Tumor cerebral raro, o craniofaringioma pode acometer crianças e adultos e normalmente é tratado com cirurgia.
O craniofaringioma é um tumor cerebral benigno, que pode surgir tanto na infância quanto na fase adulta e causar sintomas como dores de cabeça e vômitos, além de distúrbios hormonais e alterações na visão.
“O craniofaringioma é um tumor benigno que cresce na região da hipófise e do hipotálamo. Acredita-se que sua origem está relacionada à migração da faringe e da hipófise, sobrando células embrionárias que podem dar origem a esses tumores”, explica o dr. Sergio Cavalheiro, neurocirurgião pediátrico, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e professor titular de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo o médico, esse tipo de tumor é raro. “Na infância, costuma aparecer a partir dos 10 anos, porém podem acometer crianças menores, enquanto que nos adultos a faixa etária mais prevalente é ao redor dos 40 anos”, completa.
Sintomas dos craniofaringiomas
Existem dois tipos de craniofaringioma: o adamantinomatoso e o papilífero. A diferença entre eles, segundo o dr. Sergio, é que o primeiro costuma apresentar calcificações e o segundo, não. O adamantinomatoso pode surgir em adultos em crianças e o papilífero é mais frequente em adultos.
Os sintomas variam de acordo com as características do tumor e podem incluir:
- Distúrbios endocrinológicos (em crianças), como déficit de crescimento e diabetes insipidus (doença rara em que o organismo produz muita urina devido a uma alteração no metabolismo de água e sal, e não tem relação com o diabetes melittus);
- Alterações hormonais (em adultos), como hipotireoidismo e perda da libido;
- Alterações visuais devido à compressão do quiasma óptico (incluindo cegueira, em alguns casos);
- Hipertensão intracraniana;
- Cefaleias (dores de cabeça);
- Vômitos;
- Sonolência;
- Coma.
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Diagnóstico dos craniofaringiomas
O diagnóstico normalmente é feito com exames de tomografia computadorizada. “As imagens nas crianças em 90% [dos casos] apresentam componentes císticos e calcificações. O estudo é complementado com ressonância magnética de crânio que confirmam esses achados”, explica o médico.
Tratamento dos craniofaringiomas
O tratamento mais recomendado é a ressecção cirúrgica do tumor, que dependendo da localização, pode ser removido pelo nariz ou por meio de uma craniotomia (cirurgia em que se retira uma parte do osso do crânio para acessar o cérebro).
“Embora seja uma lesão benigna, mesmo após sua ressecção completa, em até 40% [dos casos, os tumores] podem recidivar. Então, quando não se consegue sua exérese total, o tratamento é complementado com radioterapia. Como apresenta componentes císticos, muitos autores preconizam o uso de quimioterápicos ou substâncias radioativas no sentido de controlar estes tumores”, esclarece o dr. Sergio.
Ele destaca que a cirurgia, embora seja a melhor opção, nem sempre remove o tumor completamente devido às suas aderências a algumas estruturas como nervo óptico, haste hipofisária, hipotálamo e as artérias do Polígono de Willis.
“O prognóstico é excelente quando se consegue a remoção total da lesão, com preservação da haste hipofisária [comunicação entre a hipófise e o hipotálamo]”, afirma. Porém, em alguns casos, os pacientes podem desenvolver distúrbios hipotalâmicos e endocrinológicos, como obesidade, diabetes insipidus e baixa produção de cortisol.
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