Em 2023, houve aumento de 30% no número de casos prováveis de dengue em comparação com o mesmo período de 2022. Veja os sintomas de dengue em crianças.
O mosquito Aedes aegypti é o causador da dengue, uma doença semelhante à gripe que afeta bebês, crianças e adultos e causa sintomas que aparecem de três a 14 dias após a picada. Se não for tratada, a dengue grave, que é especialmente perigosa para as crianças, pode ter complicações com risco de vida.
Conforme Alessandra Vilas Boas, pediatra especializada em gastropediatria, os sintomas de dengue em adultos e crianças são semelhantes. “Mas a identificação desses sintomas vai ser um pouco diferente, pois vai depender da atenção do médico que está examinando a criança para conseguir percebê-los”, pontua.
Identificar os sintomas em crianças com menos de 2 anos pode ser ainda mais complexo, devido à incapacidade dos pequenos de expressarem os sinais. Além disso, os quadros de síndrome febril e as viroses são muito comuns na infância, o que pode confundir pais e profissionais de saúde.
Mas o pediatra e intensivista Flávio da Fonte destaca uma dica: “Particularmente em crianças pequenas, as dores podem se manifestar por choro intenso e irritabilidade”, diz. Além disso, os pais devem observar:
- Febre alta;
- Erupção na pele;
- Dores musculares e articulares;
- Fraqueza geral;
- Sangramento das gengivas e passagens nasais (nariz);
- Tosse;
- Dor de garganta.
Também é preciso ficar atento ao agravamento destes sintomas: vômitos persistentes, dor abdominal contínua, sangramento da gengiva, sangramentos na pele, vômitos com sangue, evacuação com sangue, sonolência e irritação excessivas, redução da quantidade de urina, temperatura muito baixa e desconforto respiratório.
Outro alerta compartilhado pela dra. Alessandra diz respeito à história epidemiológica: “Precisamos entender se essa criança mora ou viajou para algum lugar que é área de transmissão de dengue ou se está numa época de transmissão da doença”, fala.
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Diagnóstico da dengue em crianças
Segundo o dr. Flávio, o diagnóstico é feito através da análise do quadro clínico e epidemiológico (pessoas que vivem ou estiveram em regiões de risco têm probabilidade maior de contrair a infecção) e exames laboratoriais. “Para a confirmação da doença, pode-se realizar exames para isolamento viral (RT-PCR’) ou sorologia para detecção de anticorpos (IgM e IgG)”, afirma.
O especialista ainda esclarece que outros exames complementares como hemograma, transaminases, proteinograma, prova do laço (exame rápido para detectar dengue), radiografia e ultrassom podem contribuir para o diagnóstico e são importantes para o acompanhamento da evolução do quadro.
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Tratamento
Como a dengue pode gerar complicações graves, é importante que o tratamento comece rapidamente. O paracetamol pode ser indicado, mas anti-inflamatórios não esteroidais, incluindo aspirina, devem ser evitados devido ao risco de sangramento. A aspirina também aumenta o risco de síndrome de Reye em crianças e deve ser evitada por esse motivo.
O dr. Flávio explica que o tratamento depende do estágio da doença. Para os casos leves, o tratamento é feito com hidratação oral, repouso e controle dos sintomas.
Já nos casos com sintomas mais graves, os pacientes necessitam de atendimento em unidade de saúde, com suporte para observação médica e hidratação venosa.
“Pacientes com quadros mais graves podem precisar de suporte intensivo em unidades de terapia intensiva pediátrica”, indica.
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Prevenção
A principal ação a ser tomada, segundo os especialistas, é a educação, informando a população sobre o risco de dengue e as principais maneiras de se evitar a reprodução do mosquito Aedes aegypti. O mosquito se reproduz em regiões quentes e com água parada. Então, é importante sempre manter caixas d’ água cobertas, vasos de plantas com areia, não deixar pneus em locais abertos, piscinas sem tratamento, entre outros cuidados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, nas últimas décadas, a incidência de dengue no mundo aumentou consideravelmente. Por isso, o principal método para evitar a transmissão é combater os mosquitos vetores e evitar picadas.
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Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.