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Neurologia

TDAH e demência: entenda a relação e como se proteger

Problemas de memória que podem levar ao Alzheimer são três vezes mais comuns em idosos com TDAH. Veja maneiras de prevenir a demência em quem tem TDAH.

 

Pessoas com TDAH possuem um risco três vezes maior de desenvolver Alzheimer. Segundo um estudo sueco com quase 3,6 milhões de participantes, pacientes com o transtorno têm seis vezes mais risco de apresentar problemas leves de memória e atenção durante a terceira idade. Esses problemas são chamados de comprometimento cognitivo leve e costumam ser um aviso de que o Alzheimer pode surgir nos próximos anos.

 

Como o TDAH age no cérebro?

“No TDAH, o problema está relacionado ao modo como o neurônio libera a dopamina. O córtex pré-frontal, por exemplo, é responsável por esse controle inibitório: controlar impulsos, impedir movimentos desnecessários, manter o foco, iniciar e concluir tarefas. E a dopamina tem um papel central nesse processo. Se o disparo de dopamina é inadequado, todas essas funções ficam comprometidas”, explicou Rodrigo Borghi, pesquisador do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/HCFMUSP), durante o Sinapsen 2025. O evento, promovido pela Apsen, é um encontro científico para especialistas em saúde mental.

A longo prazo, os efeitos do TDAH na memória afetam tanto homens quanto mulheres. No entanto, no decorrer da menopausa, a influência da queda de estrogênio e progesterona, hormônios que também participam da síntese de dopamina, faz com que a sensação de piora cognitiva seja mais acentuada.

“Por conta da menopausa, há uma tendência maior a relatar o que chamamos de declínio cognitivo subjetivo — uma percepção interna de que o funcionamento intelectual piorou, mesmo que nos testes formais essa diferença nem sempre seja tão evidente. E essa percepção pode ser o início de um processo de comprometimento cognitivo leve, e, eventualmente, da progressão para a demência”, afirmou o psiquiatra.

        Veja também: Toda desatenção é sintoma de TDAH?

Evolução do TDAH na velhice é pouco conhecida

Apesar do TDAH persistir na terceira idade, com prevalência praticamente igual à dos adultos jovens, há poucos estudos sobre os efeitos do transtorno em idosos. E menos ainda sobre o tratamento, ou seja, sobre a segurança do uso de medicamentos estimulantes e não estimulantes nesse público.

“A população idosa é mais difícil de incluir em estudos clínicos. Quando você remove, por exemplo, pacientes com comorbidades ou que fazem uso de múltiplos medicamentos — como geralmente acontece em idosos —, você acaba eliminando a maior parte dos candidatos. Então, a base de evidências é limitada”, esclareceu Rodrigo.

O especialista afirmou que, o que se sabe, é que o curso da demência pode ser mais precoce, mais rápido ou mais severo em quem tem TDAH. Um estudo americano, por exemplo, descobriu que a predisposição genética para o transtorno não apenas aumenta o risco de queda na memória e raciocínio em idosos, mas também acelera processos típicos da doença de Alzheimer, como danos e inflamações no cérebro, mesmo em quem não apresentava queixas inicialmente.

Como prevenir que o TDAH leve à demência

Se o paciente já tem o diagnóstico de TDAH, é fundamental que ele siga o tratamento para retardar uma possível progressão para a demência. Além disso, outras estratégias podem ajudar. São elas:

“Então, para pacientes com TDAH tratados, tudo isso entra como complemento. Para os não tratados, além de tudo isso, é fundamental iniciar o tratamento adequado do transtorno”, ressaltou o pesquisador.

        Veja também: Como se prevenir contra as demências?

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