Pielonefrite

Pielonefrite é uma doença inflamatória infecciosa causada por bactérias que atingem partes dos rins responsáveis pela produção de urina. Conheça os sintomas e o tratamento.

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Publicado em: 26 de junho de 2017

Revisado em: 24 de agosto de 2023

Pielonefrite é uma doença inflamatória infecciosa causada por bactérias que atingem partes dos rins responsáveis pela produção de urina. Conheça os sintomas e o tratamento.

 

O sistema urinário é composto por dois rins que filtram o sangue para separar as impurezas que são eliminadas pelas vias urinárias: um ureter de cada lado, a bexiga urinária e a uretra. Cabe a elas transportar as toxinas para fora do corpo.

De algum modo, todos os órgãos do sistema urinário estão correlacionados com a produção, armazenamento e eliminação da urina, líquido estéril, a fim de preservar as concentrações ideais de substâncias químicas e água e, em níveis adequados, a pressão arterial e a temperatura corporal para manter o equilíbrio do organismo.

Pielonefrite é uma doença inflamatória infecciosa, potencialmente grave, causada por bactérias. Ela acomete o parênquima renal, onde se localizam as estruturas funcionais produtoras de urina, e o bacinete (ou pelve renal), porção dilatada do rim, com o formato aproximado de um funil, cuja função é facilitar o fluxo da urina pelos ureteres, a fim de que seja armazenada na bexiga e depois eliminada pela uretra.

A pielonefreite pode ser uma enfermidade aguda ou crônica. Na forma aguda, a infecção bacteriana surge de uma hora para outra e compromete o funcionamento dos rins. Embora na maior parte das vezes seja um episódio reversível, se não tratada, pode evoluir para uma doença renal crônica, complicação potencialmente grave.

Na forma crônica, os rins vão perdendo a capacidade de funcionamento aos poucos, por causa de uma doença subjacente (hipertensão arterial e diabetes tipo 2, por exemplo) ou de infecções agudas repetidas ou mal curadas, que podem levar à falência dos rins.

 

Causas da pielonefrite

A E.coli (Escherichia coli), bactéria gram-negativa que habita normalmente os intestinos, é responsável por aproximadamente 90% dos casos de pielonefrite. Ela penetra no organismo pela uretra, alcança a bexiga, sobe pelos ureteres e se instala em um ou nos dois rins, comprometendo seu funcionamento. Proteus, Klebsiella, Enterobacter e Pseudomonas são outros agentes infecciosos que podem estar associados aos episódios da doença.

Embora menos comum, a causa da pielonefrite pode ser uma infecção por bactérias gram-positivas, entre elas o Staphylococcus aureus. Proveniente de focos infecciosos em outros órgãos, essa micróbio pode disseminar-se na corrente sanguínea e infectar os rins. É a chamada via hematogênica de transmissão da enfermidade, que pode espalhar a bactéria por todo o organismo provocando sepse, um processo infeccioso bastante grave, conhecido no passado como “infecção generalizada”.

 

Fatores de risco

O trato urinário é dotado de mecanismos de defesa que impedem a proliferação de germes patogênicos. Além disso, o acesso de micro-organismos às vias urinárias superiores é dificultado pelo fluxo contínuo da urina, que os arrasta para fora do corpo, e pela presença de esfíncteres, espécie de válvulas que se fecham depois que a urina passa rumo ao exterior.

No entanto, mesmo assim, existem algumas condições que aumentam o risco de desenvolver pielonefrite. São elas:

  • Anatomia feminina: mais do que os homens, as mulheres estão sujeitas a desenvolver infecções do trato urinário que podem afetar os rins. Isso acontece por causa do tamanho da uretra feminina (3 cm), que é muito mais curta do que a masculina (mede por volta de 12 cm) e está localizada entre a vagina e o ânus, posição que favorece a entrada de micróbios especialmente durante o ato sexual;
  • Obstrução no trato urinário: pedra nos rins, gravidez, malformações anatômicas, uso prolongado de cateteres urinários e aumento benigno da próstata são condições que, além de retardar o fluxo da urina e o esvaziamento completo da bexiga, favorecem a proliferação de bactérias que podem alojar-se nos rins;
  • Sistema imunológico debilitado: portadores de HIV, hepatite, diabetes, ou que fazem uso de medicamentos imunossupressores podem ter diminuída a capacidade de reagir contra a infecção;
  • Refluxo vesicuretral: retorno de pequenas quantidades de urina da bexiga urinária para os ureteres e para os rins durante a micção por mau funcionamento das válvulas existentes no trato urinário. Embora esse refluxo seja mais frequente na infância, pode ocorrer na vida adulta também;
  • Diabetes, bexiga neurogênica, rins policísticos e cistites de repetição: essas doenças também atuam como importantes fatores de risco para as infecções do trato urinário.

Veja também: Cuide dos seus rins

 

Sinais e sintomas da pielonefrite

Os sintomas da pielonefrite são semelhantes nas formas aguda e crônica da doença. Vale, porém, registrar algumas diferenças. Na doença aguda, eles não tardam a aparecer. Na crônica, fases assintomáticas se alternam com outras em que as manifestações clínicas surgem somente nos períodos em que a infecção está ativa. Por causa dessa característica da doença, a infecção bacteriana crônica pode provocar lesões irreversíveis nos rins, que evoluem para insuficiência renal grave.

