É essencial reconhecer diferenças entre pneumonias e resfriados, pois alguns casos exigem internação.
As pneumonias ocorrem quando um agente infeccioso ou irritante consegue penetrar nos alvéolos, as estruturas pulmonares onde ocorre a troca do ar oxigenado que respiramos pelo ar rico em gás carbônico que expiramos. Os agentes causadores de pneumonias podem ser diversos, desde vírus e bactérias até fungos, alérgenos ou substâncias irritantes.
As pneumonias compartilham alguns sintomas semelhantes com as gripes e resfriados, mas geralmente existem características que permitem diferenciá-los facilmente.
- Na pneumonia, costuma haver febre alta, acima de 38ºC, enquanto resfriados provocam febre baixa.
- A tosse pode ser diferenciada porque na maior parte das vezes a tosse da pneumonia produz muco verde-amarelado, enquanto a tosse do resfriado é seca.
- Como a pneumonia provoca uma inflamação nos pulmões, decorrente da luta do organismo para expulsar o agente irritante, também ocorre dor no tórax ao respirar, inexistente no resfriado.
Outros sintomas que aparecem na pneumonia, mas não em resfriados, incluem falta de ar, confusão mental e mal-estar generalizado. “É importante lembrar que essa doença pode ter evolução muito rápida. A pessoa está bem, mas dali a algumas horas, a infecção se manifesta e é preciso procurar atendimento médico sem demora”, orienta Deheinzelin.
Diagnóstico e tratamento de pneumonias
As pneumonias são mais graves que os resfriados, mas são muito menos contagiosas. O diagnóstico envolve auscultar os pulmões para identificar o chiado característico da doença, seguido de radiografia para analisar a região. Geralmente, o tratamento não é demorado. “Desde que o antibiótico esteja correto, o quadro de febre e de toxemia melhora em 3 ou 4 dias e os sintomas desaparecem entre 7 e 10 dias a contar do início do tratamento, embora a radiografia possa mostrar o infiltrado até um mês depois de o paciente estar curado. Por isso, é importante dizer que o critério para declarar a cura é primeiro clínico e depois radiológico”, ressalta o pneumologista.
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Descobrir qual é o micro-organismo específico causador de uma pneumonia, porém, não é tarefa fácil. Mas, em geral, a estratégia de tratamento utilizada não exige que se conheça a causa exata. “Como se sabe que os principais agentes são os Streptococcus pneumoniae, o microplasma, a Clamídia e o Hemophilus, muitas vezes introduz-se o tratamento com antibióticos que cobrem todo esse espectro sem necessidade de identificar o agente causador. Na maior parte das vezes não importa fazer a diferenciação. Ela só interessa quando o paciente não responde ao tratamento com antibiótico de amplo espectro”, explica o dr. Daniel Deheinzelin, pneumologista do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, em entrevista ao Portal Drauzio Varella.
Pneumonia sempre exige internação?
Quem já conheceu alguém que teve pneumonia possivelmente sabe de casos em que a pessoa precisou ser internada, mas essa conduta não é obrigatória. Muitas vezes, após o diagnóstico o tratamento pode ser feito em casa, com medicação prescrita. Entretanto, há alguns fatores que podem levar à indicação de internação, como febre alta, baixa oxigenação e complicações provocadas pela própria pneumonia.
Os casos mais frequentes de internação ocorrem quando a doença acomete idosos. “A pneumonia nas pessoas mais velhas é mais grave porque, geralmente, está associada às complicações da doença. Muitas vezes, as pessoas são internadas porque o quadro requer aplicação de antibiótico por via endovenosa, durante 48 ou 72 horas, uma vez que a absorção por boca pode estar comprometida”, explica Deheinzelin.
Fumo e ar-condicionado facilitam a instalação de pneumonias
Segundo o médico, o tabagismo é o principal fator de risco para a pneumonias. “Todo tabagista corre risco maior de ter a doença, porque o fumo, por si só, causa uma reação inflamatória que facilita a entrada de outros agentes agressores nos pulmões.” Crianças, que estão com o sistema imune em desenvolvimento, e idosos, que podem estar com a imunidade deficiente, também são mais suscetíveis à doença.
Ar-condicionado também pode facilitar a disseminação da pneumonia, tanto porque o ambiente tende a ficar muito seco (o que facilita a invasão por micro-organismos) como porque o ar do local é continuamente reciclado, aumentando o risco de germes permanecerem circulando.
Vídeo: Especialista responde 5 perguntas frequentes sobre pneumonias