Como funciona a doação de plaquetas

mulher fazendo doação de plaquetas

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Publicado em: 8 de maio de 2023

Revisado em: 9 de maio de 2023

A doação de plaquetas pode beneficiar uma série de pacientes, principalmente aqueles em tratamento quimioterápico. Saiba mais.

 

As plaquetas são componentes do sangue que têm função importante na coagulação sanguínea e no controle de sangramentos. Parte das plaquetas pode ser doada sem que haja nenhum prejuízo à saúde do doador. Para se ter ideia, uma pessoa pode doar plaquetas a cada sete dias, não ultrapassando o limite de 24 doações em um período de 12 meses. O organismo repõe as plaquetas doadas em cerca de 48 horas. 

Segundo o dr. César de Almeida Neto, hematologista da Fundação Pró-Sangue, em São Paulo, a importância das plaquetas na coagulação foi reconhecida no final do século 19. Porém, na época não havia métodos de coleta e preservação adequados.

“A partir do século passado, a gente foi obtendo esses componentes de uma maneira adequada para transfusão, e a princípio a gente retirava de uma doação de sangue total uma unidade de plaquetas. Então, para atender um paciente adulto, a gente precisaria de mais ou menos cinco unidades de plaquetas, ou seja, precisaria de cinco doadores de sangue total. No final dos anos 1980, mais ou menos, a gente começou a ter uma possibilidade de coleta automatizada dessas plaquetas. Isso é feito através de um equipamento, que é conhecido como equipamento de aférese, e você consegue retirar as plaquetas numa dose adequada para dois adultos ou um adulto e uma criança”, explica. 

A doação é feita por meio dessa máquina, que colhe o sangue da veia do doador, separa seus componentes – plaquetas, plasma e glóbulos brancos e vermelhos –, retém uma parte das plaquetas e devolve o restante para o doador. O procedimento é seguro e os possíveis efeitos colaterais para os doadores são os mesmos de uma doação de sangue comum, como queda de pressão e fraqueza. 

        Veja também: Não pode faltar sangue nos hospitais

 

Quem pode doar?

Os critérios para a doação de plaquetas incluem os mesmos da doação de sangue total: estar em boas condições de saúde, ter entre 18 e 69 anos, pesar mais de 50 quilos, estar alimentado (evitando alimentação gordurosa nas horas anteriores à doação) e descansado. Além disso, o doador também não pode ter ingerido aspirina e anti-inflamatórios não hormonais nos três dias anteriores à doação.

Alguns hemocentros – como é o caso da Pró-Sangue – exigem que a pessoa já tenha feito uma doação de sangue anteriormente para poder doar plaquetas. Outra regra é que apenas mulheres que nunca engravidaram podem ser doadoras. Essas são exigências que podem mudar de um hemocentro para outro. Por isso, é importante consultar o hemocentro da sua cidade antes de doar. 

“Uma outra coisa importante é que no dia que a pessoa vem doar é feito também um hemograma para ver a quantidade de plaquetas e garantir que a pessoa está com bastante plaqueta para poder doar e que não vai fazer falta”, explica o médico.

Também é importante que o doador tenha disponibilidade de 1h30min a 2 horas, aproximadamente, para realizar a doação, que deve ser agendada. 

        Veja também: Veja quem não pode doar sangue

 

Para quem vão as plaquetas?

Existe uma série de situações em que uma pessoa pode precisar receber plaquetas. O especialista lista para quem vão as plaquetas doadas: 

  • Pessoas em tratamento quimioterápico: os pacientes com câncer – como leucemias e linfomas, por exemplo – são os que mais utilizam as plaquetas; 
  • Pacientes com plaquetas baixas por causa adquirida, como uma infecção. Por exemplo, pessoas internadas com sepse podem receber plaquetas para prevenir hemorragias e sangramentos, caso precisem passar por algum procedimento invasivo, como cirurgia ou passagem de cateter;
  • Indivíduos que passam por procedimentos complexos, como transplante de órgãos (coração, medula, fígado, etc.): como eles perdem volume sanguíneo por muito tempo, precisam de um suporte para evitar mais sangramentos. No transplante de medula, é frequente a pessoa receber plaquetas por um período maior, até elas voltarem ao nível normal; 
  • Pacientes vítimas de trauma: muitas vezes necessitam de transfusão de plaquetas e de outros componentes do sangue para conseguir se recuperar. 

 

Depois da doação de plaquetas

Depois da doação, as plaquetas têm validade de cinco dias. É o componente sanguíneo com a validade mais curta de todos. Antes de seguir para os receptores, são realizados diversos testes. 

“Com essas plaquetas vão ser feitos testes para doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatite B, hepatite C, sífilis, Chagas, HIV, HTLV 1 e 2; vão ser feitos testes também para detecção de possíveis bactérias, porque às vezes o doador pode estar com uma infecção e ainda estar em um período que ele não tem sintomas; e [as plaquetas] vão passar pelo processo de irradiação, para evitar algumas reações adversas raras, que podem ocorrer porque muitas vezes você está lidando com pacientes imunossuprimidos, pacientes que fizeram transplante”, esclarece o dr. César.

Em geral, as plaquetas são liberadas para os pacientes que precisam entre 24 até 48 horas após a doação.

        Veja também: O que acontece com o sangue após a doação?

 

Por que doar?

A doação de plaquetas, assim como a doação de sangue total, é muito importante. Na doação de sangue total, os componentes do sangue também são fracionados, então uma parte das plaquetas doadas também sai dali. 

Segundo o médico, depois do período mais crítico da pandemia, era esperado um retorno maior de doadores aos hemocentros, o que não aconteceu. “Entretanto, os procedimentos médicos e cirúrgicos que ficaram represados durante a pandemia estão voltando a ocorrer em uma intensidade grande. E o que a gente tem visto é que a gente está passando por um período crônico – não só aqui em São Paulo, mas no Brasil como um todo e nos outros países do mundo – de falta de doadores”, afirma o médico. 

“Daí a importância daquelas pessoas que nunca doaram fazer sua primeira doação e ver que realmente é algo bem seguro, que não vai trazer nenhuma consequência para elas. E que ao contrário, vai ajudar três, até quatro pessoas, porque aquele sangue que é doado, ele é fracionado em componentes. E aquelas pessoas que já são doadoras de repetição, que continuem doando, porque graças a essas pessoas a gente consegue manter o atendimento dos nossos pacientes de uma maneira suficiente”, completa o dr. César. 

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