Entenda os riscos da intoxicação por cosméticos e saiba o que fazer


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Dermatologia

Seja por alergia ou até mesmo restrição, a situação pode trazer sérios problemas. Saiba o que fazer caso sinta os sintomas.

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Publicado em: 3 de fevereiro de 2023

Revisado em: 3 de fevereiro de 2023

Seja por alergia ou até mesmo restrição, a situação pode trazer sérios problemas. Saiba o que fazer caso sinta os sintomas.

 

A procura por produtos de beleza dispara a cada ano. Presentes em muitos lares, eles trazem cada vez mais inovações, aumentando a cartela de possibilidades do famoso skin care. Mas por trás do cuidado e da vaidade, também existe o risco de intoxicação por cosméticos, um problema pouco discutido, mas potencialmente grave.

Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu vários produtos de modelagem de cabelo por conta do risco de intoxicação ocular. No caso, consumidoras do Rio de Janeiro que utilizaram um creme para modelar e trançar os cabelos relataram irritação ocular, inchaço nas pálpebras, dor nos olhos e dificuldade de enxergar ao lavarem o cabelo.

Mas quais os riscos e o que fazer ao apresentar os sintomas? A dra. Taciana Dal’Forno Dini, médica dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ressalta que se houver ardência, sensação de queimação, inchaço, bolhas, coceira, escurecimento ou formação de crostas na pele é importante parar de utilizar o cosmético e consultar imediatamente um médico dermatologista. 

Além disso, ela alerta para os riscos. “As pessoas podem primeiro desenvolver lesões por reações alérgicas, irritativas ou queimaduras capazes de se infectar secundariamente com bactérias, vírus ou fungos. Caso evoluam, podem causar infecções regionais ou até acometer um ou mais órgãos. Também costumam ocorrer manchas e cicatrizes permanentes”, afirma a especialista.

 

Sintomas de intoxicação por cosméticos

Ninguém quer ter a experiência de utilizar um produto e, consequentemente, sofrer uma reação. Por isso, é importante ficar atento a qualquer sinal ou incômodo. 

A médica dermatologista destaca que, quando são sintomas cutâneos – após contato direto com a pele, a causa pode ser alérgica, por irritação primária ou queimadura direta. “Esses sintomas podem se iniciar logo depois do contato ou horas/dias após o uso”, diz.

Um exemplo é a alergia às tintas de cabelo, que podem provocar os sintomas mencionados. Mas também há as queimaduras diretas na pele ou mucosas, que, por serem químicas provocam dor, surgimento de crostas, infecção, manchas e cicatrizes.

A médica ainda pontua que é possível desenvolver alergia a algum produto com que já tivemos contato prévio, não importando o número de vezes: “Uma pessoa pode ter sintomas de alergia na sua segunda utilização ou após décadas de uso”, esclarece.

Para isso, existem testes de contato que podem ser utilizados para especificar a qual componente o indivíduo desenvolveu alergia. E como reiterado pela profissional, com a presença dos sintomas, deve-se suspender o uso do produto e procurar um médico dermatologista para correto diagnóstico e orientação do tratamento.

Veja também: Alergia de contato | Entrevista

 

Cuidados ao adquirir produtos cosméticos 

Ao adquirir um cosmético, a dermatologista salienta alguns cuidados necessários. Os rótulos devem conter as seguintes informações: marca, tipo de produto, país de origem, composição, advertências e restrições de uso, modo de usar, validade, lote e quantidade, nome do fabricante, CNPJ da empresa, número de Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) impressos e os canais de atendimento ao consumidor.

Além disso, eles devem sempre ser armazenados em local protegido de luz, umidade e calor, longe de alimentos, itens de limpeza e do alcance de crianças. “Nenhum produto deve ser utilizado após o prazo de validade, e as instruções sobre a forma de usar devem ser rigorosamente seguidas. É muito importante verificar as indicações sobre cuidados com o contato com os olhos, nariz e boca”, fala.

A dra. Taciana ainda lembra que todo cosmético precisa passar pelo controle da Anvisa antes da sua venda. Assim como os importados só podem ser comercializados no Brasil depois de serem autorizadas pela agência e pelo Ministério da Saúde.

Em caso de dúvida sobre a regularização, consulte a Vigilância Sanitária local. Se necessário, encaminhe a denúncia à Anvisa. 

 

Composição dos cosméticos 

Sobre os ingredientes que compõem os cosméticos, a dermatologista reforça que existem produtos considerados tóxicos devido a evidências científicas.

“Como os que contêm chumbo, amianto, formaldeído e liberadores de formol. E também existe uma infinidade de substâncias que ainda não apresentam uma evidência científica considerável para serem consideradas tóxicas e, portanto, proibidas”, relata.

A dra. Taciana enfatiza que o interesse e a procura por parte dos pacientes para utilizar produtos cosméticos que não contenham substâncias tóxicas ou com suspeitas de produzir toxicidade vem aumentando nos consultórios de dermatologia.

“Atualmente, existem linhas de produtos ‘naturais’ que dizem não apresentar as substâncias que podem ser consideradas tóxicas na formulação dos produtos, como, por exemplo, os parabenos. Essas linhas ainda são de uso e indicação controversos”, expõe.

Entretanto, vale o alerta sobre as novas possibilidades e a importância do cuidado com os componentes dos cosméticos antes da utilização. 

Veja também: Como tratar queimaduras de acordo com o grau

 

Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.

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