infância.

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