Quais os principais tipos de anemia?

Embora tenham sintomas semelhantes, há diferentes tipos de anemia. Conhecê-los e identificar suas causas é essencial para o tratamento.

close em mão de enfermeira tirando sangue de paciente. Exame é importante para identificar os tipos de anemia

Compartilhar

Publicado em: 12 de julho de 2022

Revisado em: 27 de outubro de 2023

Embora possam ter sintomas semelhantes, os diferentes tipos de anemia têm características e causas distintas. Veja os principais.

 

É muito comum ouvir as pessoas dizerem que têm anemia, como se esse não fosse um termo amplo, que se refere a uma condição que tem inúmeras causas, algumas hereditárias e outras adquiridas, mas todas associadas à produção ou à perda dos glóbulos vermelhos. 

Veja também: Anemia infantil: como prevenir?

Esses glóbulos, também chamados de hemácias ou eritrócitos, contêm hemoglobina, pigmento vermelho cuja função é transportar oxigênio para os tecidos do organismo. 

Na verdade, anemia é uma doença conhecida há muitos anos que tem inúmeras causas diferentes. Portanto, é indispensável saber por que está instalada e quais são suas características”, define em entrevista a este Portal a hematologista Therezinha Verrastro.

Há três tipos de anemia: as microcíticas, quando as células vermelhas são pequenas e há diminuição na quantidade de hemoglobina dentro das hemácias; as normocíticas, quando não há alteração no tamanho das hemácias; e as macrocíticas, quando essas células são maiores que o habitual.

Veja os tipos mais frequentes e suas principais características:

 

Anemias microcíticas

 

Anemia ferropriva

É a anemia mais comum, caracterizada pela deficiência de ferro, nutriente essencial ao organismo e associado à produção de glóbulos vermelhos e ao transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos.

Em geral, é causada por carência nutricional, mas pode estar relacionada a parasitoses intestinais, gravidez, parto e amamentação, hemorragias agudas ou crônicas e menstruações muito abundantes.

Mulheres em idade fértil, idosos, crianças e adolescentes em fase de crescimento e indivíduos que realizaram cirurgia de redução de estômago estão mais vulneráveis a esse tipo de anemia, que pode ocorrer, no entanto, em qualquer fase da vida. “Crianças e adolescentes de ambos os sexos, na fase de crescimento, necessitam duas vezes mais de ferro do que os adultos, pois ele entra não só na composição da hemoglobina, como também na formação da mioglobina, proteína essencial para o desenvolvimento do músculo, que é vermelho porque contêm ferro”, explica a dra. Verrastro.

Os principais sintomas da anemia ferropriva incluem cansaço, palidez, apatia e taquicardia. Nas fases mais avançadas, podem aparecer alterações na pele, nas unhas e nos cabelos, que ficam quebradiços. Em crianças, a anemia ferropriva pode comprometer o crescimento e o aprendizado, além de aumentar o risco de infecções.

A primeira medida é corrigir a causa da deficiência de ferro, aumentar a ingestão de alimentos ricos nesse nutriente, como carne vermelha, verduras de folhas escuras (espinafre, couve, brócolis etc.) e leguminosas (feijão, lentilhas, ervilhas etc.) e repor o ferro, às vezes em associação com vitamina C, por cerca de seis meses.

 

Talassemia

Também conhecida como anemia do Mediterrâneo, é uma doença hereditária trazida pelos imigrantes oriundos dos países banhados pelo Mediterrâneo, como espanhóis, portugueses, gregos, italianos, egípcios e libaneses.

É causada por um defeito no processo de síntese da hemoglobina. Existem dois tipos de talassemia: alfa, quando há diminuição ou ausência da produção das cadeias alfa da hemoglobina, e beta, quando ocorre diminuição ou ausência de produção das cadeias beta de hemoglobina. Ambas as talassemias podem se manifestar nas formas assintomática ou mais grave. 

Nos casos assintomáticos, não há necessidade de tratamento. No entanto, nos graves, os sintomas começam a aparecer no primeiro ano de vida e podem incluir palidez, cansaço, dentes mal alinhados, ossos proeminentes e abdômen inchado por conta do aumento do baço e do fígado. O tratamento inclui medicamentos e transfusões de sangue regulares.

 

Anemias normocíticas 

 

Anemia aplástica

Doença autoimune caracterizada pela diminuição da produção de células sanguíneas na medula óssea. É uma doença rara e grave, que pode ser congênita ou desencadeada por fatores externos, como infecções, câncer e exposição à radioterapia e/ou quimioterapia.

Os sintomas da anemia aplástica incluem manchas roxas ou avermelhadas na pele, sangramentos, palidez, cansaço e recorrência de infecções. O tratamento engloba transfusões de sangue e transplante de medula óssea.

 

Anemia falciforme

Caracteriza-se por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica, adquirem o aspecto de uma foice (daí o nome falciforme) e endurecem, o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e, consequentemente, a oxigenação dos tecidos.

