Pesquisadores teriam descoberto uma nova cor invisível a olho nu, a chamada “Olo”. Saiba como o nosso olho enxerga as cores e por que isso varia de pessoa para pessoa.
A cor pode ser definida como a percepção visual da interação da luz com os olhos, sendo interpretada pelo cérebro como um tom específico. Recentemente, um artigo publicado na revista científica Science teria descoberto uma nova cor, chamada pelos pesquisadores de “Olo”. Mas será que isso é possível?
Como o nosso olho enxerga as cores?
O olho é como se fosse uma câmera de última geração. Mas, no lugar dos sensores de luz, nós temos células – os cones.
Um desses cones permite que enxerguemos comprimentos de luz de onda longa, que interpretamos como vermelho. O outro permite que enxerguemos comprimentos de luz de onda média, como o verde. E o terceiro, comprimentos de luz de onda curta, como o azul.
Ao nos depararmos com uma maçã, por exemplo, a luz entra no nosso olho, atravessa estruturas como a córnea e o cristalino, e chega à retina. É aí que os cones atuam: alguns deles vão absorver a luz, enquanto outros vão refleti-la. A cor vermelha que enxergamos na maçã é, justamente, a que é refletida.
“Só vai se transformar em cor na hora que bate no receptor de vermelho. Se bater no receptor de verde ou azul, eles não vão fazer nada. Agora, quando bater no receptor de vermelho, a retina vai mandar isso para o cérebro, que entende: ‘Nossa, isso é a cor vermelha, porque eu recebi do receptor vermelho’. E tudo isso acontece em milésimos de segundo”, explica o dr. Hallim Ferres, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e diretor da Prisma Visão.
Por que as pessoas enxergam cores de formas diferentes?
No entanto, a reação dos cones aos comprimentos de onda de luz variam de acordo com a iluminação do local e a experiência individual.
É como no computador: o código de cores RGB mistura um pouco de vermelho (red), verde (green) e azul (blue) para gerar todas as cores possíveis. Mas, no nosso olho, essa não é uma ciência exata – cada pessoa tem uma certa quantidade de receptores e uma sensibilidade diferente em cada um deles.
Outras pessoas podem não enxergar determinadas cores por causa de um transtorno de visão. O daltonismo, por exemplo, acontece devido a uma falha em um dos cones, geralmente o da cor verde.
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A nova cor “Olo”: ela existe mesmo?
Nesse contexto, a suposta nova cor “Olo” foi descoberta por um experimento da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ela não poderia ser vista no ambiente natural, porque a sua percepção é induzida por uma espécie de laser ultrafino que ativa apenas o cone da cor verde, sem estimular os outros que recebem o azul e o vermelho. Na prática, isso seria impossível, porque essas células são estimuladas simultaneamente.
“Vamos voltar na maçã. Ela refletiu o vermelho, né? Mas quando essa luz bate no nosso olho, não é um vermelho puro. Ativou um pouquinho das células do lado. Não é um vermelho 100% puro, é um vermelho que tem nuances de outras cores. Por isso que a história do vestido preto e azul ou branco e dourado é diferente para cada um também”, ilustra o oftalmologista.
A pesquisa foi feita para ampliar os estudos sobre o daltonismo. O dr. Hallim ainda não vê aplicações práticas da descoberta, mas afirma que quanto mais conhecimento sobre a visão humana, mais soluções poderão ser elaboradas no futuro.
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