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Infectologia

Vírus sincicial respiratório (VSR) pode ser grave em pessoas idosas

Publicado em 02/09/2024
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Revisado em 04/09/2024

Normalmente associado a infecções em bebês, o VSR também pode causar complicações como pneumonia na população 60+, principalmente naqueles que têm comorbidades. Entenda. (1,2).

 

O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecção respiratória em bebês, frequentemente associado a casos de bronquiolite (inflamação dos bronquíolos) nessa população. Mas o que muita gente não sabe é que o VSR pode provocar quadros graves, que podem necessitar de internação, também em adultos mais velhos. (1,2)

O risco de complicações é maior principalmente no caso de adultos com 60 anos ou mais com condições crônicas de saúde, como doenças pulmonares ou cardiovasculares, por exemplo, que podem ser mais vulneráveis a desenvolver pneumonia e a ter piora de sua doença crônica pré-existente. É preciso atenção à infecção nessa faixa etária, porque as crianças muitas vezes têm contato com o vírus na escola ou na creche, e acabam transmitindo para outras pessoas da família.(2-5, 20)

No Brasil, de acordo com dados do SIVEP-Gripe, de 2020 a 2022, foram registrados mais de 30 mil casos de doença grave pelo VSR, e em 2022 a letalidade por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) pelo VSR foi de 21% em pessoas a partir dos 60 anos, ou seja, a cada 5 pacientes hospitalizados dessa faixa etária, 1 foi a óbito. Nos Estados Unidos, o VSR é responsável por 60 a 160 mil hospitalizações e 6 a 10 mil óbitos a cada ano entre pessoas com 65 anos ou mais. (2, 6, 21)

Com as mudanças de temperatura, as pessoas tendem a ficar em locais fechados, sem ventilação adequada e mais aglomeradas, e isso pode aumentar os casos de infecções respiratórias. (7-9) Por isso, é importante manter os ambientes ventilados, minimizando o risco de transmissão, principalmente agora, neste período de inverno. (5, 7-9, 11)

 

Por que os idosos podem ser mais vulneráveis?

“O VSR é um vírus que acomete principalmente os extremos de faixa etária. Quer dizer, ele é muito conhecido em crianças, quando ele causa bronquiolite, e também tem importância nos idosos, porque é um momento de vida que a nossa imunidade começa a envelhecer. A partir dos 28 anos, mais ou menos, a gente já começa a ter alterações de imunidade relacionadas ao envelhecimento. Mas a partir dos 50, elas são mais importantes em quantidade e qualidade de células. Então, as nossas defesas, de uma forma geral, ficam mais abaladas. E a gente fica mais suscetível a infecções”, explica Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), infectologista e líder médica de vacinas VSR da GSK.

Segundo a médica, o vírus sincicial respiratório em um paciente mais jovem causa um quadro parecido com um resfriado, e a pessoa geralmente evolui muito bem. “Mas quando a nossa imunidade está comprometida, a gente tem mais chance de desenvolver quadros mais graves, como pneumonia.”

Pessoas idosas com maior risco de infecção grave por VSR normalmente têm uma ou mais condições de saúde crônicas, como: (2,3)

Além disso, a idade avançada é responsável pela diminuição na eficácia do sistema imunológico, deixando os adultos mais velhos mais suscetíveis à infecções. (12)

        Veja também: Vírus sincicial respiratório: sintomas, diagnóstico e prevenção

 

Sintomas e transmissão do VSR

A infectologista explica que o VSR causa sintomas respiratórios e sistêmicos, como febre, tosse, coriza, dor de garganta, dor de cabeça e mal-estar. “Isso é comum em qualquer outro quadro. Mas quando o paciente fica com febre alta e persistente, quando tem falta de ar ou respira com uma frequência maior, o que a gente chama de taquipneia, quer dizer, ele tem uma maior frequência porque o ar não chega o suficiente ao pulmão, esses são sinais de gravidade”, alerta. 

A dra. Lessandra reforça ainda que, caso o paciente já tenha outra doença pré-existente – como diabetes ou DPOC, por exemplo –, ele corre um risco maior de que seu quadro se agrave e ele precise procurar atendimento médico, devido à descompensação de sua doença prévia. 

“Em geral, os sintomas duram de três a sete dias. Alguns pacientes, devido a alteração de imunidade, podem ter um quadro clínico que se prolongue por 14 dias ou mais”, completa. 