“A hemácia falciforme contém um tipo de hemoglobina chamado de S que se cristaliza na falta da oxigenação e obstrui os vasos, porque não tem a maleabilidade da hemácia normal”, afirma a dra. Verrastro.

Mais comum em pessoas negras, também pode acometer indivíduos brancos. Os sintomas incluem dor intensa provocada pelo bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos, principalmente quando ocorrem infecções, que podem ser mais frequentes; dores articulares; palidez icterícia (pele amarelada); fadiga; atraso no crescimento; priapismo (ereção dolorosa e não relacionada ao estímulo sexual); problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares, ósseos e renais.

O tratamento pode ser feito com a reposição de ácido fólico e outros medicamentos, além de transfusões sanguíneas.

O teste do pezinho, exame realizado nos primeiros dias de vida do bebê, detecta a anemia falciforme, permitindo que a criança seja tratada desde pequena e, assim, tenha mais qualidade de vida. “Se a criança for portadora da doença, será mais bem cuidada desde o nascimento, o que a protege contra infecções graves no período neonatal. Desde que receba tratamento contínuo, ela poderá sobreviver com boa qualidade de vida”, conclui a hematologista.

Veja também: Anemia falciforme: crises de dor pioram a qualidade de vida do paciente

 

Anemia hemolítica autoimune (AHAI)

É caracterizada por uma desregulação do sistema imune, que passa a produzir anticorpos que atacam os glóbulos vermelhos do sangue. Pode ser causada por uma infecção, certos medicamentos, outra doença autoimune, entre outros.

Os principais sintomas são cansaço; fraqueza; palidez; tontura; icterícia; urina escura; dor muscular; etc. O tratamento pode ser feito com corticoides e imunossupressores.

 

Anemia por doenças crônicas

É a segunda anemia mais frequente, e surge em consequência de doenças crônicas, infecciosas ou não, doenças autoimunes ou câncer. Pode ocorrer por três mecanismos: diminuição da sobrevida da hemácia; falha da medula óssea em aumentar a produção de glóbulos vermelhos para compensar o aumento da sua demanda; e distúrbio no metabolismo do ferro.

Entre as principais causas estão insuficiência cardíaca, doença de Crohn, artrite reumatoide, lúpus, infecção pelo HIV, linfoma, entre outras. Os sintomas são semelhantes aos de outros tipos de anemia. Em geral, trata-se a causa da anemia, mas também pode ser indicado o uso de eritropoietina, que estimula a produção de hemácias, ou a suplementação de ferro.

 

Anemias macrocíticas

 

Anemia de Fanconi (AF)

É caracterizada pela diminuição das células sanguíneas: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas (pancitopenia). É uma doença rara, de causa genética. 

Os sintomas incluem malformações congênitas; alterações nos ossos; falência medular progressiva; manchas amarronzadas na pele; problemas renais; e predisposição a certos tipos de câncer.

A doença em geral é identificada antes dos 12 anos de idade, e o tratamento inclui transfusões de sangue e transplante de medula.

 

Anemias megaloblásticas

 

Por deficiência de B12 

Causada pela falta de vitamina B12, é caracterizada por aumento do tamanho das hemácias e redução na sua quantidade.

Os sintomas mais comuns são dor de barriga; alteração no funcionamento do intestino (períodos alternados de diarreia e prisão de ventre); queda de cabelo; cansaço; palidez; entre outros.

Além desses sintomas, em casos mais graves podem aparecer sintomas neurológicos como reflexos lentos, perda de equilíbrio, marcha instável e confusão mental.

É mais comum em pessoas vegetarianas, que realizaram cirurgia bariátrica, com gastrite crônica ou que tenham anemia perniciosa (ver abaixo). O tratamento pode incluir o aumento na ingestão de alimentos ricos em B12 (frutos do mar, ovos, leite etc.) ou reposição desse nutriente.

 

Anemia perniciosa (de Addison)

Embora seja um tipo de anemia megaloblástica, não é causada pela baixa absorção de B12, mas pela deficiência de fator intrínseco, uma proteína à qual esse nutriente se liga para ser absorvido pelo organismo. Com a deficiência do fator intrínseco, a absorção da vitamina B12 fica comprometida. 

Pode ter causa imunológica, mas também pode ser provocada por doença celíaca, deficiência de cobalto, desnutrição infantil, entre outros. Os sintomas são os mesmos descritos na anemia megaloblástica. O tratamento pode incluir a reposição de vitamina B12 por via oral ou injetável.

 

Por deficiência de ácido fólico (vitamina B9)

Em geral, ocorre por baixa ingestão dessa vitamina, alcoolismo, má absorção do nutriente, entre outros. Os sintomas comuns são sonolência, palidez, cansaço, taquicardia, entre outros. O tratamento pode incluir a reposição de ácido fólico.

Veja mais

Sair da versão mobile