As causas são as mais variadas. Saber como tratar é importante para evitar cicatrizes permanentes e inflamações mais graves. Entenda.
Você tem um evento importante marcado, e quando acorda, lá está ela: a pontinha amarelada, avermelhada e inchada, desviando toda a atenção. Todo mundo já passou por uma situação parecida. As espinhas e os cravos, manifestações da acne, são resultados de um processo inflamatório das glândulas sebáceas e dos folículos pilossebáceos, e as causas para o seu surgimento vão desde o desequilíbrio hormonal até o uso de determinados cosméticos.
Os “tipos” de acne, na verdade, são divididos por grau de gravidade. Em geral, falamos em cinco:
Grau 1: Acne comedogênica (não inflamatória)
Presença de comedões – nome técnico do que chamamos de “cravinhos” – e de algumas pápulas (bolinhas avermelhadas e endurecidas)
Grau 2: Acne papulopustulosa (inflamatória)
Nessa, além dos comedões e das bolinhas avermelhadas, há a presença de lesões com pus. Além disso, a seborreia também a acompanha.
Grau 3: Acne nodulocística (inflamatória)
O diferencial da acne de grau anterior é a presença de nódulos e cistos, lesões inflamadas que se expandem por camadas mais profundas da pele. Por conta da profundidade dessas lesões, elas podem provocar a destruição de tecidos e causar cicatrizes, além de serem mais dolorosas.
Grau 4: Acne conglobata
É a forma grave de acne, com nódulos purulentos, numerosos e grandes, que formam abscessos e fístulas que drenam pus.
Grau 5: Acne fulminante
Evolução rara da acne de grau 4, quando subitamente a pessoa passa a apresentar também febre, dores articulares, eritema inflamatório, necrose e hemorragia em algumas lesões. As lesões, por sua vez, são compostas por nódulos, cistos, e erupções cutâneas espalhadas por diversas partes do corpo. Seu diagnóstico e tratamento é importante para evitar complicações graves.
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Causas
A acne pode ser desencadeada por uma grande variedade de fatores. O desequilíbrio hormonal é o mais comum, e é por isso também que a condição é tão frequente durante a adolescência, como explica a dra Giovanna Mori Almeida, médica dermatologista do Hospital Albert Sabin de SP (HAS).
“Os hormônios sexuais começam a ser produzidos na puberdade. São eles os principais responsáveis pelas alterações das características da pele, e por consequência, do surgimento da acne. Esses hormônios, chamados andrógenos e estrógenos, são produzidos tanto pelos ovários e testículos, quanto pelas glândulas suprarrenais (duas pequenas glândulas situadas sobre os rins).”
A distribuição das lesões, que podem ser discretas ou mais inflamadas, varia bastante, mas costuma se concentrar no rosto, tórax e dorso. Conforme a puberdade vai chegando ao fim, é natural que esse desequilíbrio seja corrigido e que a acne cesse.
As alterações hormonais, porém, também podem ocorrer em outros cenários, como situações de estresse e no período menstrual – neste último, quando há um estímulo maior da produção de andrógenos. É por esse mesmo motivo que quem tem ovários policísticos ou outras alterações endócrinas também pode apresentar quadros de acne fora da puberdade.
Há ainda a questão da predisposição genética. “Sabe-se que o gene TNF – alfa predispõe para um maior ou menor risco para o desenvolvimento da acne”, destaca a profissional. Essa predisposição irá influenciar mudanças relacionadas ao conteúdo de gordura (secreção sebácea) da pele e do couro cabeludo.
Acne na fase adulta
A acne adulta é mais comum em mulheres, homens trans e pessoas não-binárias com aparelho reprodutor feminino, por causa de uma resposta excessiva da glândula sebácea ao estímulo androgênico. Em geral, as lesões são menores e menos dolorosas, e costumam aparecer em surtos.
Veja também: Acne adulta: o que é e como tratar
Acne medicamentosa
Quando o fator desencadeador da acne é o uso de medicamentos, podemos chamá-la também de erupção acneiforme. Nesse quadro, o aparecimento das lesões acontece de forma abrupta. Geralmente está associada ao uso de medicamentos como:
- Corticosteróides
- Fenitoína
- Lítio
- Iodetos e brometos
- Vitaminas do complexo B
- Anabolizantes esteroidais (danazol, testosterona e stroll)
O desaparecimento das lesões costuma ocorrer com a simples suspensão da medicação em questão, mas é sempre importante a avaliação de um dermatologista.
Cicatrizes e autoestima
A acne, por si só, pode abalar a autoestima e colaborar para o desenvolvimento ou piora de quadros de ansiedade e depressão, principalmente quando as lesões são mais graves e acabam por deixar cicatrizes permanentes. Mas será que é possível evitá-las?
Quanto mais profunda a inflamação, maiores as chances de cicatrizes permanentes. Mas esse não é o único fator. A idade, a presença de espinhas grandes ou nodulares, a falta de cuidado adequado e fatores genéticos também entram na soma. De acordo com a dra. Giovana Moris, o tratamento precoce e acompanhado por um dermatologista é a melhor maneira de minimizar os riscos.
É por esse mesmo motivo que espremer as espinhas não é recomendado. Além de aumentar o risco de cicatriz, as mãos podem ser uma fonte de contaminação, aumentando a chance de infecção na área afetada.
“O ideal é procurar um médico assim que os primeiros sinais e sintomas aparecerem, visando controlar o quadro para diminuir as chances de cicatrizes. Em casos que o psicológico é afetado, a ajuda de um terapeuta também é recomendada para trabalhar nesse outro lado”, recomenda.
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Como prevenir a acne?
Alguns hábitos diários simples e mudanças na rotina podem ajudar a evitar os cravos e espinhas, como:
- Lavar o rosto na água fria, de manhã e a noite, com o sabonete adequado para o seu tipo de pele;
- Fazer controle da oleosidade da pele com algum ácido (recomendado por especialista), caso sua pele seja oleosa ou mista;
- Não abusar de carboidratos, gorduras e doces;
- Beber a quantidade diária de água recomendada para o seu organismo;
- Praticar atividade física.
A alimentação também influencia. Determinados alimentos podem estimular a produção de gordura das glândulas sebáceas e, por isso, é interessante consumir com moderação.
Alguns deles são:
- Carne vermelha e leite (gordura saturada);
- Margarinas, biscoitos, sorvetes (gorduras trans);
- Doces, bebidas açucaradas e guloseimas feitas com farinha branca (alto índice glicêmico);
A dermatologista dá dicas do que inserir na alimentação. “A preferência deve ser sempre por alimentos ricos em fibras, como grãos integrais e leguminosas, tenha certeza que sua pele agradecerá. Incluir o ômega 3 – encontrado alimentos como peixes e nozes – é de grande ajuda também, pois ele é rico em ácidos graxos ômega 3, que ajudam a combater a inflamação em todos os sistemas do corpo, incluindo a pele.”
Como funciona o tratamento?
O tipo de tratamento está relacionado ao tipo de acne. Normalmente, o processo envolve produtos tópicos (como cremes, ácidos, etc), higienização adequada com sabonete recomendado para o seu tipo de pele, uso de protetor solar e, nos quadros mais graves, o uso de antibióticos. Seja qual for o caso, o mais importante é procurar um médico dermatologista para que o tratamento e o acompanhamento sejam feitos da forma correta.
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