Vacinação contra papilomavírus | Artigo

adolescente recebe vacina contra papilomavírus

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Publicado em: 18 de abril de 2011

Revisado em: 11 de agosto de 2020

A vacina contra o papilomavírus (HPV) é segura, eficaz e uma forma de prevenir o câncer de colo de útero

 

A infecção genital por papilomavírus (HPV) é adquirida através do contato sexual. É o mais comum dos processos infecciosos sexualmente transmissíveis: mais de 80% dos homens e mulheres serão infectados no decorrer da vida. Cerca de 30% das mulheres adquirem o vírus no ano seguinte à iniciação sexual.

A infecção é assintomática na maioria das vezes, mas verrugas genitais benignas (condilomas) e o câncer de colo de útero se desenvolvem em um subgrupo de mulheres.

O advento do Papanicolaou, exame por meio do qual analisamos as características das células que descamam do colo, reduziu muito a incidência desse tipo de câncer, porque permite identificar e tratar as lesões pré-malignas.

 

Veja também: A segurança da vacina contra  HPV

 

Em países como o Brasil, em que os programas de prevenção não atingem parte significante da população de baixa renda, a prevalência e as mortes por câncer de colo uterino são vergonhosamente elevadas.

O HPV tem predileção pelas células do epitélio dos órgãos sexuais, nas quais penetra através das microfissuras. Uma só partícula viral forma, por replicação, 50 a cem cópias dentro de cada célula. Se não forem contidas pela resposta imunológica, essas novas partículas infectarão tecidos mais profundos.

Cerca de 30 a 40 tipos (genótipos) diferentes de HHHPV infectam o trato genital. Eles são divididos em dois grupos: baixo-risco, associados aos condilomas benignos, e alto-risco, responsáveis pelo câncer anogenital.

Apenas dois genótipos (HPV-6 e HPV-8) são causadores de mais de 90% dos condilomas genitais e dos papilomas que se instalam nas mucosas do trato respiratório.

Infecções pelos HPVs de alto-risco estão por trás de todos os cânceres de colo uterino, 90% daqueles da região anal, 50% daqueles da vulva e do pênis e 12% dos carcinomas que se instalam na orofaringe.

HPV tipos 16 e 18 estão envolvidos em 70% dos tumores malignos do colo uterino. Se juntarmos a eles as infecções pelos tipos 31, 33, 35, 45, 52 e 58, teremos os causadores de 95% dos casos.

Do momento da transmissão do vírus à transformação maligna, a progressão é caracterizada por uma sequência de alterações celulares, conhecidas como neoplasias intraepiteliais cervicais ou NIC.

Elas costumam ser divididas em três graus: NIC 1, quando as células alteradas se limitam ao terço mais superficial da camada de revestimento do colo; NIC 2, quando invadem 2/3 do epitélio; e NIC 3, quando penetram toda a espessura epitelial.

Foram desenvolvidas duas vacinas para a prevenção primária da infecção pelo HPV. Ambas são constituídas por proteínas semelhantes às do vírus, que induzem a produção de anticorpos neutralizantes e de células imunocompetentes sem nenhum risco de provocar infecção, porque não contém o DNA do HPV.

Nos testes realizados, ambas induzem níveis protetores de imunidade em 97,5% das vacinadas. As duas apresentam mais de 90% de eficácia na prevenção das lesões NIC 2 e NIC 3 causadas pelo HPV-16 e HPV-18.

Como a vacina não protege mulheres previamente infectadas pelos tipos 16 e 18, a rotina dos exames de Papanicolaou precisa ser mantida depois da vacinação.

O esquema de vacinação deve conter três doses. A segunda é administrada dois meses mais tarde, e a terceira seis meses contados a partir da primeira.*

Como a vacina não contém partículas virais, pode e deve ser administrada para mulheres imunodeprimidas, como é o caso das HIV-positivas. Embora a vacinação acidental de grávidas não tenha provocado malformações, é recomendado evitá-la na gravidez.

A grande barreira para a vacinação universal de meninas e de adolescentes é o custo.

 

*O público-alvo e o número de doses necessárias para imunização contra o HPV mudaram desde a publicação deste artigo. Veja informações atualizadas aqui

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