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Oftalmologia

Queimaduras de córnea são urgência médica: conheça as causas e os riscos

Especialista explica as principais causas da queimadura de córnea e recomenda os cuidados preventivos para evitar esse tipo de lesão ocular

Um respingo de óleo quente, um produto de limpeza ou até a luz intensa do sol. Essas são algumas das muitas causas da queimadura de córnea, acidente que muitas vezes é subestimado, mas que deve sempre ser tratado como urgência médica para evitar sequelas permanentes na visão.

Uma das partes mais sensíveis do corpo, a córnea é uma camada transparente e protetora localizada na parte frontal do olho, responsável por proteger as estruturas internas contra poeira, germes e agentes externos. Além disso, tem papel essencial na refração da luz, contribuindo para a formação de imagens nítidas na retina e filtrando grande parte da radiação ultravioleta (UV) nociva.

 

O que pode causar a queimadura na córnea? 

A queimadura de córnea ocorre quando essa superfície é lesionada por alguns agentes, que podem ser químicos, de calor ou de radiação. “Em relação às queimaduras térmicas, em geral elas acontecem com fogos de artifício ou com explosão de panela de pressão, por exemplo, ou em contato com alguma substância quente, chamas, vapor e respingos de líquidos quentes. Com os agentes de radiação, há principalmente queimaduras por radiação ultravioleta, queimaduras solares, como a exposição à luz solar intensa”, explica Monica Alves, oftalmologista livre-docente do Departamento de Oftalmologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A médica ainda elucida que, “quanto aos agentes químicos, são muitas as possibilidades, desde substâncias ácidas ou básicas da indústria química; passando por elementos da construção civil, como cal, cimento, tiner, tinta; até produtos de limpeza, como água sanitária, detergentes e desinfetantes, que são as principais causas de acidentes domésticos.”

 

Principais sintomas da queima de córnea

Os sintomas de uma possível queima de córnea incluem dor intensa, lacrimejamento, fotofobia, visão turva e vermelhidão ocular. “Eles vão depender, obviamente, do agente, do tempo de exposição e da quantidade de produto que se teve contato, e vão desde um quadro irritativo leve, com dor, ardência, sensação de areia nos olhos, até quadros muito graves, onde a há comprometimento das estruturas oculares, afetando diretamente a visão”, afirma a médica.

Veja também: Dor no olho ao piscar pode ser sinal de arranhão na córnea

 

Sintomas leves também merecem atenção médica

Os olhos são extremamente sensíveis, e qualquer incômodo visual deve ser avaliado por um especialista. “Mesmo no caso de um sintoma leve, no momento do acidente, ele pode se agravar com o tempo, especialmente com substâncias alcalinas”, explica Monica. “Tanto produtos de limpeza como algumas substâncias da construção civil, como cal e cimento, ou até o leite de algumas plantas são extremamente alcalinos. Nesse caso, a substância vai saponificando as estruturas do olho e penetrando mais profundamente com o tempo”, acrescenta.

O tratamento deve ser imediato e supervisionado por um oftalmologista. Segundo a especialista, queimaduras químicas, por exemplo, podem ser potencialmente muito graves e, sem tratamento adequado, podem evoluir para sequelas graves, e até perda da visão.

 

O que fazer em caso de queimadura?

  1. Lave imediatamente com água corrente;
  2. Não coce e nem use colírios por conta própria;
  3. Procure um pronto-atendimento oftalmológico;
  4. Leve para o hospital, se possível, a embalagem do produto causador do acidente.


“Às vezes, a pessoa fica com receio de lavar os olhos e espera para fazer esse atendimento em um hospital ou unidade de saúde, mas o tempo que esse agente químico fica em contato com as superfícies do olho vai agravar muito essa lesão”, alerta a oftalmologista.

 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito pelo oftalmologista com base no ocorrido do acidente e em exames específicos, como o biomicroscópio (lâmpada de fenda). O procedimento permite identificar o grau da lesão e orientar o tratamento adequado, que pode incluir colírios antibióticos, anti-inflamatórios, lubrificantes oculares, lentes terapêuticas e, em casos mais graves, cirurgias reconstrutivas ou transplante de córnea. “São vários pontos importantes de avaliação, principalmente em relação à história desse trauma, ao agente envolvido e às alterações clínicas”, explica Monica.

 

Prevenção é o melhor cuidado

A prevenção é a principal forma de evitar lesões oculares. No ambiente de trabalho, especialmente na indústria química e na construção civil, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) é indispensável. Em casa, os acidentes mais comuns envolvem crianças. Por isso, recomenda-se manter produtos de limpeza fora do seu alcance e evitar panelas com cabos voltados para fora do fogão.

Para quem se expõe com frequência ao sol, a proteção ocular também é essencial. “A radiação ultravioleta é nociva para os nossos olhos em diversas estruturas e aspectos. Quem faz atividades de exposição diária, contínua e constante à radiação ultravioleta deve proteger os olhos com óculos de sol de filtros adequados e certificados”, orienta Monica. 

Priorize os com filtro UV, pois sem essa proteção eles podem fazer a pupila dilatar, permitindo maior entrada de radiação ultravioleta, o que aumenta o risco de lesões da córnea. Para saber se os óculos escuros são adequados, é possível fazer o teste em óticas com um aparelho chamado lensômetro, que verifica se há a barreira contra os raios UV e qual o nível da proteção, que deve ser de pelo menos 98%.

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