Estudo revela que 10% a 30% dos pacientes que tiveram covid-19 enfrentam os sintomas da covid de longa duração.
Que doença estranha. Cerca de 20% dos infectados não sentem nada; outros têm sintomas que podem ser leves, de intensidade moderada ou daqueles que jogam o cristão na cama, sem coragem para levantar-se. Ao mesmo tempo, alguns precisam ser hospitalizados e depender de vagas nas UTIs para sobreviver.
Veja também: Artigo do dr. Drauzio sobre sintomas da covid-19
Desde o início da pandemia, sabemos que pacientes intubados, que passaram vários dias ligados a aparelhos de ventilação mecânica, demoram meses para recuperar as condições físicas de antes. Os demais teriam evolução benigna, com sintomas que regrediriam em até duas semanas.
A experiência, no entanto, tem demonstrado que 10% a 30% dos que se recuperaram, apresentam queixas persistentes durante semanas ou meses. Os especialistas calculam que alguns desses quadros podem adquirir características de cronicidade, semelhantes aos descritos na síndrome da fadiga crônica, que se instala depois de determinadas infecções virais.
Há duas teorias para explicar esses casos: 1) partículas virais remanescentes persistiriam nos pulmões, nos músculos, no cérebro e nas mucosas do aparelho digestivo, mantendo ativo o processo inflamatório, nesses locais; 2) certos elementos do sistema imunológico, hiperestimulados pela presença do vírus, agrediriam os tecidos do próprio organismo.
Nessas pessoas, há dúvidas sobre o efeito das vacinas contra a covid. Até agora, os dados parecem mostrar que, na maioria delas, os sintomas regridem mais rapidamente depois da vacinação, enquanto em outras eles ficam inalterados ou pioram.
Acreditar que a infecção pelo novo coronavírus só causa problemas nos mais velhos e naqueles que apresentaram formas graves da doença, é pensamento mágico.
O estudo “Survivor Corps” conduzido na Universidade Indiana, nos Estados Unidos, tem acompanhado pela internet pacientes que tiveram covid, com a finalidade de avaliar a duração dos sintomas que constam de uma lista apresentada pelos pesquisadores. Os participantes podem acrescentar outros que não foram citados na relação. As principais conclusões foram as seguintes:
1) Os sintomas presentes nos casos de longa duração são mais comuns do que os enumerados pelos Centers for Diseases Control, dos Estados Unidos. Os participantes se queixaram de haver desencontro entre seus problemas de saúde e as informações disponíveis nos órgãos oficiais;
2) Enquanto o impacto da doença nos pulmões e no sistema cardiovascular tem chamado mais atenção, os resultados sugerem que o cérebro, os olhos, a pele e a musculatura apresentam afecções frequentes que comprometem a qualidade de vida dos que se recuperam da doença;
3) Cerca de 26% dos que apresentam covid prolongada, queixam-se de dores crônicas instaladas depois do quadro inicial, principalmente nos músculos, nas articulações ou espalhadas pelo corpo. Na maior parte das vezes, são dores difíceis de controlar;
4) Os participantes do estudo se queixam de que os médicos menosprezam suas queixas e não estão preparados para tratá-los.
A lista dos 50 sintomas mais comuns relatados ao “Survivor Corps”, é extensa. Por ordem de frequência, são os seguintes: fadiga, dores no corpo, fôlego curto ou dificuldade para respirar, dificuldade para concentrar a atenção, incapacidade para praticar atividade física, dor de cabeça, dificuldade para dormir, ansiedade, problemas de memória, tontura, sensação de opressão no peito, tosse, dores nas juntas, dor de garganta, palpitações, diarreia, sudorese noturna, perda parcial ou total do olfato, taquicardia, febre ou calafrios, queda de cabelo, visão embaçada, congestão nasal, depressão, neuropatia nos pés e mãos, perda parcial ou total do paladar, abscesso na orofaringe, dores abdominais, dor na coluna lombar, falta de ar ao abaixar, olhos secos, náuseas e vômitos, ganho de peso, sensação de ouvido entupido, câimbras nas pernas, tremores, pontos brilhantes no campo visual, sede constante, vermelhidão na pele (rash), sensação de choque no trajeto dos nervos, dor súbita no tórax, zumbido nos ouvidos, confusão mental, contrações musculares involuntárias, irritabilidade.
Acreditar que a infecção pelo novo coronavírus só causa problemas nos mais velhos e naqueles que apresentaram formas graves da doença, é pensamento mágico. Qualquer pessoa infectada pelo vírus pode evoluir com sintomas de longa duração, ainda que a fase aguda tenha sido relativamente benigna, sem necessidade de cuidados médicos especiais.