A metástase é a propagação natural do ciclo da doença, que visa sempre progredir e atingir novos tecidos e órgãos.
Um tumor é um crescimento celular anormal em qualquer parte do corpo. O que vai determinar se esse tumor é ou não um câncer é a maneira como essas células se multiplicam. Quando há uma replicação desorganizada e com risco de atingir tecidos e órgãos vizinhos, esse tumor é maligno, ou seja: câncer.
Só que, além do turbilhão de emoções gerado ao receber o diagnóstico de câncer, vem o medo de ele se espalhar ou já ter atingido outros órgãos nobres. É comum imaginar que, quando um câncer se dissemina, o paciente já está em estado terminal e não há mais tratamento possível. Felizmente a medicina evoluiu, e isso já deixou de ser realidade há muito tempo.
O que é metástase?
Quando células se separam do tumor principal e entram no sistema circulatório ou nos vasos linfáticos, chamamos de metástase. É quando elas conseguem se desprender e migram livremente para qualquer parte do corpo, podendo se alojar em órgãos e tecidos secundários. É a propagação natural do câncer, que visa sempre se disseminar.
Em grande parte dos casos – segundo informações da Mayo Clinic, um dos hospitais oncológicos de referência dos EUA –, quando uma célula cancerosa se desprende do tumor original, na maioria das vezes, ela morre no meio do caminho, sem causar maiores problemas ao paciente. As que sobrevivem, entretanto, se estabilizam em outras áreas do organismo e começam a se multiplicar.
Esse processo não tem um momento específico para ocorrer. Há pacientes que recebem a notícia da metástase juntamente com o diagnóstico da doença; outros só apresentam sinais de metástase anos depois do aparecimento do tumor primário. E há, ainda, quem não desenvolva metástase. Tudo vai depender do tipo do tumor, do momento do diagnóstico (precoce ou tardio) e do tratamento.
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Órgãos mais atingidos
Os locais mais comuns de metástases são pulmão, fígado, osso e cérebro. Ainda segundo a Mayo Clinic, os casos de tumores metastáticos no fígado são 20 vezes mais frequentes, em comparação aos quadros de tumores primários no órgão. Mas isso tem uma explicação. Os órgãos que são mais vascularizados, isto é, que recebem maior fluxo sanguíneo, estão mais suscetíveis a receber células cancerosas. É o caso do fígado, que recebe dupla irrigação sanguínea (da aorta e da veia porta).
Metástase é o fim?
Segundo informações da Sociedade Americana de Câncer, os cânceres que se espalham são considerados avançados quando não podem ser curados ou controlados por meio de algum tratamento. Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os cânceres metastáticos são cânceres avançados. O câncer de testículo também pode e costuma se espalhar para outras partes do corpo e ainda assim pode ser curável.
A presença de metástase não quer dizer que não há mais como controlar o avanço da doença. Como sempre procuramos salientar, o câncer é uma das doenças mais complexas que existem. O oncologista Drauzio Varella costuma exemplificar a diversidade entre os tipos de câncer dizendo que há tumores diagnosticados com pouco mais de 1 milímetro de espessura, como o melanoma ou certos cânceres de mama, por exemplo, que são agressivos e se espalham com velocidade, sendo necessários múltiplos tratamentos para controlá-los. Outros podem ter vários centímetros, mas evoluem lentamente e são curáveis com tratamentos pouco invasivos.
Tratamento de câncer metastático
Atualmente, a medicina evoluiu a ponto de ser possível falar em cronificação da doença. Há casos de pacientes com câncer de mama avançado que estão há quase 15 anos em tratamento, levando uma vida normal. Há pouco tempo atrás, uma paciente com câncer metastático tinha uma sobrevida de pouco mais de dois anos.
Pelo menos por enquanto, é impossível falar de um único tratamento para metástase, porque quase sempre são necessários tratamentos combinados, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, sem contar as medicações. Os tumores metastáticos são muitas vezes tratáveis, mas não curáveis. Vale lembrar que há cerca de 100 anos não havia nenhum tipo de tratamento para o câncer, e naquela época o diagnóstico da doença podia, sim, ser uma sentença de morte.
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