Sobre a transmissão, a médica explica que ocorre através de gotículas respiratórias. “As pessoas podem transmitir para outras pessoas próximas, que ficam a menos de um metro [de distância], ao tossir, espirrar ou até mesmo ao falar. Além disso elas ainda podem acabar contaminando o ambiente a sua volta, e pessoas que tocam em objetos contaminados e levam a mão aos olhos, nariz e boca também podem adquirir esse vírus. Essa é a principal forma de transmissão. Uma pessoa pode transmitir para em média três pessoas, então, é um vírus altamente contagioso”, afirma a especialista.

Pessoas com VSR normalmente podem transmitir o vírus um ou dois dias antes do surgimento dos sintomas e por três a oito dias após o início dos sintomas. Contudo, alguns bebês e pessoas com sistema imunológico enfraquecido podem seguir espalhando o vírus por mais tempo, mesmo após o término dos sintomas, por até quatro semanas. (13, 14)

 

Diagnóstico e tratamento do VSR

Para confirmar um caso de VSR, são feitos testes laboratoriais (como teste rápido e PCR-RT) que detectam o antígeno viral. A Dra. Lessandra destaca que muitas vezes os casos de infecção pelo vírus são subnotificados, por apresentarem sintomas semelhantes aos causados por outros vírus comuns. (15-17)

“O vírus sincicial respiratório, sem dúvidas, é subnotificado porque o quadro clínico não difere de outros vírus respiratórios comuns, como influenza e covid, então se não é feito o teste laboratorial, não é possível identificar esse vírus de outra forma”, afirma. 

Não existe tratamento específico para o VSR. (4) Normalmente, segundo a médica, são usados medicamentos – analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios e descongestionantes – para tratar os sintomas mais leves. 

“Quando esse paciente é internado no hospital, geralmente ele está com um padrão de disfunção respiratória. Se ele tem outras doenças crônicas, ele vai ser tratado para as doenças crônicas que geralmente complicam por causa da infecção. Ou seja, ele vai, aumentar o tratamento que ele já está usando para essas outras doenças com medicamentos específicos. Muitas vezes, esse paciente vai precisar de oxigênio e até ventilação mecânica”, explica a médica.

A maior parte dos pacientes se recupera em uma semana. Entre pessoas com 60 anos ou mais, a recuperação tende a ser mais lenta, e a infecção pode causar um maior risco de problemas cardiovasculares e perda de qualidade de vida. Quanto mais idade tiver o paciente, mais vulnerável ele pode estar a infecções. (18)

        Veja também: Como a pandemia mudou a época do vírus VSR no Brasil?

 

Formas de prevenção disponíveis

As medidas para evitar a propagação do VSR são as mesmas recomendadas para prevenção de outros vírus respiratórios, como: (10,11)

  • Lavar ou higienizar as mãos e limpar superfícies com frequência;
  • Cobrir a boca e o nariz com um lenço descartável ou o braço ao tossir ou espirrar;
  • Manter o ambiente ventilado, com medidas como abrir portas e janelas ou preferir reunir-se com pessoas ao ar livre, por exemplo;
  • Ficar em casa, evitar o contato com outras pessoas e usar máscara quando estiver doente.

Além disso, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), recomendam a vacinação como uma forma de prevenção contra as infecções causadas pelo VSR. (19)

“As vacinas para o vírus sincicial respiratório têm como objetivo diminuir o risco do paciente ter quadros de doença do trato respiratório inferior por esse vírus, quer dizer, evitar pneumonia e bronquite relacionada ao VSR. As vacinas não previnem que ele adquira o vírus e nem que ele transmita o vírus, mas sim – como a maior parte das vacinas – evita que ele adoeça e seu quadro de saúde se agrave, diminuindo a possibilidade de complicações e óbito”, esclarece a infectologista.

 

Conteúdo produzido em parceria com a biofarmacêutica GSK.

 

Material dirigido ao público geral. Por favor, consulte o seu médico.

Para mais informações, acesse também https://www.virussincicial.com.br/

NP-BR-RSA-BRF-240014 – Agosto/2024

 

