Síndrome da fadiga crônica (encefalomielite miálgica)

mulher deitada no sofá. síndrome da fadiga crônica causa cansaço excessivo

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A síndrome da fadiga crônica é caracterizada por cansaço extremo que perdura por meses, não tem causa aparente e não melhora com repouso.

 

Síndrome da fadiga crônica (SFC) é um transtorno caracterizado por sensação de cansaço extremo e incapacitante, sem nenhuma causa aparente capaz de justificá-lo. Tal sintoma que pode persistir por mais de seis meses, piora com esforço físico ou tensão psicológica e não regride com repouso.

A síndrome se manifesta especialmente entre os 20 e os 50 anos. Embora afete mais as mulheres, não poupa homens e crianças, quaisquer que sejam suas idades. Níveis altos de estresse podem funcionar como gatilho para o surgimento das crises.

Conhecida por diferentes nomes — Encefalomielite Miálgica (ME), Doença da Disfunção Imune, Síndrome de Intolerância à Atividade Física,  ou, simplesmente, Síndrome da Fadiga Crônica –, a condição somente foi reconhecida pelo Centro para Controle de Doenças dos Estados Unidos e a constar do CID 10 no final dos anos 1980. Foi a partir dessa data, que deixou de ser vista como “coisa da sua cabeça”, um distúrbio meramente psicológico, para ser definida como um transtorno que pode apresentar alterações em vários sistemas do organismo (neurológico, imunológico e endócrino).

Veja também: Certos genes podem estar envolvidos no desenvolvimento da fadiga crônica

É comum àqueles que têm  síndrome da fadiga crônica serem rotulados de preguiçosos, indolentes, comodistas, avessos à ideia de trabalho. Cercados pelo preconceito, em geral, não encontram respaldo nem na comunidade médica, haja vista que grande parte dos especialistas atribui os sintomas a causas meramente psicológicas, emocionais ou à agitação da vida moderna. Daí a importância de divulgar e discutir as particularidades dessa doença que afeta o sistema motor como um todo e provoca um mal-estar pós-esforço marcado por fadiga física e mental debilitante.

No filme/documentário “Unrest” (Sem descanso, em tradução livre), com base na evolução da própria moléstia, a diretora Jennifer Brea traça um perfil que ajuda a entender essa condição. Destaca também a importância de encontrar on-line pacientes que compartilhem experiências semelhantes e características da evolução da doença.

 

Causas da síndrome da fadiga crônica

 

Apesar do empenho dos pesquisadores, a causa da síndrome da fadiga crônica permanece desconhecida. Não se sabe sequer se existe uma causa única ou se o problema é multifatorial. Já foi levantada a hipótese de que a doença seja desencadeada pela combinação de determinadas condições clínicas e fatores ambientais que disparam as crises nas pessoas geneticamente predispostas.

Embora haja controvérsias a respeito, alguns estudos sugerem que a síndrome da fadiga crônica pode estar correlacionada com as infecções pelo Epstein-Barr (vírus da mononucleose) e o citomegalovírus, por exemplo. Da mesma forma, não está provado que o HIV, o vírus da rubéola e o vírus do herpes estejam relacionados com essa enfermidade. Recentemente, segundo artigo publicado na revista “Science”, foi identificado um novo vírus, o XMRV, ligado ao câncer de próstata, que parece estar associado à ocorrência da síndrome de fadiga crônica.

Foram, ainda, levantadas como causas possíveis da síndrome da fadiga crônica: 1) o desequilíbrio na produção de hormônios pelo hipotálamo (ocitocina e hormônio antidiurético), das glândulas pituitárias ou da hipófise (hormônio do crescimento, entre muitos outros) e das glândulas adrenais (adrenalina e noradrenalina) e 2) certo comprometimento (pouco importante) do sistema imunológico e a hereditariedade.

 

Sintomas da síndrome da fadiga crônica

 

Como o nome do distúrbio indica, o principal sintoma da síndrome é a fadiga, que chega a ser exaustiva e incapacitante, a ponto de afetar a realização das tarefas rotineiras por longos períodos.

