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Pediatria

Como identificar e tratar enxaqueca infantil

A doença pode surgir ainda na primeira infância. Saiba como é feito o diagnóstico e o tratamento nessa faixa etária.
Publicado em 26/07/2022
Revisado em 26/07/2022

A doença pode surgir ainda na primeira infância. Saiba como é feito o diagnóstico e o tratamento nessa faixa etária.

 

A enxaqueca é um tipo de cefaleia muito frequente na população adulta, mas o que muitas pessoas não sabem é que a doença também pode afetar crianças e adolescentes. O principal fator de risco para esses casos é o histórico familiar: filhos de pais ou mães com enxaqueca têm maior risco de também ter enxaqueca. 

Quem convive com essa condição sabe o quanto a dor pode ser incômoda e até mesmo incapacitante. Por isso, é muito importante estar atento aos sintomas na infância para buscar o diagnóstico e o tratamento adequado. Caso contrário, os prejuízos são muitos e podem se estender para o futuro.

“De forma geral, a dor de cabeça é um sintoma muito frequente tanto no consultório como no Pronto-Socorro Infantil. Os estudos mostram que cerca de 60% das crianças já apresentaram cefaleia pelo menos uma vez na vida. E, dentre as causas de cefaleia primária, a enxaqueca é uma das mais comuns”, afirma o dr. Marco Albuquerque, neuropediatra, membro da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) e responsável pelo Grupo de Cefaleias na Infância do Hospital das Clínicas. 

Segundo o médico, a primeira crise de enxaqueca geralmente acontece em torno dos 5 anos de idade. Nessa fase, o problema afeta igualmente meninos e meninas. Porém, à medida que a criança cresce, a prevalência passa a ser maior em meninas. Na adolescência e na vida adulta, as mulheres continuam sendo as mais afetadas pela enxaqueca. 

 

Características das crises de enxaqueca

A enxaqueca infantil é caracterizada por crises de dores de cabeça que ocorrem com frequência e têm duração de 2 até 72 horas. Normalmente, é uma dor de cabeça pulsátil, com intensidade de moderada a severa, que piora com atividade física e pode surgir acompanhada de fotofobia (sensibilidade à luz), fonofobia (sensibilidade ao barulho), náuseas e vômitos.

“Ela é semelhante à enxaqueca do adulto, mas muitas vezes as crianças têm dificuldade de expressar as características da dor. Em adultos, a duração das crises tem que ser acima de 4 horas, mas, na criança, acima de 2 horas já se considera como uma crise de enxaqueca”, explica o dr. Marco.

O diagnóstico da doença é puramente clínico. “Não existe nenhum exame – nem exame de imagem, nem exame de sangue – que indique o diagnóstico de enxaqueca. Ele é baseado nas características da dor, na anamnese bem feita, no exame neurológico adequado e principalmente na história familiar. Existe uma forte associação de história familiar na enxaqueca”, completa. 

Veja também: Por Que Dói? #01 | Enxaqueca

 

Gatilhos e mudança de hábitos

Quando falamos em enxaqueca, existem alguns gatilhos que podem desencadear as crises de dor, como alimentos específicos, sono de má qualidade ou uso abusivo de telas, por exemplo. Problemas na escola, estresse e depressão, especialmente em adolescentes, também podem ser fatores desencadeadores de dor de cabeça nessa faixa etária. 

Segundo o especialista, após o diagnóstico da enxaqueca, o primeiro passo é criar estratégias de tratamento junto com a família. 

O médico recomenda alguns hábitos que podem ajudar na prevenção das crises, como: 

  • Manter uma alimentação equilibrada;
  • Ter um sono adequado;
  • Evitar uso abusivo de telas;
  • Fazer atividade física regularmente;
  • Buscar medidas de relaxamento e redução do estresse;
  • Evitar o uso abusivo de analgésicos;
  • Fazer um diário da cefaleia para identificar os gatilhos, e evitá-los sempre que possível.

“A gente acredita que conversando com o paciente, fazendo ele entender sobre a doença e explicando sobre as modificações do estilo de vida e formas de evitar esses gatilhos, seja possível tratar a grande maioria das crianças”, afirma. 

 

Uso de medicamentos

A principal medida para tratar a enxaqueca infantil é evitar os gatilhos e promover mudanças de hábitos, conforme explicamos acima. Contudo, se essas ações não forem suficientes, podem ser usados medicamentos analgésicos para alívio da dor. 

Mas vale o alerta: o uso abusivo de analgésicos pode ter o efeito contrário e acabar piorando a dor de cabeça. O ideal é medicar a criança somente com orientação médica.

O médico indicará qual remédio tomar e com que frequência. 

“Depois, você tem ainda os tratamentos profiláticos para a cefaleia que não melhora com as modificações e com os tratamentos que a gente passou anteriormente. Existem algumas medicações que podem ser utilizadas para prevenir a enxaqueca”, explica o dr. Marco. 

Novamente, a orientação para uso desses medicamentos deve ser feita pelo médico após avaliação de cada caso. 

 

Consequências da falta de tratamento

Quando uma criança tem enxaqueca e não recebe o acompanhamento adequado, o prognóstico é ruim e pode causar prejuízo social, escolar e emocional. Além disso, também aumenta o risco de depressão, ansiedade e enxaqueca crônica. Ou seja, o risco de a enxaqueca acompanhar a criança até a fase adulta é grande. 

“Em adolescentes isso é muito comum, essa associação da ansiedade e da depressão [com a enxaqueca]; ou a associação de diferentes tipos de cefaleia: você tem a crise da enxaqueca junto com uma crise tensional. E o prejuízo social, o custo de tratamento é muito alto também. Diagnóstico precoce e tratamento adequado é a melhor forma de prevenção”, finaliza o médico. 

Veja também: Como funciona o tratamento preventivo da enxaqueca

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