Referências

  1. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV) Symptoms and Care. Disponível em: < https://www.cdc.gov/rsv/about/symptoms.html> Acesso em: 10 de julho de 2024.
  2. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV in older adults and adults with chronic medical conditions. Disponível em: < https://www.cdc.gov/rsv/high-risk/older-adults.html>. Acesso em: 10 de julho de 2024. 
  3. Branche AR, Saiman L, Walsh EE, et al. Incidence of respiratory syncytial virus infection among hospitalized adults, 2017–2020. ClinInfect Dis. 2022;74(6):1004-1011. doi:10.1093/cid/ciab595
  4. Aljabali, A. A., Obeid, M. A., El-Tanani, M., & Tambuwala, M. M. (2023). Respiratory syncytial virus: an overview. Future Virology, 18(9), 595-609.
  5. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV Transmission. Disponível em: < https://www.cdc.gov/rsv/about/transmission.html>. Acesso em: 10 de julho de 2024.
  6. BRASIL. Ministério da Saúde. Informe SE 52 | Vigilância das Síndromes Gripais Influenza, covid-19 e outros vírus respiratórios de importância em saúde pública. Disponível em: BRASIL. Ministério da Saúde. Informe Vigilância das Síndromes Gripais. Semana Epidemiológica 46 (21 de novembro de 2023). Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/coronavirus/atualizacao-de-casos/informe-se-46-vigilancia-das-sindromes-gripais-influenza-covid-19-e-outros-virus-respiratorios-de-importancia-em-saude-publica>. Acesso em: 10 de julho de 2024.
  7. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Nota técnica. Vírus sincicial respiratório em adultos no Brasil. Disponível em: <https://sbgg.org.br/wp- content/uploads/2023/11/Virus-Sincicial-Respiratorio-em-adultos-no-Brasil-1.pdf> Acesso em 10 de Julho de 2024
  8. BRASIL, Ministério da Saúde. Tempo frio possibilita o aumento de infecções respiratórias. Saiba como se prevenir nessa época. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/maio/tempo-frio-possibilita-oaumento-deinfeccoesrespiratorias-saiba-como se-prevenir-nessa-epoca. Acesso em: 10 de Julho de 2024
  9. Prefeitura da Cidade de São Paulo. Clima mais frio faz aumentar a circulação do vírus sincicial respiratório. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/noticias/?p=364119#:~:text=Clima%20mais%20frio%20faz%20aumentar,da%20Cidade%20de%20S%C3%A3o%20Paulo. Acesso em: 10 de julho de 2024
  10. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PREVENÇÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS RESPIRATÓRIAS. Disponível  em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/prevencao_doencas_infecciosas_respiratorias.pdf>. Acesso em: 10 de julho de 2024.
  11. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV Prevention. Disponível em: < https://www.cdc.gov/rsv/about/prevention.html>. Acesso em: 10 de Julho de 2024
  12. ALVES, Amanda Soares; BUENO, Valquiria. Imunosenescência: participação de linfócitos T e células mieloides supressoras nas alterações da resposta imune relacionadas ao envelhecimento. Einstein (São Paulo), v. 17, p. eRB4733, 2019.
  13. SCHWEITZER, John W.; JUSTICE, Nathaniel A. Respiratory syncytial virus infection. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2021.
  14. KODAMA, Fumihiro; NACE, David A.; JUMP, Robin LP. Respiratory syncytial virus and other noninfluenza respiratory viruses in older adults. Infectious Disease Clinics, v. 31, n. 4, p. 767-790, 2017.
  15. BRANCHE, Angela R. Why making a diagnosis of respiratory syncytial virus should matter to clinicians. Clinical Infectious Diseases, v. 69, n. 2, p. 204-206, 2019.
  16. HENRICKSON, Kelly J.; HALL, Caroline Breese. Diagnostic assays for respiratory syncytial virus disease. The Pediatric infectious disease journal, v. 26, n. 11, p. S36-S40, 2007.
  17. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). RSV – Diagnostic Testing for RSV. https://www.cdc.gov/rsv/hcp/clinical-overview/diagnostic-testing.html?CDC_AAref_Val=https://www.cdc.gov/rsv/clinical/index.html (acesso em 10 de julho de 2024).
  18. FALSEY, Ann R. Respiratory syncytial virus infection in adults. In: Seminars in respiratory and critical care medicine. Copyright© 2007 by Thieme Medical Publishers, Inc., 333 Seventh Avenue, New York, NY 10001, USA., 2007. p. 171-181.
  19. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Pneumologia. Guia de Imunização SBIm/SBPT (2024/2025). Disponível em: <https://sbim.org.br/images/files/guia-pneumologia-sbim-2024-2025.pdf>. Acesso em: 15 de julho de 2024.
  20. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. How RSV Spreads. Disponível: https://www.cdc.gov/rsv/causes/index.html#:~:text=Children%20are%20often%20exposed%20to,as%20tables%20and%20crib%20rails. Acesso em 31 de Julho 2024
  21. THE BRAZILIAN JOURNAL OF INFECTIOUS DISEASES. Casos graves de Vírus Sincicial Respiratório em anos de pandemia: uma análise retrospectiva da base de dados do SIVEP-GRIPE no Brasil (2020-2022). Volume 27, Supplement 1, October 2023. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867023003896>. Acesso em: 23 de Julho de 2024.
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