Ministério da Saúde divulgou o cronograma de vacinação 2023. Estão previstas ações para vacinação contra covid-19, influenza, sarampo e poliomielite. Leia na coluna de Mariana Varella.
O Ministério da Saúde divulgou, nesta terça (31/1), o cronograma do Programa Nacional de Vacinação de 2023. As ações estão previstas para começar no dia 27/2, com a aplicação da vacina bivalente contra a covid-19 para os grupos com maior risco de desenvolver quadros graves da doença.
Em abril deve começar a vacinação contra influenza (gripe) para os grupos prioritários; em maio, estão previstas ações de vacinação contra poliomielite e sarampo nas escolas.
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O anúncio vem em boa hora. As subvariantes da ômicron, variante mais contagiosa do Sars-CoV-2, já se tornaram predominante no planeta e são responsáveis pelo aumento recente dos casos de covid-19 no mundo todo.
As vacinas utilizadas nas campanhas de vacinação contra a covid foram desenvolvidas antes do surgimento da ômicron, portanto embora protejam contra casos graves e reduzam o risco de morte pela doença, não são tão efetivas em evitar a transmissão do vírus.
As vacinas bivalentes, que utilizam a tecnologia de mRNA, são elaboradas com dois códigos genéticos. No caso da Pfizer, está sendo usado o código da cepa original da covid-19 e o da variante ômicron, portanto elas são capazes de imunizar contra mais de uma versão de um vírus de uma só vez.
A bivalente já vem sendo aplicada na União Europeia, nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, entre outros países, e chega ao Brasil em momento em que os públicos mais vulneráveis para desenvolver quadro grave de covid, como as pessoas com mais de 60 anos, foram vacinados há mais de seis meses.
O anúncio da vacinação contra a influenza também é uma boa notícia. Com a covid, ficou mais claro para quem ainda não sabia que a gripe também pode causar infecção respiratória grave nos grupos mais vulneráveis.
Envolver a comunidade escolar na vacinação também é estratégia cobrada por especialistas em imunização
Queda de cobertura vacinal
Ao anunciar o cronograma, o Ministério da Saúde fez um alerta a respeito da queda de cobertura vacinal. “O Brasil, considerado um país pioneiro em campanhas de vacinação, desde 2016, vem apresentando retrocessos nesse campo. Praticamente todas as coberturas vacinais estão abaixo da meta. Por isso, o objetivo é retomar os altos percentuais de proteção”, afirmou.
De fato, ainda segundo o MS, em 2021, menos de 59% dos brasileiros haviam completado o esquema vacinal com os imunizantes oferecidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Esse número era de 73% em 2019, bem abaixo do patamar de 95% preconizado pelo MS.
Em 2018, o vírus do sarampo, que havia sido eliminado do país em 2016, voltou a circular no Brasil, embora a vacina tríplice viral, que protege contra a doença e também contra caxumba e rubéola, faça parte do Calendário Nacional de Vacinação e seja oferecida gratuitamente pelo SUS.
Nesse ano, o Brasil registrou 9.325 casos da doença. De lá para cá, a situação só piorou: entre 2018 e 2021, houve quase 40 mil casos de sarampo no país, com 40 óbitos. A taxa de eficácia contra a infecção é de 97% após a vacinação.
A cobertura vacinal de outra enfermidade grave erradicada no país, a poliomielite, conhecida popularmente como paralisia infantil, vem caindo significativamente. Em 2015, o Brasil vacinou 98,3% do público-alvo, taxa que caiu para 84,2% em 2019 e para 75,9% em 2020, segundo o Instituto de Políticas Públicas de Saúde (Ipes). De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021 a cobertura com as três doses iniciais da vacina foi de 67%; com as doses de reforço, 52%. Até dezembro de 2022, pouco mais de 70% do público-alvo havia sido imunizado contra a doença. A meta do MS era de 95%.
São vários os motivos que levaram à queda da cobertura vacinal nos últimos anos, como horário limitado de funcionamento dos postos, desinformação, falta de confiança nas instituições e profissionais de saúde, entre outros. Assim, para aumentar a cobertura serão necessárias medidas que levem em conta todas as variáveis que interferem na vacinação.
Não há dúvida, contudo, que campanhas bem organizadas e divulgadas são o primeiro passo para que o Brasil volte a ter uma das maiores coberturas vacinais do mundo.
Cronograma de vacinação 2023 e público-alvo
Etapa 1 – fevereiro
Vacinação contra a covid-19 (reforço com a vacina bivalente)
Público-alvo:
• Pessoas com maior risco de formas graves de covid-19;
• Pessoas com mais de 60 anos;
• Gestantes e puérperas;
• Pacientes imunocomprometidos;
• Pessoas com deficiência;
• Pessoas vivendo em Instituições de Longa Permanência (ILP);
• Povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas;
• Trabalhadores e trabalhadoras da saúde.
Etapa 2 – março
Intensificação da vacinação contra a covid-19
Público-alvo:
• Toda a população com mais de 12 anos.
Etapa 3 – março
Intensificação da vacinação conta a covid-19 entre crianças e adolescentes
Público-alvo:
• Crianças de 6 meses a 17 anos.
Estratégias e ações:
• Mobilizar a comunidade escolar, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio com duas semanas de atividades de mobilização e orientação; comunicar estudantes, pais e responsáveis sobre a necessidade de levar a Caderneta de Vacinação para avaliação;
Etapa 4 – abril
Vacinação de Influenza
Público-alvo:
• Pessoas com mais de 60 anos;
• Adolescentes em medidas socioeducativas;
• Caminhoneiros e caminhoneiras;
• Crianças de 6 meses a 4 anos;
• Forças Armadas;
• Forças de Segurança e Salvamento;
• Gestantes e puérperas;
• Pessoas com deficiência;
• Pessoas com comorbidades;
• População privada de liberdade;
• Povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas;
• Professoras e professores;
• Profissionais de transporte coletivo;
• Profissionais portuários;
• Profissionais do Sistema de Privação de Liberdade;
• Trabalhadoras e trabalhadores da saúde.
Etapa 5 – maio
Multivacinação de poliomielite e sarampo nas escolas
Estratégias e ações:
• Mobilizar a comunidade escolar, com duas semanas de atividades de mobilização e orientação; reduzir bolsões de não vacinados; comunicar estudantes, pais e responsáveis sobre a necessidade de levar a Caderneta de Vacinação para avaliação.