Sarcoidose

Médico analisando exame de raio x dos pulmões.

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Sarcoidose é uma doença inflamatória, multissistêmica, não contagiosa, de causa desconhecida e caracterizada pelo crescimento de nódulos inflamatórios em regiões diversas do organismo.

 

Sarcoidose, ou doença de Besnier-Boeck-Schaumann, é uma enfermidade autoimune, que se caracteriza pelo crescimento de nódulos inflamatórios ou pelo acúmulo de células do sistema imunológico (macrófagos) em resposta a algum tipo de agressão sofrida pelo organismo.

Conhecidas como granulomas epitelioides não caseosos, essas lesões podem surgir em diversos órgãos do corpo, alterando sua estrutura e funcionamento. Os mais acometidos costumam ser os pulmões (90% dos casos) e os linfonodos (gânglios linfáticos), seguidos pelo fígado, olhos e pele. Com menor frequência, coração, baço, rins, articulações, músculos esqueléticos e o sistema nervoso central podem ser afetados.

 

Fatores de risco

 

Embora a doença possa manifestar-se em qualquer idade e seja rara na infância, constituem grupos de risco as mulheres entre 20 e 40 anos, os negros, os brancos do nordeste europeu e os portadores de história da doença na família. Estudos mostram que a incidência da sarcoidose e as formas mais graves da doença são mais comuns em países como a Suécia, Dinamarca, Finlândia, Irlanda e na população negra dos EUA.

 

Causas

 

Sarcoidose é uma doença granulomatosa inflamatória, multissistêmica, não contagiosa, de causa desconhecida. Ela pode apresentar-se sob a forma aguda ou crônica e afetar praticamente todos os órgãos do corpo. Pesquisadores avaliam a hipótese de que se trata de uma resposta exagerada do sistema imune a um agente agressor, seja ele fungo, vírus, bactéria, produto químico ou poeira, em indivíduos geneticamente predispostos.

 

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Os granulomas se formam para defender o organismo de um agente prejudicial, que não consegue eliminar de outra maneira. Via de regra, a progressão da doença passa por diferentes fases, que vão desde um processo inflamatório assintomático até a fibrose (cicatrizes) nos tecidos em que se alojaram as lesões.

 

Sintomas

 

A doença pode ser assintomática. Quando se manifestam, os sintomas variam de acordo com os tecidos e órgãos comprometidos e a gravidade das lesões. Eles podem surgir de repente e durar pouco tempo, ou instalar-se de forma lenta e insidiosa durante longos períodos. Cansaço extremo, febre, inapetência, perda de peso, sudorese noturna, distúrbios pulmonares e linfonodos aumentados estão entre as manifestações iniciais, mas inespecíficas da sarcoidose, porque aparecem em diferentes quadros clínicos.

Como já foi dito, os pulmões costumam ser o órgão mais afetado pela sarcoidose. Tosse seca e persistente, falta de ar, dor no peito são sintomas possíveis, embora nem sempre estejam presentes, mesmo quando a radiografia de tórax e a biópsia revelam a infiltração de granulomas que pode levar ao estreitamento das vias aéreas, à fibrose do tecido pulmonar e a distúrbios cardiovasculares.

O aspecto das lesões cutâneas também varia bastante. Elas podem apresentar-se sob a forma de nódulos inflamatórios vermelhos e dolorosos nas pernas e tornozelos (eritema nodoso) ou de placas salientes e avermelhadas, em geral, na face. Lúpus pérnio – placas translúcidas de coloração violácea ou nódulos quase sempre simétricos que se localizam em áreas frias como o nariz, a face e as orelhas – é uma das formas mais comuns da sarcoidose cutânea, frequentemente associada ao comprometimento do trato respiratório superior e à forma crônica da doença nos pulmões.

Quando os olhos são afetados,  geralmente os sintomas estão correlacionados com a uveíte anterior aguda, uma inflamação marcada por visão turva, olhos lacrimejantes e fotofobia, que pode levar à cegueira. Com o tempo, pode ocorrer o entupimento do canal lacrimal e os olhos se tornam ressecados, o que pode ser resolvido com a aplicação de colírios lubrificantes, conhecidos como lágrimas artificiais.