Nos dois casos, porém, os sintomas mais característicos são febre, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos, mal-estar; dor lombar, pélvica, no abdômen e nas costas; urgência e dor (disúria) para urinar, sinal de pus (piúria) e de sangue (hematúria) na urina, que fica turva e com odor desagradável.

 

Diagnóstico

O diagnóstico da pielonefrite considera o conjunto dos sintomas, especialmente a ocorrência de febre alta, calafrios e dor lombar, assim como o exame clínico do doente. Exames de laboratório, como hemograma completo, urina tipo I e urocultura com antibiograma são úteis para confirmar a presença da infecção, identificar o agente infeccioso e orientar a conduta terapêutica.

Os exames de imagem – tomografia computadorizada, ultrassom e ressonância magnética – ficam reservados para identificar anormalidades estruturais ou anatômicas no sistema urinário que representam risco aumentado de doença renal grave.

É sempre importante estabelecer o diagnóstico diferencial com doenças que podem apresentar sintomas semelhantes aos da pielonefrite. Entre elas, merecem destaque a doença inflamatória pélvica, a colecistite (inflamação da vesícula biliar), a apendicite (inflamação do apêndice vermiforme) e a pancreatite aguda (inflamação do pâncreas).

Veja também: Câncer de rim: o que você precisa saber | Coluna #135

 

Tratamento

Pielonefrite tem cura. O tratamento com antibióticos de largo espectro deve começar tão logo seja levantada a hipótese de infecção nos rins. O objetivo é impedir que o agente infeccioso provoque lesões permanentes nesses órgãos ou que espalhe a infecção por todo o corpo, levando à falência de múltiplos órgãos.

Aguardar o resultado do exame de urocultura para identificar o tipo da bactéria e do antibiograma para saber qual o medicamento mais eficaz para combatê-la pode ser arriscado, uma vez que ambos demandam tempo maior para serem concluídos. Apesar da demora, no entanto, eles são exames fundamentais para o tratamento das infecções de repetição ou das resistentes ao tratamento proposto inicialmente.

Para alívio da dor ao urinar (disúria), o ideal é usar analgésicos. Anti-inflamatórios só devem ser utilizados sob orientação médica, porque podem agravar o quadro renal.

Em geral, o tratamento padrão da pielonefrite consiste no uso de antibióticos por via oral por de sete dias, no mínimo. De acordo com as características e a gravidade da infecção, pode ser necessário introduzir a medicação por via endovenosa por até 21 dias. Embora os sintomas costumem desaparecer em pouco tempo, é fundamental obedecer ao esquema prescrito até o fim para evitar a recorrência das infecções ou, então, que as bactérias se tornem resistentes aos antibióticos indicados.

Infecções renais graves, principalmente na infância e nos idosos, podem exigir internação hospitalar para ministrar a medicação por via intravenosa. Portadores de pielonefrite crônica, que leva à perda progressiva e irreversível dos rins, passam a depender de diálise até que seja possível realizar um transplante renal.

Procedimentos cirúrgicos são indicados quando obstruções ou anormalidades estruturais do sistema urinário facilitam a instalação dos processos infecciosos.

 

Recomendações

  • Beba bastante líquido, água de preferência. Além de manter o corpo bem hidratado, líquidos ajudam a eliminar os agentes infecciosos quando a pessoa urina;
  • Atenda prontamente a vontade de esvaziar a bexiga. Urina armazenada na bexiga pode transformar-se num foco de infecção;
  • Urine logo após a relação sexual, como forma de eliminar as bactérias que por acaso tenham penetrado pela uretra;
  • Proceda a higiene local com água. Se for usar papel higiênico depois de urinar ou evacuar, passe-o da frente para trás a fim de evitar que as bactérias do intestino se espalhem pela uretra e bexiga;
  • Redobre a atenção se você está grávida. Alterações naturais em seu organismo – mudanças nas características da urina, crescimento acelerado do útero e consequente compressão da bexiga – aumentam a predisposição para as infecções do trata urinário;
  • Não se automedique nem suspenda o uso da medicação sem antes ouvir o que seu médico tem a dizer.

Veja também: Diferença entre hemodiálise e diálise peritoneal

 

Perguntas frequentes sobre pielonefrite

Quais os sintomas da pielonefrite?

Os sintomas mais característicos são febre, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos, mal-estar; dor lombar, pélvica, no abdômen e nas costas; urgência e dor para urinar, sinal de pus e de sangue na urina, que fica turva e com odor desagradável.

 

O que é pielonefrite?

É uma doença inflamatória infecciosa, que pode ser grave, causada por bactérias. Ela acomete o parênquima renal, onde se localizam as estruturas funcionais produtoras de urina, e o bacinete (ou pelve renal), porção dilatada do rim cuja função é facilitar o fluxo da urina pelos ureteres, a fim de que seja armazenada na bexiga e depois eliminada pela uretra.

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