Saiba as principais características do vírus sincicial respiratório (VSR), se há vacinas em desenvolvimento e as principais medidas de prevenção.
Com uma sazonalidade mais frequente entre março e julho, o vírus sincicial respiratório, ou VSR, é um dos principais causadores de infecção aguda no sistema respiratório, podendo atingir os pulmões e brônquios. O VSR é mais prevalente em crianças de até 2 anos e em idosos.
De acordo com um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado no começo de junho, o VSR apresentou uma prevalência de 45,7% entre os casos com resultados positivos para vírus respiratórios. Em relação aos óbitos, foi registrado um percentual de 10,4% de casos positivos para o vírus. Os dados são válidos para as quatro semanas anteriores à publicação do estudo.
De janeiro a março de 2023, ocorreram mais de 3,3 mil casos de infecção, sendo que 95% desses casos foram registrados em bebês e crianças com idade entre 0 e 4 anos, segundo o Ministério da Saúde. Em 2022, o ministério divulgou que as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste tem maior circulação nos meses de março a julho. A Região Norte, de fevereiro a junho. E o Sul, de abril a agosto.
Quais os principais sintomas em crianças?
O vírus sincicial respiratório geralmente inicia-se como um resfriado comum, com sintomas como coriza, febre baixa e tosse. Todavia, o dr. Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que a doença pode evoluir para falta de ar, causada por bronquiolite, uma condição inflamatória dos bronquíolos, que são ramificações menores dos canais que transportam o ar para os pulmões — os brônquios.
O dr. Renato lembra que, em geral, o estado de saúde do paciente é preservado, já que o VSR não é uma doença de muita toxemia, ou seja, não provoca um excesso de toxinas no sangue. A baixa incidência de toxemia indica que o paciente pode ter uma recuperação mais rápida e menos complicada.
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Como é realizado o diagnóstico do vírus sincicial respiratório? E o tratamento?
Para confirmar o diagnóstico, o dr. Renato Kfouri afirma ser necessário testes virais, que servem apenas para se ter uma ideia epidemiológica de quando o vírus circula, já que não há um tratamento específico para a doença.
“O que existe são medidas de suporte, como a hidratação, o controle de vômitos, fisioterapia e às vezes a opção da internação para suplementar o oxigênio. Esse é o tratamento disponível hoje”, explica.
Há vacinas para o VSR?
Há várias vacinas em desenvolvimento para o vírus sincicial respiratório, de diferentes tecnologias. Em maio de 2023 os Estados Unidos aprovaram a primeira vacina do mundo contra a doença, indicada para idosos.
Para grávidas, uma vacina da Pfizer também promete proteger recém-nascidos. A proposta da empresa farmacêutica consiste em fornecer uma vacina singular às mulheres no final da gestação, especificamente entre a 24ª e a 36ª semanas, de modo que possam produzir anticorpos contra o VSR, permitindo sua transmissão através da placenta, alcançando o feto.
E como se prevenir do vírus sincicial respiratório?
O VSR é um vírus que se transmite com muita facilidade, sendo comum haver surtos em escolas e creches. O dr. Renato esclarece que as formas de prevenção são semelhantes às usadas contra a covid-19 e outras doenças respiratórias, que são:
- manter o distanciamento social;
- evitar aglomerações com bebês pequenos;
- lavar as mãos;
- usar máscara quando sintomático.
Vírus teve mudança na sazonalidade recentemente
Segundo o dr. Renato Kfouri, o VSR tinha uma sazonalidade bem definida na estação do outono, precedendo o vírus influenza, que causa gripe. Entretanto, essa realidade mudou com a covid-19. “A pandemia desorganizou um pouco essa sazonalidade, mas ela parece estar voltando ao padrão habitual desde o fim do ano passado e o início desse ano [2023]”, afirma.
O dr. Renato explica, contudo, que as crianças de baixa idade que permaneceram em casa durante a pandemia não se expuseram precocemente ao vírus. “Isso faz com que a gente tenha uma ‘recuperação’ de um atraso de infecções. É uma tendência no aumento de casos”, completa.
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Sobre o autor: Caio Coutinho é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e colaborador no Portal Drauzio Varella. Além do gosto por música, também tem interesse em temas de saúde mental e saúde da criança.