Há casos em que os sinais da doença surgem durante ou após a vigência de uma infecção viral, acompanhada de febre, corrimento nasal, linfonodos aumentados no pescoço e axilas. Dor de garganta e de cabeça, dores musculares e nas articulações sem explicação plausível, são outras manifestações possíveis da síndrome.

Do mesmo modo, perda da memória e da concentração, distúrbios do sono (apneia, síndrome das pernas inquietas, insônia), diabetes, anemia e hipotireoidismo, assim como depressão e isolamento social, são complicações que podem estar correlacionadas com a síndrome da fadiga crônica ou serem sintomas  de várias doenças que também causam cansaço extremo e persistente. Distinguir umas das outras é de suma importância para estabelecer o diagnóstico diferencial com diversas condições médicas e orientar o tratamento.

 

Diagnóstico da síndrome da fadiga crônica

 

Não existem sintomas que, isoladamente, identifiquem a síndrome da fadiga crônica, nem testes de laboratório que conduzam ao diagnóstico definitivo dessa condição.

Embora a fadiga crônica, física e mental, seja o sintoma relevante e os critérios de diagnósticos já estabelecidos, em 2015, pelo Instituto de Medicina americano (Divisão de Saúde e Medicina da Academia Nacional de Ciência, Engenharia e Medicina) bastante abrangentes, pode ser necessário recorrer a grande variedade de avaliações médicas para descartar a ocorrência de outras moléstias que possuem sintomas semelhantes, tais como o hipotireoidismo, os distúrbios do sono, DPOC, anemia.

Sob esse aspecto, pode-se dizer que o diagnóstico da síndrome da fadiga crônica é feito por exclusão, ou seja, ele é constituído quando não existe nenhuma outra doença capaz de explicar a incidência dos sintomas.

 

Tratamento da síndrome da fadiga crônica

 

Ainda não se conhece a cura para a síndrome da fadiga crônica. Até o momento, o objetivo do tratamento (necessariamente multidisciplinar) se volta para o alívio dos sintomas e o controle das doenças que podem contribuir para a gravidade do quadro.

Em linhas gerais, ele se baseia num programa gradual de exercícios físicos, aeróbicos e de força, e na aplicação da terapia cognitivo-comportamental, visando a mudanças de estilo de vida.

Nenhuma droga provou, ainda, sua eficácia no tratamento da síndrome. No entanto, medicamentos anti-inflamatórios, antidepressivos, analgésicos e reguladores do sono podem ser úteis para controle dos sintomas, que pode reverter em melhor qualidade de vida.

 

Recomendações

 

  • Procure ajuda médica se a sensação de cansaço, fraqueza e desânimo, assim como a dificuldade de manter a concentração e a memória ativa, estiverem atrapalhando sua rotina de vida;
  • Não desconsidere, durante as consultas, sintomas banais, como esquecimentos aparentemente irrelevantes, dores de cabeça que vêm e passam, introdução de novos medicamentos ou manutenção daqueles de uso contínuo prescritos pelo médico;
  • Tente responder objetivamente às perguntas que o médico possa fazer-lhe durante a entrevista. Por exemplo: quando os sintomas começaram? há situações em que eles pioram? o apetite e o sono continuam inalterados? na sua família, há pessoas que apresentam sintomas semelhantes? recentemente ocorreu algum fato novo em sua vida?
  • Lembre-se de que é muito importante a qualidade e precisão das informações fornecidas ao médico durante as consultas. Por isso, descrever os sintomas que vão e retornam, em ciclos, de forma clara e objetiva, pode ajudar a esclarecer o diagnóstico e orientar o tratamento.
  • Não confie na sua memória. Leve por escrito o nome e as doses de qualquer medicamento, vitamina ou suplemento que esteja tomando regular ou periodicamente.

 

Perguntas frequentes sobre síndrome da fadiga crônica

 

Qual o médico mais indicado para diagnosticar a síndrome?

O especialista mais indicado para identificar e tratar a síndrome da fadiga crônica é o reumatologista, que pode indicar especialistas de outras áreas para ajudar a controlar os sintomas.

Síndrome de fadiga crônica e fibromialgia são a mesma coisa?

Não, embora muitas pessoas confundam as duas doenças. Veja quais os sintomas da fibromialgia aqui.

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