Qualquer estrutura do coração pode ser comprometida pela formação de granulomas e provocar pericardite, angina, arritmias, palpitações e tonturas.

A sarcoidose pode provocar o acúmulo de cálcio no sangue e na urina.  O aumento ocorre, porque esse tipo de granuloma interfere na produção de vitamina D ativada, que acelera a absorção e cálcio pelo intestino. São sinais desse distúrbio: sede, aumento no volume da urina, formação de cálculos renais, insuficiência renal.

 

Diagnóstico

 

O diagnóstico baseia-se no levantamento da história clínica do paciente, no exame físico minucioso e no resultado de exames laboratoriais e de imagem que incluem hemograma, radiografia de tórax, tomografia computadorizada, ressonância magnética, cintilografia, exames oftalmológicos e para avaliar a função pulmonar, hepática e renal. Em alguns casos, biopsias realizadas em fragmentos de tecidos revelam a presença de granulomas em determinado órgão, dado fundamental para estabelecer o diagnóstico.

Não é incomum os pacientes assintomáticos descobrirem que são portadores de sarcoidose por acaso, quando uma radiografia de tórax de rotina revela as alterações características da enfermidade nos pulmões e linfonodos.

 

Tratamento

 

A sarcoidose continua sendo uma doença incurável. No entanto, a constatação de que pode regredir espontaneamente provocou mudanças na conduta terapêutica. Nos casos assintomáticos ou quando os sintomas são leves e a espirometria mostra que a função pulmonar está preservada, a indicação é manter o paciente sob observação durante alguns meses para avaliar se a doença continua inativa e dá sinais de reversão espontânea.

Quando as lesões são extensas e graves a ponto de comprometer a função dos órgãos afetados, especialmente os rins, o coração, os olhos e o sistema nervoso central, ou ainda quando há alterações importantes no metabolismo da vitamina D e na quantidade de cálcio no sangue, o tratamento com  corticosteroides (prednisona) tem-se mostrado eficaz para aliviar os sintomas, reduzir a inflamação e evitar complicações que tragam danos irreversíveis aos órgãos afetados. O inconveniente é que essa classe de medicamentos pode produzir efeitos adversos como aumento do apetite, ganho de peso, insônia e acne. Além disso, seu uso contínuo pode favorecer o desenvolvimento de pressão alta, diabetes mellitus, osteoporose, catarata e glaucoma, depressão e irritabilidade emocional.

Existem vários medicamentos já testados em outras doenças (artrite reumatoide e malária são exemplos), que podem substituir os corticosteroides no tratamento da sarcoidose. Entre eles, destacam-se as drogas imunossupressoras e as que regulam os níveis de cálcio no sangue. Em último caso, quando todas as tentativas de controle da enfermidade se esgotaram, resta a possibilidade de transplante órgãos como os pulmões e os rins.

 

Recomendações

 

Não conhecer a causa exata da sarcoidose é um entrave para propor medidas preventivas eficazes para a doença. No entanto, saber quais são os órgãos mais vulneráveis, como evolui o quadro e a resposta a alguns medicamentos, ajuda a orientar cuidados terapêuticos visando à preservação da qualidade de vida. Veja algumas dicas:

  • Opte por uma dieta equilibrada, rica em frutas e vegetais frescos e pobre em alimentos com muita gordura, açúcar e cálcio;
  • Garanta uma hidratação adequada, ingerindo em média de 8 a 10 copos de água por dia;
  • Pratique atividade física, pelo menos cinco vezes na semana durante meia hora por dia;
  • Evite a exposição à poeira e a produtos químicos ou tóxicos que possam agredir as vias aéreas superiores e os pulmões;
  • Tome sol com moderação,
  • Saiba que medidas simples como tomar um copo de leite morno antes de deitar, podem ajudar a pessoa a dormir melhor.

 

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